Para manifestar a força da graça do ressuscitado. Todavia, mesmo as orações mais intensas não conseguem obter a cura de todas as doenças. Por isso, São Paulo deve aprender do Senhor que “basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que minha força manifesta todo o seu poder” (2Cor 12,9), e que os sofrimentos que temos de suportar podem ter como sentido “completar na minha carne o que falta às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
Reflexão: São Paulo, na sua Carta aos Coríntios, refere-se a um carisma especial de cura que o Espírito Santo doa a alguns crentes a fim de que se manifeste a força da graça que provém do Ressuscitado (cf. 1Cor 12, 9.28.30). A ação do Espírito Santo é enormemente fecunda e teve nos primeiros cristãos de Corinto manifestações muito variadas, muitas delas extraordinárias.
Até aqui tudo parece claro. Pedir a saúde do corpo e da alma é prática conhecida desde sempre na Igreja.
Para um católico, pedir a cura é legítimo. De fato, a Igreja em diversos momentos e com diferentes ritos, recita orações litúrgicas por essa intenção. São muito conhecidos os santos que realizavam milagres e os vários lugares de oração onde se dão inúmeros testemunhos de curas milagrosas. Pedir a graça da cura não é portanto estranho à prática católica. A recuperação da saúde é importante se beneficiar a salvação espiritual (cf. Mt 9, 5-8). A cura é uma graça, mas a doença não é necessariamente a ausência dela: a união do doente à paixão de Cristo é fundamental para o seu bem e para o bem da Igreja (cf. Cl 1, 24).
"A Igreja [sempre] se interessou pelos enfermos e sofredores. São Paulo vê seus padecimentos como participação da Paixão de Cristo, quando diz: 'Completo em minha carne o que falta à Paixão em favor de seu Corpo, que é a Igreja' (cf. Cl 1,24). ['É certo que "Jesus Cristo cumpriu com toda a perfeição a obra que o Pai lhe confiou (cf. Jo 17,4). Todos os homens foram salvos pela morte redentora de Cristo. Contudo, São Paulo afirma que completa na sua carne o que resta para padecer Cristo. Será que a paixão de Cristo não foi suficiente por sí só para nos salvar? Nada faltou, sem dúvida, do seu valor intrínseco e foi plenamente suficiente para salvar todos os homens. No entanto, para que os méritos da paixão se apliquem a nós, devemos, cooperar pela nossa parte, redenção subjetiva, suportando com paciência os trabalhos que Deus nos mande, para nos assemelharmos à nossa cabeça que é Cristo. E São Paulo aplica a si próprio esta verdade'].
O Apóstolo valoriza seus sofrimentos à luz dos de Cristo, quando nos ensina que: 'Assim como os sofrimentos de Cristo são copiosos para nós, assim também por Cristo é copiosa a nossa consolação' (2Cor 1,5)." (cf. Escola Mater Ecclesiae, Curso por correspondência sobre os sacramentos, pág. 171 e 172, Dom Estévão Bettencourt; cf. Bíblia de Navarra, Colossenses, pág. 1309 e 1310).
"Nós devemos nos gloriar no conhecimento da nossa fraqueza para adquirirmos a virtude de Jesus Cristo. É preciso invocarmos o Senhor sem descanso, com uma fé vigorosa e humilde e dizer a Ele: Senhor, não confies em mim! Eu sim, confio em Ti, e ao pressentir na nossa alma o amor, a compaixão e a ternura com que Jesus Cristo nos olha, Ele não nos abandona. Assim, compreenderemos com fé no Senhor, apesar das nossas misérias, ou melhor, com as nossas misérias, seremos fiéis ao nosso Pai e o poder divino brilhará, sustentando-nos no meio da nossa fraqueza." (cf. Bíblia de Navarra, Segunda Coríntios, pág. 1068 e 1069).