Liturgia de 31 de dezembro de 2021

SEXTA FEIRA S. SILVESTRE I
(branco, glória, pref. do Natal - ofício próprio)

 

Antífona da entrada

- Um menino nasceu para nós: um filho nos foi dado! O poder repousa nos seus ombros. Ele será chamado “mensageiro do conselho de Deus” (Is 9,6).

 

Oração do dia 

- Deus eterno e todo-poderoso, que estabelecestes o princípio e a plenitude de toda a religião na encarnação do vosso Filho, concedei que sejamos contados entre os discípulos, daquele que é toda a salvação da humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 1Jo 2, 18-21

- Leitura da primeira carta de são João: 18Filhinhos, esta é a última hora. Ouvistes dizer que o An­ticristo virá. Com efeito, muitos anticristos já apareceram. Por isso, sabemos que chegou a última hora. 19Eles saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, pois se fossem realmente dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas era necessário ficar claro que nem todos são dos nossos. 20Vós já recebestes a unção do Santo, e todos tendes conhecimento. 21Se eu vos escrevi, não é porque ignorais a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira provém da verdade.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

 

Salmo Responsorial: Sl 96,1-2.11-12.13 (R: 11a)

O céu se rejubile e exulta a terra! 

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

- Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome! Dia após dia anunciai sua salvação.

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

- O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

- Na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

Aclamação ao santo Evangelho

Aleluia, aleluia, aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia

 

 - A palavra se fez carne, entre nós ela habitou; e todos os que a acolheram, de Deus filhos se tornaram (Jo 1,14.12).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 1,1-18

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.´

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

- Glória a vós, Senhor!  


- 1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio, estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho uni­gênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

  

 

 

Liturgia comentada

E a Palavra se fez carne... (Jo 1,1-18)

A “Palavra” de Deus é o Logos divino, o Verbo divino, isto é, a segunda Pessoa da Trindade santíssima. Foi por essa Palavra que Deus criou o Cosmo, ao dizer: “Fiat! Faça-se!” (Cf. Gn 1,3.6)

 

Esta Palavra é eterna (Mt 24,35), como Deus é eterno. Na história dos homens, ao longo dos séculos a Palavra nos foi dirigida indiretamente, através dos profetas, mas chega o momento de termos contato direto com o Verbo feito carne (cf. Hb 1,1-2). É o momento da Encarnação. Na pessoa humano-divina de Jesus Cristo, o Deus transcendente se faz imanente: “Eu estou no meio de vós!” (Lc 22,27)

 

Agora, é possível “perceber” a Deus por meio dos sentidos: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam da Palavra da Vida – vida esta que se manifestou, que nós vimos e testemunhamos...” (1Jo 1,1-2)

 

É bom prestar atenção no sentido próprio da palavra “carne”. O biblista Louis Boyer comenta: “Para São João, a palavra ‘carne’ não possui o sentido positivamente mau que São Paulo lhe deu: ela designa somente a criatura em geral, considerada em sua fraqueza natural, pois em si mesma, sem Deus que a faz ser, ela nada é.”

 

“Dizer que o Verbo se fez carne – prossegue Boyer – ou que ele se tornou carne, não deve ser tomado no sentido blasfematório de um aniquilamento de Deus. Como todo o contexto o mostra, isto significa que o Verbo, seu criador, faz o gesto régio de associar-se a essa fraqueza da criatura. Não é a criatura que chegou, como as religiões de invenção humana o desejariam, a cruzar o abismo entre ela e Deus. Existe aí um mistério que não podemos compreender, menos ainda que a Criação, pois tal como esta, e mais que esta, ultrapassa-nos por completo.”

 

Ora, apesar dessa impossível compreensão do mistério, podemos notar seus efeitos. O Verbo se encarna sem diminuir em nada aquilo que ele é. Aqui e ali, os sinais de sua divindade: a doença curada, o mar acalmado, o morto ressuscitado.

 

E se Jesus morre, como qualquer homem, é porque ele mesmo entrega a sua vida (cf. Jo 10,17-18). Mas para recuperá-la ao terceiro dia, vencer a morte e deixar a vida eterna ao alcance de todos nós...

 

Orai sem cessar: “Vimos o Senhor!” (Jo 20,24-29)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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