Liturgia de 19 de fevereiro de 2022

SABADO DA VI SEMANA DO TEMPO COMUM

 (cor verde - ofício do dia)

 

Antífona da entrada

- Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para a honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3).

 

Oração do dia

- Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Tg 3,3-10

- Leitura da carta de são Tiago: 1Meus irmãos, não haja muitos que queiram ser mestres! Sabeis que nós, os mestres, estamos sujeitos a julgamento mais severo, 2pois todos nós tropeçamos em muitas coisas. Aquele que não peca no uso da língua é um homem perfeito, capaz de refrear também o corpo todo. 3Se pomos um freio na boca do cavalo para que nos obedeça, conseguimos dirigir o seu corpo todo. 4Reparai também nos navios: por maiores que sejam, e impelidos por ventos impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeníssimo leme na direção que o timoneiro deseja. 5Assim também a língua, embora seja um membro pequeno, se gloria de grandes coisas. Comparai o tamanho da chama com o da floresta que ela incendeia! 6Ora, também a língua é um fogo! É o universo da malícia! Fazendo parte dos nossos membros, a língua contamina o corpo todo e, atiçada como está pelo inferno, põe em chamas o ciclo de nossa existência! 7Com efeito, toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais marinhos pode ser domada e tem sido domada pela espécie humana. 8Mas a língua, nenhum homem consegue domá-la: ela é um mal que não desiste, e está cheia de veneno mortífero. 9Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à imagem de Deus. 10Da mesma boca saem bênção e maldição! Ora, meus irmãos, não convém que seja assim.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 12,2-3.4-5.7-8a (R: 8a)

- Com certeza, ó Senhor, nos guardareis!
R: Com certeza, ó Senhor, nos guardareis!


- Senhor, salvai-nos! Já não há um homem bom! Não há mais fidelidade em meio aos homens! Cada um só diz mentiras a seu próximo, com língua falsa e coração enganador.

R: Com certeza, ó Senhor, nos guardareis!


- Senhor, calai todas as bocas mentirosas e a língua dos que falam com soberba, dos que dizem: “Nossa língua é nossa força! Nossos lábios são por nós! – Quem nos domina?”

R: Com certeza, ó Senhor, nos guardareis!


- As palavras do Senhor são verdadeiras, como a prata totalmente depurada, sete vezes depurada pelo fogo. Vós, porém, ó Senhor Deus, nos guardareis para sempre, nos livrando desta raça!

R: Com certeza, ó Senhor, nos guardareis!

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

- Aleluia, aleluia, aleluia.

- Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Abriram-se os céus e fez-se ouvir a voz do Pai: Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós! (Mc 9,7)

- Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 9, 2-13


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

- Glória a vós, Senhor!

 

- Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observavam esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer ressuscitar dos mortos”. 11Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que antes deve vir Elias?” 12Jesus respondeu: “De fato, antes vem Elias, para pôr tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado? 13Eu, porém, vos digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor! 

 

 
 

Liturgia comentada

Este é o meu Filho amado... (Mc 9,2-13)

Na Transfiguração de Jesus, episódio que uma antiga tradição situa no Monte Tabor, os apóstolos Pedro, Tiago e João participam com exclusividade de uma cena de “reconhecimento”. Da nuvem, tal como no tempo do Êxodo, a voz de Yahweh identifica a Jesus de Nazaré como “Filho de Deus”.

 

Até então, as palavras e os gestos de Jesus de Nazaré, absolutamente incomuns para a época, tinham suscitado muitas interrogações, mesmo no grupo seleto dos seus seguidores. Tal como ocorrera na tempestade do lago, prontamente serenada por um imperativo do Mestre, quando os próprios discípulos se entreolhavam, tomados de espanto, e perguntavam: “Quem é este homem?”

 

No episódio do Batismo de Jesus, nas águas puras do Jordão, João, o Batizador já fora privilegiado com a mesma identificação: “Este é meu Filho bem-amado...” Agora, no Tabor, a voz do Pai acrescenta o imperativo: “Ouvi-o!” Em outros termos, o Pai adverte que suas palavras estão na boca de seu Filho. Dali em diante, os apóstolos poderão afirmar com a mais tranquila certeza: “Ultimamente, Deus nos falou por seu Filho [...], pelo qual criou todas as coisas.” (Hb 1,2)

 

Neste início de milênio, uma orquestra dissonante ergue infernal sinfonia para negar a Jesus a sua filiação divina. Até mesmo no interior da Igreja, alguns teólogos dissidentes, desmentindo o testemunho de Pedro (cf. At 4,12), chegam a negar que Jesus Cristo seja o único Caminho de salvação, amorosamente oferecido a nós pelo Pai. Uma vez reduzido a simples profeta, ou respeitável mestre de sabedoria, ou agitador político (quem diria!?), Jesus até poderia ser aceito pelo establishment neopagão. Nunca, porém, como Pessoa divina revestida de nossa carne.

 

Ocorre que nós – cristãos do 3º milênio - somos herdeiros diretos da Tradição apostólica e não podemos renegar o testemunho daqueles que viram a Luz e ouviram a Voz. Diferentemente de todas as outras religiões, a mensagem cristã é, no fundo, uma experiência vital que brota da Encarnação do Filho de Deus que “fez sua tenda entre nós” (cf. Jo 1,14). Sua morte na cruz do Calvário demonstra de modo cabal a que ponto chegou o amor do Pai pelos homens.

 

É exatamente esta percepção da pessoa de Jesus Cristo como um “presente” amoroso do Pai que dá sentido ao sangue dos mártires, derramado ao longo dos séculos. Do contrário, teriam sido mortes absolutamente inúteis.

 

Você crê que Jesus Cristo é o Filho de Deus? De que modo procura ouvir a sua voz? Ou ainda se deixa perturbar por vozes estranhas, de outra procedência?

 

Orai sem cessar: “Hoje vimos que Deus fala com o homem!” (Dt 5,24)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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