É em torno desta harmonia dos dois Testamentos [Cf. DV 14-16] que se articula a catequese pascal do Senhor [Cf. Lc 24,13-49], e posteriormente a dos Apóstolos e dos Padres da Igreja. Esta catequese desvenda o que permanecia escondido sob a letra do Antigo Testamento: o mistério de Cristo. Ela é denominada “tipológica” porque revela a novidade de Cristo a partir das “figuras” (tipos) que a anunciavam nos fatos, nas palavras e nos símbolos da primeira aliança. Por esta releitura no Espírito de verdade a partir de Cristo, as figuras são desveladas [Cf. 2 Cor 3,14-16]. Assim, o dilúvio e a arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Batismo [Cf. 1 Pd 3,21], o mesmo acontecendo com a nuvem e a travessia do Mar Vermelho, e a água do rochedo era a figura dos dons espirituais de Cristo [Cf. 1 Cor 10, 1-6]; o maná do deserto prefigurava a Eucaristia, “o verdadeiro Pão do Céu” (Jo 6,32).
O texto de Lucas 24,13-49 citado no Catecismo, fala da aparição de Cristo ressuscitado aos discípulos de Emaús;da aparição de Jesus aos Apóstolos e de sua despedida e seus últimos ensinamentos.
Jesus, caminhando com os discípulos de Emaús, em resposta ao desalento dos discípulos, vai pacientemente descobrindo-lhes o sentido de toda a Sagrada Escritura acerca do Messias: “Não era preciso que o Cristo padecesse estas coisas e assim entrasse na Sua glória?”.
Já antes Jesus tinha dito aos judeus: “Investigai as Escrituras, já que vós pensais ter nelas a vida eterna: elas são as que dão testemunho de Mim” (Jo 5,39).
Cristo que declara ter-se cumprido tudo o que estava predito acerca d'Ele. Sublinha-se assim a unidade dos dois Testamentos e que Jesus é verdadeiramente o Messias.
“São Paulo, recordando o véu que encobria o rosto, declara que esse fato era símbolo: o véu servia a Moisés para ocultar não só o resplendor do seu rosto, mas também o progressivo desvanecimento desse resplendor, que era transitório, como a Aliança que representava. Por contraste, os ministros na Nova Aliança anunciavam-na com o rosto descoberto, sem necessidade de ocultar nada, com absoluta clareza e segurança porque a luz do Evangelho que eles irradiam é permanente e para sempre. O Antigo Testamento, só pode ser entendido com a luz que traz Jesus Cristo, plenitude da revelação” (cf. 2 Cor 3,14-17).
As águas do dilúvio são figuras das do Batismo: como Noé e a sua família se salvaram na Arca através das águas, agora os homens salvam-se através do Batismo, pelo que são incorporados à Igreja de Cristo (cf. 1 Pd 3,21).
Na nuvem e no mar São Paulo contempla os dois elementos fundamentais do Batismo cristão: o Espírito Santo e a água. Seguindo Moisés sob a nuvem e pelo mar, os israelitas tinham-se vinculado de alguma maneira a ele, antecipando a plena incorporação do cristão a Jesus Cristo mediante o Batismo. São Paulo chama ao maná e à agua que brotou da rocha, alimento e bebida “espirituais”, por serem figuras da Eucaristia (cf. 1 Cor 10,1-6).
A Páscoa dos judeus, onde celebravam a saída gloriosa do Egito, foi apenas uma prefiguração da Páscoa de Cristo; a verdadeira passagem da morte para a vida.
Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança
Catecismo
III. O Espírito Santo e a Igreja na liturgia (CIC § 1094)
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