“Fazei isto em memória de mim” (CIC § 1341 A 1344)

O mandamento de Jesus de repetir seus gestos e suas palavras “até que Ele volte” não pede somente que se recorde de Jesus e do que Ele fez. Visa à celebração litúrgica, pelos apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo, de sua vida, de sua Morte, de sua Ressurreição e de sua intercessão junto ao Pai.

"Jesus mandou aos Apóstolos que repetissem o rito da Última Ceia. Dessa Última Ceia à qual Jesus atribuiu o significado de sacrifício (ver Lc 22,19; 1Cor 11,24). Desta ordem os Apóstolos concluíram e as gerações seguintes que, todas as vezes que renovavam a Ceia do Senhor (também chamada Eucaristia), realizavam a oferenda de uma Vítima (Cristo) ou de um sacrifício. Este, porém, não podia nem pode ser a repetição do sacrifício da Cruz, pois Jesus se imolou uma vez por todas conforme a epístola aos Hebreus. A epístola aos Hebreus inculca solenemente a unidade do sacrifício de Cristo oferecido outrora no Calvário. Sim, Cristo aí aparece como o Sacerdote Único (cf. Hb 4,14; 6,20; 7,21.23s), que se oferece como Vítima Única e Perfeita (cf. 7,28) numa oblação definitiva (cf. 9,11-14. 25-28; 10,10-14). O Senhor Jesus não precisa de se oferecer muitas vezes, mas sua oblação foi feita uma vez por todas, porque, à diferença do que acontecia com os sacrifícios de animais irracionais do Antigo Testamento, a oferta de Cristo possui valor infinito, capaz de expiar todos os pecados, passados, presentes e futuros, do gênero humano; (cf. Hb 4,14; 7,27; 9,12.25s.28; 10, 12.14). A Ceia, por conseguinte, não pode ser senão o ato de "tornar presente" (sem multiplicar) através dos tempos, e de maneira incruenta (ou sacramental), o único sacrifício de Cristo oferecido cruentamente no Calvário há vinte séculos." (Curso sobre os sacramentos por correspondência, Escola Mater Ecclesiae, pág. 96, Dom Estévão Bettencourt).

Jesus deu aos Apóstolos o poder de celebrar a Sagrada Eucaristia em sua memória o que Ele tinha feito. Eles cumpriram esta ordem e a transmitiram aos seus sucessores no sacerdócio (bispos). Assim a Igreja celebra continuamente a Eucaristia em memória do Senhor até Ele voltar no fim dos séculos.

A Eucaristia, precisamente enquanto torna presente a morte de Cristo, dá ao mesmo tempo a vida. Não a vida que se extingue dia após dia, e para cujo sustento serve o pão material, mas a vida eterna. Jesus mesmo disse: “Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,54).

CIC § 1342

Desde o início, a Igreja foi fiel ao mandato do Senhor. Da Igreja de Jerusalém se diz:Eles eram perseverantes ao ensinamento dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. (...) Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração (At 2,42.46).

O Catecismo ao citar o texto do livro dos Atos dos Apóstolos, nos mostra que os membros da primitiva comunidade cristã aparecem perseverantes na doutrina dos Apóstolos, na comunhão, na fração do pão (Eucaristia) e nas orações.

Encontra-se aqui a imagem permanente de uma Igreja que, graças ao ensino dos Apóstolos, também nasce e nutre-se continuamente da celebração do sacrifício eucarístico.

A fração do pão é a Santíssima Eucaristia. Trata-se da administração aos fiéis do sacramento que contém o Corpo do Senhor.

A Santa Missa e a comunhão eucarística constituem desde o Pentecostes o centro do culto cristão. "Desde então, nunca mais a Igreja deixou de se reunir em assembléia para celebrar o mistério pascal... celebrando a Eucaristia, na qual 'se torna presente o triunfo e a vitória da Sua morte' " (Sacrosanctum Concilium, nº 6).

CIC § 1343

Era sobretudo “no primeiro dia da semana”, isto é, no domingo, o dia da Ressurreição de Jesus, que os cristãos se reuniam “para partir o pão” (At 20,7). Desde aqueles tempos até os nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de sorte que hoje a encontramos em toda parte na Igreja, com a mesma estrutura fundamental. Ela continua sendo o centro da vida da Igreja.

Era costume dos cristãos reunirem-se no primeiro dia da semana para celebrarem a Santíssima Eucaristia (cf. At 2,42; 1Cor 10,16).

"A Ressurreição de Jesus aconteceu no primeiro dia da semana, quando Ele apareceu glorioso aos seus discípulos. Por isso, os Apóstolos e as primeiras comunidades cristãs passaram a chamar esse dia de 'domingo', 'dies Domini', dia do Senhor, e os primeiros cristãos passaram a reunir-se sempre no primeiro dia da semana para celebrar a presença do Ressuscitado em meio à comunidade e para partilhar seus bens entre os necessitados. Os primeiros cristãos mudaram, assim, o sagrado costume judaico de santificar o dia de sábado. A informação bíblica de que Deus descansou no sétimo dia, abençoando-o e santificando-o, mostra a clara intenção de marcar o sábado (shabbat) como dia consagrado ao repouso e ao culto religioso.

A santificação do sétimo dia para o povo judeu, prescrita no Antigo Testamento, passou, por disposição dos Apóstolos, a ser praticada no primeiro dia da semana, o domingo, dia santificado dos cristãos. Domingo é dia do Senhor, que nos quer todos reunidos para participar da Eucaristia, ouvir Sua Palavra e celebrar a ação de graças. É o dia em que as famílias e as comunidades se encontram, para reforçar os laços de comunhão e amizade. É o dia de cada ser humano se revigorar em suas forças físicas e espirituais. É dia de descanso, é dia de nos prepararmos para nos colocarmos diante do último dia, aquele que nunca se acaba. O domingo é, enfim, o dia da vida, da festa, da alegria. Domingo não é um feriado, mas um dia santificado. No feriado, cada um faz o que quer. No domingo, deve-se fazer o que Deus quer." (Dom Murilo S. R. Krieger, scj - Arcebispo Metropolitano e Dom Vito Schlickmann - Bispo Auxiliar, de Florianópolis, SC).

CIC § 1344

Assim, de celebração em celebração, anunciando o Mistério Pascal de Jesus “até que ele venha” (1 Cor 11,26), o povo de Deus em peregrinação “avança pela porta estreita da cruz [AG 1] ” em direção ao banquete celeste, quando todos os eleitos se sentarão à mesa do Reino.

Como se vê o Senhor ordena que a Igreja celebre o seu gesto "até que Ele venha" (cf. 1Cor 11,26). Foi isto que a Igreja sempre fez ao celebrar a Eucaristia. O Novo Testamento nos dá muitíssimos exemplos disso. Desde o início, a Igreja foi fiel à Fração do Pão (cf. At 2,42.46). Sobretudo no primeiro dia da semana, aquele dia que o Apocalipse chama já de Dia do Senhor (cf. 1,10).Aquilo que a Igreja faz hoje, celebrar dominicalmente a Eucaristia, sempre fez, desde a época apostólica, por ordem do Senhor Jesus! Assim, como diz aqui o Catecismo da Igreja: “de celebração em celebração, anunciando o mistério pascal de Jesus, ‘até que Ele venha’ (1Cor 11,26), o Povo de Deus avança, caminhando pela estrada da cruz, rumo ao banquete celeste, quando todos os eleitos haverão de sentar-se à mesa do Reino” (n. 1344).

Que coisa maravilhosa! Mais de dois mil anos se passaram e a Igreja de Cristo, fidelíssima à Tradição Apostólica, continua fazendo o que sempre fez: celebrando a Eucaristia até que venha o seu Senhor!

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança