Liturgia de 25 de maio de 2018

SEXTA FEIRA DA VII SEMANA DO TEMPO COMUM
(cor verde - ofício do dia)

Antífona da entrada

- Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

Oração do dia

- Concedei, ó Deus todo poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Tg 5,9-12


- 9Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados.
Eis que o juiz está às portas. 10Irmãos, tomai por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em nome do Senhor. 11Reparai que consideramos como bem-aventurados os que perseveraram. Ouvistes falar da perseverança de Jó e conheceis o êxito que o Senhor lhe deu - pois o Senhor é rico em misericórdia e compassivo. 12Sobretudo, meus irmãos, não jureis,
nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro forma de juramento.
Antes, que o vosso sim seja sim, e o vosso não, não. Então não estareis sujeitos a julgamento.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 103,1-4.8-9.11-12 (R: 8a)

- O Senhor é indulgente, é favorável.

R: O Senhor é indulgente, é favorável.

 

- Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
R: O Senhor é indulgente, é favorável.

 

- Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
R: O Senhor é indulgente, é favorável.

 

- O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo.
Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor.
R: O Senhor é indulgente, é favorável.

 

- Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes.

R: O Senhor é indulgente, é favorável.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

- Vossa palavra é a verdade; santifica-nos na verdade! (Jo 17,7).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 10,1-12


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 1Jesus foi para o território da Judeia, do outro lado do rio Jordão. As multidões se reuniram de novo em torno de Jesus. E ele, como de costume, as ensinava. 2Alguns fari­seus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou? ” 4Os fari­seus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. 5Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moi­sés vos escreveu este mandamento. 6No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. 7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. 8Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” 10Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto. 11Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. 12E se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

  

 

Liturgia comentada
Uma só carne... (Mc 10,1-12)

Sim, Moisés “amaciara” a questão. Deu forma oficial (cf. Dt 24,1-4) ao processo de repudiar a esposa na qual via algo de “vergonhoso”. O estatuto inicial – a indissolubilidade – era abandonado diante da incapacidade de ser respeitado por homens duros de coração. Ao permiti-lo, porém, Moisés obrigava o marido a agir de tal modo que a repudiada tivesse nova oportunidade de constituir família. Era este o objetivo do libelo de divórcio. O homem não podia simplesmente expulsar a esposa de sua casa. Vejam o que escreve o Ir. Éphraim:

“O guet, o bilhete de divórcio, é liberado pelo Beth din, o tribunal rabínico; trata-se de um ato religioso que servirá à mulher como de um “passaporte” para sua dignidade: ela não será a repudiada que se pode, hoje, encontrar nos meios semíticos não-judaicos, a mulher que ninguém mais quer, porque ela já serviu e desagradou, como um objeto que se joga fora. A mulher judia é protegida pelo guet, como no casamento, e seus direitos estavam garantidos pelo contrato de matrimônio chamado ketubá. Segundo os rabinos, ela deve se casar de novo após um espaço de 91 dias, a fim de se assegurar de que não estava grávida de seu primeiro marido. A lei deseja a felicidade da mulher que foi repudiada.” (Jésus, Juif Pratiquant, p. 266)

É dentro deste quadro social e religioso que os fariseus perguntam a Jesus se era lícito repudiar a esposa. De fato, uma “questão disputada” entre os rabinos daquele tempo. Jesus surpreende seu auditório ao recolocar a questão antes da “liberação” de Moisés: voltando ao “princípio” – isto é, ao desígnio original de Deus para o homem e a mulher -, o Rabi da Galileia aperta os parafusos: não há como separar aquilo que foi unido pelo próprio Deus. Isto é, o casamento é bem mais que um contrato civil, documento de compra e venda, um contrato de aluguel, que se possa rasgar ou anular quando conveniente.

Jesus se apoia no texto do Gênesis (2,24), sublinhando que o casamento une duas naturezas em uma só: “serão uma só carne”. Se tentarem separar marido e mulher, serão ambos rasgados, rompidos na mais profunda estrutura de seu ser. Cada um irá para seu lado levando pedaços do outro. Como na letra de Chico Buarque: “Ó metade amputada de mim!

Uma frase de S. Paulo (1Cor 7,14a) faz pensar na profundidade e no realismo essencial dessa união, quando dá uma razão para que não se separem a mulher cristã e o marido pagão, e vice-versa: “Porque o marido que não tem a fé é santificado por sua mulher; assim como a mulher que não tem a fé é santificada pelo marido que recebeu a fé”.

Ainda duvido da indissolubilidade do matrimônio?

Orai sem cessar:Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores.” (Sl 127,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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