A celebração da confirmação (CIC § 1297 A 12931)

Um momento importante que antecede a celebração da Confirmação, mas que, de certo modo, faz parte dela, é a consagração do santo crisma. É o Bispo que, na Quinta-feira Santa, durante a missa do crisma, consagra o santo crisma para toda a sua diocese. Nas Igrejas do Oriente, esta consagração é até reservada ao patriarca:

A liturgia de Antioquia exprime assim a epiclese da consagração do santo crisma (mýron): [Pai... enviai o vosso Espírito Santo] sobre nós e sobre este óleo que está diante de nós e consagrai-o, a fim de que seja para todos os que forem ungidos e marcados por ele: mýron santo, mýron sacerdotal, mýron régio, unção de alegria, a veste da luz, o manto da salvação, o dom espiritual, a santificação das almas e dos corpos, a felicidade imperecível, o selo indelével, o escudo da fé e o capacete terrível contra todas as obras do adversário [Pontificale iuxta ritum Ecclesiae Syrorum Occidentalium id est Antiochiae, Parte 1, versão latina, Tipografia Poliglota Vaticana, 1941, pp. 36-37] .

A Liturgia da Igreja privilegia três óleos, chamando-os de "Santos óleos": óleo dos Enfermos, dos Catecúmenos e do Santo Crisma. O dos Enfermos e dos Catecúmenos são abençoados e o do Crisma é consagrado na missa crismal que o Bispo celebra com todo o seu presbitério na Quinta Feira Santa pela manhã.

Para a consagração do Santo Crisma, todos os presbíteros reúnem-se ao redor do vaso que contém o óleo crismal. O bispo prepara os perfumes que serão colocados dentro do óleo do Crisma e, após misturar o perfume no óleo crismal, sopra sobre o vaso do crisma, como sinal do sopro do Espírito Santo. Durante a oração consacratória, o bispo e todos os presbíteros fazem a imposição das mãos, estendendo a mão direita invocando o Espírito Santo, para que consagre o Crisma.

CIC § 1298

Quando a Confirmação é celebrada em separado do Batismo, como ocorre no rito romano, a liturgia do sacramento começa com a renovação das promessas do Batismo e com a profissão de fé dos confirmandos. Assim aparece com clareza que a Confirmação se situa na seqüência do Batismo [Cf. SC 71] . Quando um adulto é batizado, recebe imediatamente a Confirmação e participa da Eucaristia [Cf CIC cân. 866].

Já vimos que o sacramento da confirmação, juntamente com o Batismo e a Eucaristia, constituem os sacramentos da iniciação cristã.

O próprio rito da confirmação põe em relevo sua profunda relação com o Batismo. Quando a confirmação é ministrada aos fiéis, a batizados, faz parte do rito a renovação das promessas do Batismo.

Jesus ressuscitado, antes de sua ascensão, diz aos discípulos: “Eu vos mandarei o prometido de meu Pai, entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto.” (Lc 24,49).

Essa força do alto consiste numa plenitude espiritual, como vemos na vida dos Apóstolos após pentecostes. Tal plenitude não substitui, senão completa o Batismo. São Pedro ordenou aos primeiros convertidos: "Cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão de vossos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2,38).

A presença do Espírito Santo na alma comporta muitos graus de intimidade. Pelo Batismo, o Divino Espírito Santo já veio à alma do cristão, pela Crisma ele vem novamente com profundidade e interioridade maiores e nos traz certos dons que nos associam de mais perto à vida apostólica da Igreja.

CIC § 1299

No rito romano, o Bispo estende as mãos sobre o conjunto dos confirmandos, gesto que, desde o tempo dos Apóstolos, é o sinal do dom do Espírito. Cabe ao Bispo invocar a efusão do Espírito:

Deus Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que pela água e pelo Espírito Santo fizestes renascer estes vossos servos, libertando-os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência (entendimento), o espírito de conselho e fortaleza, o espírito da ciência e piedade - e enchei-os do espírito de vosso temor. Por Cristo Nosso Senhor [Pontifical Romano, Rito da Confirmação, 25] .

Na enumeração dos sete dons está simbolizada a plenitude. Na verdade, os dons do Espírito Santo são infinitos. São todos os dons de que precisamos para nossa santificação e para o serviço de Deus e de sua Igreja. Por isso, o que na Crisma se recebe é a totalidade dos dons, no único dom: o dom do Espírito Santo.

Assim como no Cenáculo o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos como um vento impetuoso, ele também continua soprando. O sopro de Deus no cristão só pode produzir vida divina em nós. Essa. vida divina tem a manifestação dos sete dons.

Os dons do Espírito, são os dons que nos acompanham e operam em nós as maravilhas de Deus, sempre que não colocamos obstáculos à graça, pois Deus respeita a nossa liberdade. Esses dons nos são dados para nossa santificação e para a edificação de sua glória.

Vamos conhecer agora prezado ouvinte, o significado dos sete dons citados aqui no Catecismo:

Dom da CIÊNCIA. Não é a ciência do mundo, mas a ciência de Deus. Esse dom "Nos leva a compreender e aceitar os planos de Deus revelados na Sagrada Escritura. Por esse dom muitos santos, embora fossem quase analfabetos, tinham a ciência infusa das coisas de Deus. Santa Bernadete, menina ainda, soube com grande ciência e acerto responder as perguntas capciosas que lhe faziam. Santa Catarina de Sena, embora analfabeta, nos deixou riquissímos ensinamentos de doutrina, a ponto de ser declarada pela Igreja, Doutora." (conf. o Livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 69 e70, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

Portanto, este dom nos leva a apreciar todo o universo criado numa dimensão divina. Assim, ele nos ajuda a descobrir através de todas as coisas a face de Deus. Na verdade, tudo o que existe de belo, bom, verdadeiro e digno de amor neste mundo e em todo o universo são reflexos da eterna beleza, bondade e verdade! Nosso mundo visível não deve tornar-se um obstáculo na nossa caminhada para Deus. Ao contrario, a pessoa guiada pelo Espírito Santo encontra Deus em todos os seres da natureza e nos acontecimentos. A luz do Espírito Santo dá-nos a noção clara do motivo pelo qual Deus se revela na criação, o valor das coisas criadas. Descobrimos que não vale a pena buscá-las por si mesmas e sim fazer das coisas criadas degraus que nos elevam até o Criador. Assim, esse dom da ciência, nos levara até um desprendimento, não desvalorização, cada vez maior das coisas criadas, como resposta ao mandamento de Jesus: "Quem quiser vir após mim renuncie a si mesmo tome sua cruz e me siga." (Mt 16,24).

O dom da ciência nos ajuda a ter um discernimento daquilo que nos convém."Tudo o que é verdadeiro tudo o que é puro, tudo o que amável, tudo o que é de boa fama tudo o que é virtuoso e louvável, seja tudo isto objeto de vossos pensamentos." (Fp 4,8). Essa é a ciência que faz os Santos!

Meus amigos, prosseguindo na reflexão sobre o sacramento da confirmação, falaremos agora sobre o dom do CONSELHO.

O dom: "Nos faz sábios diante da vida e nos impulsiona a procurar a Deus e a levar os outros a Deus. D. Bosco, quando ainda era menino, fazia mil proezas para divertir os seus amiguinhos, desde que depois eles rezassem juntos o terço." (conf. o livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 70, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

Freqüentemente, em nossa vida cotidiana, não é fácil discernir a vontade de Deus. Quando estamos diante do bem e do mal, não há problema. A dificuldade surge, perante coisas boas, aí podemos ficar confusos, sem saber o que é melhor. Qual caminho, qual decisão devo tomar para que a vida de Deus se desenvolva plenamente em mim?

Através do dom do conselho, o Espírito Santo nos ilumina e orienta no meio das inúmeras dificuldades e das situações inesperadas que surgem a cada instante.

“Os pensamentos de Deus, não são os nossos pensamentos”, nem seus caminhos se ajustam ao nosso modo de ver. Por isso, precisamos abrir mão de nossas idéias e procurar, numa oração atenta e dócil conhecer a vontade de Deus. O dom do conselho mostra a cada um seu lugar nos eternos desígnios de nosso Criador. Ele que nos fez, sabe o que nos convém.

Para Refletir:

Prezado ouvinte, a Bíblia mostra-nos dois grandes conselhos, que, se seguidos, nos levam seguramente à santidade. O primeiro o encontramos no Monte Tabor. Jesus subiu a montanha com Pedro, Tiago e João. Em dado momento, ouviram uma voz que dizia: "Este é meu Filho muito amado, escutai-O"(Mt 17,5). Se seguirmos esse conselho de nosso Pai Celeste, ouvindo os ensinamentos de Jesus, seu Filho amado, e guardando-os em nosso coração e vivendo-os a cada dia, certamente seremos felizes discípulos do Divino Mestre.

O segundo conselho foi-nos dado pela Virgem Maria, Mãe de Jesus, nas Bodas de Caná. Nessa maravilhosa festa de casamento, estavam presentes Jesus e Maria. Viu Nossa Senhora que o vinho tinha acabado. Falou com seu Filho e, chamando os criados, disse: "Fazei tudo o que Ele (Jesus) vos disser" (Jo 2,5). Que bela orientação nos dá nossa Mãe do bom Conselho! Escutar Jesus, Sua palavra guardada fielmente por sua Igreja. Fazer o que Ele nos manda, como Ela fez, a mais perfeita discípula, eis a vida cristã, pois "Não é quem diz Senhor, Senhor, que entrará no Reino, mas quem faz a vontade do Pai" (Mt 7,21).

Dom do ENTENDIMENTO ou INTELIGÊNCIA. Esse dom "Nos leva a ver as pessoas e o mundo com os olhos de Deus, e não com a nossa miopia humana, que mais exerga os defeitos e os erros do que as qualidades e as belezas das pessoas e das criaturas. Por esse dom somos levados a querer penetrar os mistérios de Deus e o seu conhecimento." (cf. o Livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 69, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

Para Refletir:

Para o amigo, o que significa ser inteligente? Será facilidade de aprender? Os bons resultados escolares? Diploma de faculdade? Mestrado? Doutorado? Falar diversas línguas, ser inventor? Na verdade, tudo isso pode revelar a capacidade intelectual da pessoa, mas ainda é pouco para um conceito mais completo de inteligência que a fé nos revela. Na verdade, o homem realmente inteligente é o que busca a Deus.

Caros pais transmitam a seus filhos esse sentido profundo do que é ser inteligente, com palavras e exemplos. O verdadeiro "teste" de inteligência se faz com a vida: na busca do que é verdade, caminho, luz!

SABEDORIA. "O Espírito nos capacita a conhecer a Deus na intimidade e também nos leva a conhecer a Sua vontade. Faz-nos perceber a mão de Deus em nossa vida, guiando os nossos passos." (Cf. o Livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 69, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

Para Refletir:

Não somos confimados em graça. Não pensemos que podemos nos expor a todos os perigos e tentações. Diante da tentação, não há fracos e nem fortes e sim prudentes e imprudentes. Andemos como ensina São Paulo "com temor e tremor" e "quem está de pé, veja que não caia".

Livremo-nos da presunção, aprendamos com a sabedoria popular quando avisa que não devemos dizer: "dessa água não beberei".

TEMOR DE DEUS. "Não consiste em ter medo de Deus. Esse temor é o receio de ofender a Deus por Ele ser tão bom e Santo. Não é o receio de ofendê-lo e ser castigado, e sim receio de decepcioná-lo com o nosso pecado. Então por amor de Deus, nos leva a fugir do pecado, já que este desagrada a Deus, o decepciona." (Cf. o Livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 70, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

Esse dom do temor filial de ofender a Deus está muito raro em nosso mundo.

O pecado do século é a perda do sentido do pecado. Ao recordar essa triste realidade, gostaria de acrescenta : Por que este fenômeno no nosso tempo? Uma vista de olhos de alguns componentes da cultura de hoje pode ajudar-nos a compreender a atenuação progressiva do sentido do pecado, exatamente por causa da crise de consciência e do sentido de Deus.

"O 'secularismo' que, pela sua própria natureza e definição, é um movimento de idéias e de costumes, que propõe um humanismo que abstrai de Deus totalmente, concentrado só no culto do empreender e do produzir, arrastado pela embriaguez do consumo e do prazer, sem preocupações com o perigo de perder a própria alma, não pode deixar de minar o sentido do pecado. Reduzir-se-á este último, quando muito, aquilo que ofender o homem. O homem pode construir um mundo sem Deus, mas esse mundo acabará por voltar-se contra ele mesmo. Na realidade, Deus é a origem e o fim supremo do homem e este leva consigo um germe divino. Por isso, é a realidade de Deus que desvenda e ilumina o mistério do homem. É inútil, pois, esperar que ganhe consistência um sentido do pecado no que diz respeito ao homem e aos valores humanos, quando falta o sentido da ofensa cometida contra Deus, isto é, o verdadeiro sentido do pecado." (Cf. João Paulo II. - Reconciliação e Penitência nº 18).

Infelizmente vivemos num mundo que perdeu o senso do pecado e de um mundo desorientado. Tudo é natural. No entanto, basta abrirmos os jornais e nos depararmos com todos os tipos de crimes, os mais requintados, os mais cruéis. Muitos possuem o mapa da cidade, conhecem as ruas, falta-lhes o endereço: o endereço da casa do Pai, que Jesus, Caminho, Verdade e Vida, deixou marcado com pisadas de sangue para que ninguém se extravie! A falta de sentido a vida leva à perda do sentido pecado que é a morte. Por isso acontece os sacrilégios, as blasfêmias, as irreverências, freqüentemente incentivados por todos os meios de comunicação: jornais, televisão, filmes e até centros universitários, atingem níveis intoleráveis. Bradam aos céus!

A Escritura nos ensina que o "temor de Deus é o início da sabedoria" (Sl 110,10).

O dom do temor auxilia a pessoa a se lembrar de sua fragilidade natural e a não se apoiar somente em si mesma, mas a confiar no Senhor.

Meus amigos, agora vamos falar sobre o dom da FORTALEZA.

Esse dom "Nos prepara para lutar contra as tentações e o pecado. Nos faz corajosos na defesa da fé, da 'sã doutrina' (1Tm 1,10) da Igreja, e nos ajuda a vencer as zombarias e o respeito humano." [É o dom que nos dá coragem para vivermos fielmente a fé no dia-a-dia, e até diante do martírio se for preciso.]. "Houve na época do império romano um menino cristão chamado Tarcísio, que ao levar o Santíssimo Sacramento aos doentes; preferiu ser apedrejado e morto por meninos pagãos do que entregar a eles a Hóstia Sagrada, para ser profanada. A Fortaleza também nos é dada para termos força e paciência para carregar a cruz de cada dia. Sem esse dom nos desesperamos diante do sofrimento e da dor." (cf. o Livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 70, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

A força como dom do Espírito Santo não se limita a um impulso natural. Jesus disse aos Apóstolos que eles seriam revestidos da "força do alto" (Lc 24,49) e, após a descida do Espírito Santo, eles deram ardoroso testemunho indo da pregação infatigável até o martírio.

O mesmo dom da força, todos nós cristãos recebemos para ultrapassar nossa fraqueza pessoal e superar nossos limites mesquinhos.

O dom da foraleza é uma vontade que nos encaminha para o bem, por isso precisamos de: Energia para empreender. Às vezes, o primeiro passo para sair do erro ou fazer o bem é o que mais custa, mas "uma estrada de dez léguas começa por um passo".

Precisamos também de ardor, entusiasmo, para prosseguir. Não permitir que o cansaço, a monotonia de nosso dia-a-dia, a mediocridade, a incompreensão nos desanimem.

Precisamos ainda de perseverança. Para terminar, ir até o fim, à imitação de Jesus que nos “amou até o fim" (Jo 13,1).

Prezado ouvinte, começar é bom, continuar é ótimo, terminar é tudo.

A maior felicidade para o fiel será poder dizer como São Paulo: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira e guardei a fé" (2Tim 4,7).

A vida não é um piquenique, mas uma tarefa, e para realizá-la bem necessitamos do precioso dom da fortaleza. Se lermos a vida dos Santos, perceberemos que eles trilharam o caminho estreito indicado por Jesus, observamos que o dom da fortaleza assumiu neles, segundo sua vocação particular, ora o aspecto do heroísmo de grandeza, ora o aspecto da pequenez, de uma "aparente" vida comum. Vemos, por exemplo, a grandeza de São Paulo, São Pedro, São Maximiliano kolbe, e o heroísmo escondido da "fidelidade às pequenas coisas" do dever do dia a dia de Santa Terezinha.

Para Refletir:

Amigo ouvinte, com o dom da fortaleza avançamos para a vida eterna sem deixar nos deter pelas resistências humanas ou pelas dificuldades da vida. Sem se deixar influenciar pelas modas incompatíveis com a dignidade de “Templos do Espírito Santo”, sem ceder à maré do mundo, certo filmes e programas obscenos, pornográficos e até mesmo sacrílegos. Não nos envergonhemos de nossa fé, procuremos vivê-la com clareza, coerência e coragem.

Prezado amigo, continuando nossa reflexão sobre os dons do Espírito Santo, veremos agora o dom da PIEDADE.

Esse dom "Produz em nós o amor a Deus acima de tudo, afastando-nos de toda forma de idolatria, tais como: prazeres, amor ao dinheiro, status, fama, vanglória, poder, superstições, ocultismo, etc, para adorar e servir somente a Deus". [É o dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. Por ser o Amor do Pai e do Filho, o Espírito Santo nos dá o sabor das coisas de Deus]. "Nos faz também vivermos como verdadeiros filhos de Deus, que ama o Pai com toda a sua vida: pensamentos, palavras e obras. É também o dom que nos leva e capacita à oração permenente e humilde que tudo alcança. Nos faz curvar a cabeça e o coração diante das coisas sagradas. Move-nos a adorar a Deus e venerar os seus santos e anjos, e de modo especial a Nossa Senhora, Mãe de Deus." (conf. o livro Sede Santos, Santificados pelo Espírito Santo, pág. 70, Prof. Felipe R. Q. De Aquino).

Esse dom imprime em nossa alma a inclinação e afabilidade de honrarmos a Deus como Pai e esperarmos n'Ele com amor e confiança de filhos.

A piedade dá-nos a alegria de viver como filhos e ser templos de Deus. Brota, então, um profundo espírito de adoração e louvor ao Pai. Conserva nossa alma em atitude religiosa, cheia de respeito aos direitos de Deus e de sua grandeza infinita, mas espontânea como os gestos afetuosos do Filho. Sentimo-nos na casa do Pai e olhamos com benevolência para tudo e todos. Surge assim a verdadeira fraternidade.

Finalmente o dom da piedade leva o confirmado ao aproveitamento total de suas reuniões religiosas, pastorais ou catequéticas. O faz sentir o real valor da participação na Santa Missa, nas leituras lidas e ouvidas, nos cantos, na entrega a Deus, na recepção da eucaristia com mais fervor, especialmente lhe dará aquela dependência filial a Deus, certo de que tudo fará com Cristo, saberá orar bem, saberá sofrer com ele e com ele crescerá sempre.

CIC § 1300

Segue-se o rito essencial do sacramento. No rito latino, “o sacramento da Confirmação é conferido pela unção do santo crisma na fronte, feita com a imposição da mão, e por estas palavras: 'Accipe signaculun doni Spitus Sancti [Paulo VI, const. ap. Divinae consortium naturae], 'N, recebe, por este sinal, o selo do Espírito Santo, o dom de Deus [Paulo VI const. ap. Divinae consortium naturae] . Nas Igrejas orientais de rito bizantino, a unção do μύρσν faz-se depois de uma oração de epiclese sobre as partes mais significativas do corpo: a fronte, os olhos, o nariz, os ouvidos, os lábios, o peito, as costas, as mãos e os pés, sendo cada unção acompanhada da fórmula: “Σφραγίς δωρεάς Пνεύματσς `Αγίου [Rituale per le Chiese orientali di rito bizantino in lingua greca, Pars 1, Libreria Editrice Vaticana, 1954, p. 36] ”, “Selo do dom do Espírito Santo”.

"O essencial do rito da Confirmação é a unção com óleo sagrado sobre a fronte, acompanhada pelas palavras: 'N., recebe, por este sinal, o dom do Espírito Santo". Antes da unção, impõem-se as mãos sobre os crismandos; este gesto é parte integrante, mas não essencial, do rito da Crisma.'

[A mão é, como a palavra, um dos meios mais expressivos da linguagem humana. Nas origens do sacramento da confirmação, encontramos apenas a imposição das mãos. Posteriormente, foi sendo introduzida a unção. No oriente, essa unção prevaleceu, na maior parte das Igrejas, como o rito único do sacramento. No ocidente, ao contrário, a imposição das mãos continuou a ter um papel importante.]

O cristão é ungido na fronte, porque é a sede da vergonha, a fim de que não se envergonhe de confessar o nome e, principalmente, a cruz de Cristo, a qual para os judeus é escândalo e, para os pagãos, loucura, como diz o Apóstolo (Cf. 1Cor 1,23). Em vista desse efeito, o cristão é assinalado com o sinal da cruz" (Escola Mater Ecclesiae, Curso sobre os sacramentos por correspondência, pág. 81, Dom Estévão Bettencourt).

CIC § 1301

O ósculo da paz, que encerra o rito do sacramento, significa e manifesta a comunhão eclesial com o Bispo e com todos os fiéis [Cf, Sto. Hipólito, Trad. ap., 21] .

Desde os tempos mais remotos que na Liturgia da Igreja o beijo tem sido usado como sinal de respeito e de amor pelas coisas sagradas, e como uma espécie de selo, para cada coisa a que está ligada uma oração própria.

O beijo era a forma habitual de saudação entre os orientais. O Sinal da paz ou o beijo da paz ou o ósculo da paz, está entre os antigos ritos, ligados à celebração da Eucaristia.

O Beijo da Paz ou o Sinal da Paz era uma expressão de unidade entre os cristãos, era um gesto de hospitalidade entre os judeus e os Apóstolos que queriam continuar com esta tradição: "Saudai-vos uns aos outros com o ósculo da caridade" (1Pd 5,14). O mesmo nos lembra S. Paulo : "Saudai-vos mutuamente com um santo ósculo." (2 Cor 13,12). São Paulo acrescenta-lhe um significado religioso, como sinal da caridade sobrenatural e da união na mesma fé. O Missal Romano prevê, quando as condições pastorais assim o aconselham, dar-se mutuamente a az antes da comunhão com gesto apropriado.

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança