Liturgia de 21 de março de 2022

SEGUNDA FEIRA DA III SEMANA DA QUARESMA

(roxo, ofício do dia)

 

Antífona da entrada 

- Minha alma anseia, até desfalecer, pelos átrios do Senhor; meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo!  (Sl 83,3).

 

Oração do dia 

- Ó Deus, na vossa incansável misericórdia, purificai e protegei a vossa Igreja, governando-a constantemente, pois sem vosso auxílio ela não pode salvar-nos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 2 Rs 5,1-15a 

- Leitura do segundo livro dos Reis: Naqueles dias, 1Naamã, general do exército do rei da Síria, era um homem muito estimado e considerado pelo seu senhor, pois foi por meio dele que o Senhor concedeu a vitória aos arameus. Mas esse homem, valente guerreiro, era leproso. 2Ora, um bando de arameus que tinha saído da Síria, tinha levado cativa uma moça do país de Israel. Ela ficou a serviço da mulher de Naamã. 3Disse ela à sua senhora: “Ah, se meu senhor se apresentasse ao profeta que reside em Samaria, sem dúvida, ele o livraria da lepra de que padece!” 4Naamã foi então informar o seu senhor: “Uma moça do país de Israel disse isto e isto”. 5Disse-lhe o rei Aram: “Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel”. Naamã partiu, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa. 6E entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: “Quando receberes esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures de sua lepra”. 7O rei de Israel, tendo lido a carta, rasgou suas vestes e disse: “Sou Deus, porventura, que possa dar a morte e a vida, para que este me mande um homem para curá-lo de lepra? Vê-se bem que ele busca pretexto contra mim”. 8Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel havia rasgado as vestes, mandou dizer-lhe: “Por que rasgaste tuas vestes? Que ele venha a mim, para que saibas que há um profeta em Israel”. 9Então Naamã chegou com seus cavalos e carros, e parou à porta da casa de Eliseu. 10Eliseu mandou um mensageiro para lhe dizer: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e tua carne será curada e ficarás limpo”. 11Naamã, irritado, foi-se embora, dizendo: “Eu pensava que ele sairia para me receber e que, de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, e que tocaria com sua mão o lugar da lepra e me curaria. 12Será que os rios de Damasco, o Abana e o Fartar, não são melhores do que todas as águas de Israel, para eu me banhar nelas e ficar limpo?” Deu meia-volta e partiu indignado. 13Mas seus servos aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e ficarás limpo”’. 14Então ele desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado.


15aEm seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda terra, senão o que há em Israel!”


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

 

Salmo Responsorial: Sl 42,2.3; 43,3.4 (R: 42,3)

 

- Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?
R: Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?


- Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus!

R: Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?


- A minh’alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?

R: Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?


- Enviai vossa luz, vossa verdade: elas serão o meu guia; que me levem ao vosso Monte santo, até a vossa morada!

R: Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?


- Então irei aos altares do Senhor, Deus da minha alegria. Vosso louvor cantarei, ao som da harpa, meu Senhor e meu Deus!

R: Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: e quando verei a face de Deus?

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 4,24-30 

 

Jesus Cristo, sois bendito o ungido de Deus Pai!

Jesus Cristo, sois bendito o ungido de Deus Pai!

 

- No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção (Sl 129,5.7)

Jesus Cristo, sois bendito o ungido de Deus Pai!

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Jesus, vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga: 24“Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

E o expulsaram da cidade... (Lc 4,24-30)

 

Este Evangelho registra, ao mesmo tempo, o primeiro “sermão” de Jesus, em plena sinagoga de Nazaré, e a imediata rejeição de seus ouvintes. Como anota o prólogo do Evangelho de São João (1,11), o Verbo-Palavra “veio para o que era seu, mas os seus não o acolheram”.

 

Neste episódio, Jesus está na cidade onde cresceu e trabalhou como “naggar” [carpinteiro, artesão] na oficina de José. De início suas palavras chamam a atenção; até reconhecem que são “palavras de graça” [lógoi tês cháritos – v. 22]. Mas logo a situação se inverte. O pregador era bem conhecido deles, era “gente comum”; assim, já havia contra ele uma predisposição negativa por parte dos conterrâneos. Jesus o percebe e alude ao provérbio conhecido de todos: ninguém é profeta em sua terra.

 

Ao longo de sua vida pública, a situação será semelhante. A mesma turba que aclama Jesus é aquela que gritará “crucifica-o”. Os mesmos que comeram do macio pão multiplicado logo se afastarão porque suas palavras eram duras demais (cf. Jo 6,60.66). Um dos Doze será seu traidor.

 

Para o biblista Helmuth Gollwitzer, “o homem que a gente conhece não poderia ser o portador de uma revelação divina. É por isso que eles exigem um milagre. Não somente em terra estrangeira, mas ali, entre eles; Jesus deveria realizar seus grandes feitos para ser acreditado pelos homens de Nazaré”.

 

Que pensar daqueles cristãos que exclamam: - Ah! Se eu tivesse vivido no tempo de Cristo, seria muito mais fácil viver o Evangelho! Se eu tivesse presenciado seus milagres, minha fé seria mais firme!” Doce ilusão! O Messias enviado por Deus era humano demais, comum demais, completamente estranho ao “modelo” messiânico que se identificava com um líder vencedor, um guia que levasse Israel a expulsar o invasor romano. E quando Jesus fazia seus milagres, a reação era de espanto (Mt 14,26), de medo (Lc 8,25), raramente de fé.

 

Assim, não é tão incompreensível a reação dos nazarenos que tentam empurrar Jesus pela encosta da montanha e tirar-lhe a vida. “Muito seguros de si mesmos, seus ouvintes, para quem a eleição divina era uma herança indiscutível, não têm outra resposta a não ser sua tentativa de assassinato” (H. Gollwitzer).

 

Passaram séculos. Jesus já morreu e ressuscitou. Suas palavras continuam incomodando. Elas deviam bastar para orientar nosso itinerário para o Pai. Mas ainda é numeroso o grupo daqueles que exigem sinais. Cuidado com eles!

 

Orai sem cessar: “Minha porção, Senhor, é guardar tuas palavras!” (Sl 119,57)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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