Liturgia de 13 de fevereiro de 2022

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM 

(verde, glória, creio, II semana do saltério)

 

Antífona da entrada 

- Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3).

 

Oração do dia 

- Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Jr 17,5-8 

- Leitura do livro do profeta Jeremias: 5Isto diz o Senhor: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; 6como os cardos no deserto, ele não vê chegar a floração, prefere vegetar na secura do ermo, em região salobra e desabitada. 7Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; 8é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca de umidade; por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos”.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

 

Salmo Responsorial: Sl 1, 1-2.4.6 (R: Sl 40, 5a)

- É feliz quem a Deus se confia!
R:  É feliz quem a Deus se confia!


-  Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.

R:  É feliz quem a Deus se confia!


-  Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

R:  É feliz quem a Deus se confia!


-  Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.

2ª Leitura: 1Cor 15,12.16-20

 

- Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos: 12Se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns dizer entre vós que não há ressurreição dos mortos? 16Pois, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. 17E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. 18Então, também os que morreram em Cristo pereceram. 19Se é para esta vida que pusemos nossa esperança em Cristo, nós somos — de todos os homens — os mais dignos de compaixão.  20Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.


- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Ficai muito alegres, saltai de alegria, pois tendes um prêmio bem grande nos céus. Ficai muito alegres, saltai de alegria, amém! Aleluia, aleluia, aleluia!

(Lc 6,23)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 6, 17.20-26

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

- Glória a vós, Senhor!  


-
Naquele tempo, 17Jesus desceu da montanha com os discípulos e parou num lugar plano. Ali estavam muitos de seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 20E, levantando os olhos para os seus discípulos, disse: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! 21Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir! 22Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa do Filho do Homem! 23Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu; porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. 24Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! 25Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas! 26Ai de vós, quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

Porque sereis saciados... (Lc 6,17.20-26)

Já não é muito comum a palavra “fastio”. Parece fora de uso. Mas está registrada no dicionário: FASTIO. [Do lat. fastidiu.] Substantivo masculino. 1. Aversão a alimento. 2. P. ext. Falta de apetite. 3. Repugnância, aversão. 4.Tédio, aborrecimento.

 

Às vezes, a pessoa recusa o alimento: “Obrigado, estou enfastiado...” Isto é, como diz o povo bom, “o melhor tempero é a fome”. Quem está de barriga cheia nem prova os alimentos que lhe são oferecidos.

 

Acredito que assim possamos entender melhor a pregação de Jesus, o sermão das bem-aventuranças, quando o Mestre nos fala de uma situação atual (pobreza, fome, lágrimas) para nos acenar com uma situação futura (o Reino, o banquete, a alegria). Acontece que uma situação é condição para a outra. Quem já está rindo, não encontrará a alegria. Quem já está de pança cheia não espera pelo festim. Quem já acumulou muitas posses não há de se interessar pelo Reino de Deus.

 

Se você dúvida, faça uma rápida pesquisa à sua volta: veja quem está interessado no “céu”. Veja quem já está orientando a vida “atual” em função da vida “futura”. Veja quem sabe relativizar os sofrimentos de agora, na certeza da consolação que há de vir... Certamente vai constatar que os alvos e os objetivos são todos de curto prazo, aqui e agora, e – naturalmente – todos eles efêmeros e transitórios.

 

Nosso HOJE logo passa, é passageiro, recorda o monge André Louf. Se matamos JÁ a nossa fome, chegaremos enfastiados ao fim da vida terrena. Se saciamos JÁ a nossa sede, não teremos interesse pelo rio de água viva (cf. Ap 22,1).

 

Comenta o mesmo monge: “O hoje é apenas provisório. É importante permanecer com fome. Os bens deste mundo são apenas um primeiro reflexo, um antegosto insosso da glória que nos está destinada. É preciso não se enganar com a glória. É preciso não errar de fome. As fomes terrestres podem ser cavernosas, vertiginosas. Mas não são a fome última do homem. Aquelas encontram com que se saciar aqui embaixo; esta é reservada para aquilo que se seguirá depois...”

 

“É importante que esta fome permaneça viva aqui embaixo, que ela não venha a ser esquecida nas farturas e satisfações de nossas fomes superficiais e transitórias. Em cada homem existe, nas profundezas de seu ser, uma falha que é, ao mesmo tempo, o limite de seu ser e uma abertura, vertiginosa, para o Criador. É importante que não seja obturada por objetos inúteis esta profundidade escancarada que nos abre para Deus e para seu Reino.”

 

Nesta visão, as bem-aventuranças deixam de ser uma página poética e revelam seu potencial de orientação, de bússola para nosso caminho. Caminhar hoje à espera do amanhã...

 

Orai sem cessar: “Feliz o homem que põe no Senhor a sua esperança!” (Sl 40,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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