III. O espírito santo e a Igreja na liturgia (CIC § 1103)

A anamnese. A celebração litúrgica refere-se sempre às intervenções salvíficas de Deus na história. “A economia da revelação concretiza-se por meio das ações e das palavras intimamente interligadas. (...) As palavras proclamam as obras e elucidam o mistério nelas contido [DV 2] .” Na liturgia da palavra, o Espírito Santo “recorda” à assembléia tudo o que Cristo fez por nós.

Segundo a natureza das ações litúrgicas e as tradições rituais das Igrejas, uma celebração “faz memória” das maravilhas de Deus em uma anamnese mais ou menos desenvolvida. O Espírito Santo, que desperta assim a memória da Igreja, suscita então a ação de graças e o louvor (doxologia).

A anamnese, pela qual cumprimos a ordem recebida do Cristo Senhor através dos Apóstolos, a Igreja faz a memória do próprio Cristo, relembrando principalmente a sua bem-aventurada paixão, a gloriosa ressurreição e ascensão aos céus.

Pela oblação a Igreja, em particular a assembléia atualmente reunida, realizando esta memória, oferece ao Pai, no Espírito Santo, a Hóstia Imaculada; ela deseja porém, que os fiéis não apenas ofereçam a Hóstia Imaculada, mas aprendam a oferecer-se a si próprios, e se aperfeiçoem, cada vez mais, pela mediação do Cristo, na união com Deus e com o próximo, para que finalmente Deus seja tudo em todos.

A celebração, para além de anamnese e epiclese é também doxologia, isto é, louvor, culto, adoração, reconhecimento e ação de graças. O Espírito Santo, que desperta a memória da Igreja (anamnesis), suscita então a ação de graças e o louvor a Deus. A Igreja manifesta assim, na celebração, a sua fé e dirige ao Senhor o louvor, a adoração e as ações de graças que Lhe são devidas. Embora este elemento doxológico predomine em algumas celebrações e em especial algumas orações, ele está presente em todas as celebrações litúrgicas. Toda a celebração é uma ação pela qual se glorifica o Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo.

Podemos, desta forma, identificar na celebração as suas duas dimensões próprias: descendente (Deus que vem ao encontro do homem e derrama as suas graças) e ascendente (resposta do homem como adoração, louvor e ação de graças).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança