III. O Espírito Santo e a Igreja na liturgia (CIC § 1101)

É o Espírito Santo que dá aos leitores e aos ouvintes, segundo as disposições de seus corações, a compreensão espiritual da Palavra de Deus. Por meio das palavras, das ações e dos símbolos que formam a trama de uma celebração, o Espírito põe os fiéis e os ministros em relação viva com Cristo, palavra e imagem do Pai, a fim de que possam fazer passar à sua vida o sentido daquilo que ouvem, contemplam e fazem na celebração.

A Sagrada Escritura é uma realidade espiritual que só pode ser entendia espiritualmente.

O modo de ler "científico" não leva à realidade espiritual do texto, porque a busca científica não é ingênua. A leitura científica dos textos sagrados pode ser muito útil para a compreensão do texto, mas o modo espiritual capta sempre e cada vez a "palavra de Deus" no seu todo. Por isso, quem entra bem no movimento próprio da leitura "espiritual", acerta com a verdade profunda, passando então a entender Deus e Seu mistério, que é uma realidade maior do que nós.

A Bíblia não é um livro de ciência mas, sim, de fé.

A Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao "pé da letra", literalmente, embora muitas vezes o deva ser: "Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica" (2 Cor 3,6), disse São Paulo.

Portanto, para ler a Bíblia de maneira adequada, exige-se antes de tudo o pré-requisito da fé e da inspiração do Espírito Santo na mente, sem o que a interpretação da Escritura pode ser comprometida. Para aquele que possui a fé sem a qual "É impossível agradar a Deus" (Hb 11,6), a Palavra de Deus é alimento sólido para a vida espiritual, indispensável para aquele que deseja, pela fé, fazer a vontade e Deus e ter luz na própria vida.

Penso que São Paulo resume todo o poder da Palavra de Deus quando escreve a Timóteo: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para persuadir (convencer), para corrigir e formar na justiça" (2 Tm 3,16).

Essa palavra nos questiona, interroga, ilumina, guia consola, enfim santifica. São Paulo diz que renascemos pela força dessa Palavra.

Nem sempre a Palavra de Deus é fácil de ser interpretada. É por isso que Jesus confiou a interpretação dela à Igreja Católica, que a faz através do Sagrado Magistério dirigido pelo Papa, e da Sagrada Tradição que constitui o acervo sagrado de todo o passado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou no passado e continua fazendo no presente

A alma da Igreja é o Espírito Santo dado em Pentecostes; por isso a Igreja não erra na interpretação da Bíblia - e isso é dogma de fé. Jesus mesmo lhe garantiu isto: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinarvos-á toda a verdade" (Jo 16,13).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança