Artigo 2 - O sacramento da confirmação (CIC § 1286)

I. A Confirmação na economia da salvação

No Antigo Testamento os profetas anunciaram que o Espírito do Senhor repousaria sobre o Messias esperado [Cf. Is 11,2] em vista de sua missão salvífica [Cf. Lc 4, 16-22; Is 61,1] . A descida do Espírito Santo sobre Jesus por ocasião de seu Batismo por João Batista foi o sinal de que era Ele quem devia vir, que Ele era o Messias; o Filho de Deus [Cf. Mt 3,13-17; Jo 1,33-34] . Concebido do Espírito Santo, toda a sua vida e toda a sua missão se realizam em uma comunhão total com o mesmo Espírito, que o Pai lhe dá “sem medida” (Jo 3,34).

São muitos os textos do Antigo Testamento em que se anuncia a especialíssima manifestação do Espírito no futuro Messias. "Desde o Antigo Testamento, o Espírito de Deus, embora não revelado como Pessoa da Ssma. Trindade, aparece como dom transformador, que permite aos homens cumprir a missão para a qual são escolhidos; assim os profetas falavam e atuavam guiados pelo mesmo Espírito (Cf. 1Sm 19, 20.24; Ez 8,3; 11,1; 37,9...).

Ora o Messias devia ser e foi o portador, por excelência, do Espírito, que Ele transmitiria aos fiéis da nova aliança: 'Um ramo sairá do tronco de Jessé; um rebento brotará das suas raízes. Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor: Espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, Espírito de conhecimento e de temor do Senhor...'(Cf. Is 11,1-5)."

Com a descida do Espírito Santo sobre Jesus no seu Batismo, cumpre-se as professias de Is 11,2-5; 42,1-2, segundo as quais o Messias estaria cheio da força do Espírito Santo.

Logo no seu primeiro discurso, Jesus aplica a si mesmo as palavras de Isaías: "o Espírito do Senhor está sobre mim." (Lc 4,18).

"Muito importante a esse respeito é o texto de (Jo 7,37-39): "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba aquele que crê em mim, conforme a palavra da Escritura, do seu seio jorrarão rios de água viva" .

Jesus falava do Espírito que deviam receber aqueles que tinham acreditado nele, pois ainda não havia Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.

É sobe este pano de fundo que se situa o sacramento da crisma: é o sacramento da plenitude do Espírito, que confirma o cristão batizado e o habilita a dar claro testemunho do Evangelho para a edificação da Igreja e do Reino de Deus no mundo." (Escola Matter Ecclesiae, Curso sobre os sacramentos por correspondência, Dom Estévão Bettencourt, pág. 77 e 78).

Citando um pequeno parágrafo do Evangelho de João, o Catecismo aqui nos mostra que: "Deus deu a Cristo o Espírito Santo "sem medida" (Jo 3,34), proclama João Batista. Os profetas recebiam o Espírito 'com medida', e por isso, 'parcialmente' profetizavam. Cristo, porém, tem o Espírito Santo "sem medida" quer como Deus, visto que o Pai, mediante a eterna geração, faz que ele inspire o Espírito até ao infinito; quer como homem, uma vez que, mediante a plenitude da graça, Deus o cumulou do Espírito Santo, para que o derrame a todo aquele que crê. Com efeito, aquele que Deus enviou profere as palavras de Deus, que dá (a ele) o Espírito Santo 'sem medida'.

Verdadeiramente prezado ouvinte, podemos exclamar com íntima comoção, juntamente com o evangelista João: "da sua plenitude é que todos nós recebemos" (Jo 1,16); na verdade, tornamo-nos participantes da vida de Deus no Espírito Santo." (João Paulo II – L’Osservatore Romano de 16/08/87).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança