Liturgia de 10 de abril de 2022

DOMINGO - RAMOS E PAIXÃO DO SENHOR.

(vermelho, creio, prefácio próprio, II semana do saltério)

 

Antífona da entrada 

- Seis dias antes da solene Páscoa, quando o Senhor veio a Jerusalém, correram até ele os pequeninos. Trazendo em suas mãos ramos e palmas, em alta voz cantavam em sua honra: Bendito és tu que vens com tanto amor! Hosana nas alturas!

 

Oração do dia 

- Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 50,4-7 

- Leitura do livro do profeta Isaías: 4O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. 5O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. 7Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

 

Salmo Responsorial: Sl 22,8-9.17-18a.19-20.23-24 (R: 2a) 

- Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
R: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?


- Riem de mim todos aqueles que me veem, torcem os lábios e sacodem a cabeça: “Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

R: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?


- Cães numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos.

R: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?


- Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro!

R: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?


- Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos! Vós, que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o, toda a raça de Israel!

R: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

 

2ª Leitura: Fl 2,6-11

- Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses: 6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.

 

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 22,14-23.56

Glória e louvor a vós, ó Cristo.

Glória e louvor a vós, ó Cristo.

 

- Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz. Pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome

(Fl 2,8)

Glória e louvor a vós, ó Cristo.

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

 

- Naquele tempo, 14Quando chegou a hora, Jesus pôs-se à mesa com os apóstolos 15e disse: “Ardentemente desejei comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer. 16Pois eu vos digo que não mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus”. 17Então pegou o cálice, deu graças e disse: “Recebei este cálice e fazei passar entre vós; 18pois eu vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. 19A seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim”. 20Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós”. 21Todavia, a mão de quem vai me entregar está perto de mim, nesta mesa. 22Sim, o Filho do Homem se vai, como está determinado. Mas ai daquele por quem ele é entregue”. 23Então começaram a perguntar uns aos outros qual deles haveria de fazer tal coisa. 56Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo; encarou-o bem e disse: “Este aqui também estava com ele!”

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

Aliança em meu sangue... (Lc 22,14-23.56)

Quando se aproximava da região um exército poderoso, o perigo iminente levava as tribos nômades do deserto a se aliarem, em uma atitude de defesa. Os dois chefes partiam um cavalo em duas metades e passeavam entre as partes sangrentas, como a dizer: “Se eu não cumprir minha parte na aliança, podes fazer comigo o que fizemos com este animal.”

 

No Gênesis, um ritual semelhante é celebrado entre Deus a Abraão, selando a aliança entre Deus e seu povo (cf. Gn 15, 9-17). Em outras celebrações arcaicas, o sangue de um animal era aspergido sobre a assembleia reunida, como rito de purificação; a melhor carne era queimada em sacrifício e o restante era distribuído ao povo que, assim, entrava em comunhão com a divindade.

 

As duas partes envolvidas no ritual tornavam-se “aliados de sangue”. Era como se formassem um só povo, pois passavam a ser mutuamente comprometidas com todas as dificuldades e desafios que afetassem uma das partes.

 

No Evangelho de hoje, no meio de uma celebração que, a princípio, parecia apenas uma tradicional ceia pascal judaica, Jesus inova e surpreende os discípulos ao “quebrar o cerimonial” e dizer as palavras da primeira consagração eucarística da história: “Isto é meu Corpo... Este cálice é a nova aliança em meu Sangue...” Eles estavam diante de um Corpo “dado”, um Sangue “derramado”. Aquele que, até então, era conhecido como o mestre e guia, agora se apresenta como o Cordeiro de Deus que João Batista havia anunciado.

 

Na verdade, só no dia seguinte – a Sexta-feira Santa – Jesus seria sacrificado no Calvário, como vítima de salvação. No entanto, já na véspera, na quinta-feira, Ele antecipa de modo sacramental (isto é, por meio dos sinais do pão e do vinho) aquilo que seria evento histórico no dia seguinte.

 

E as palavras do Senhor deixam claro que ele tem plena consciência de estar dando formato definitivo à Aliança entre Deus e os homens, tantas vezes tentada no passado: Com Noé (Gn 9, 8ss), com Abraão (Gn 17), com Davi (2Sm 7, 11c-16). Desta vez, não há vítimas animais, mas o sangue que deve correr é o próprio Sangue do Cordeiro.

 

Em cada Eucaristia, a Igreja atualiza (isto é, traz do passado para o presente, de modo real e eficaz, transforma em “ato”) aquele mesmo sacrifício de Jesus, repetindo seus gestos e suas palavras. E o fiel que participa da assembleia eucarística sabe que está, mais uma vez, presente à montanha do Calvário, o “lugar alto”, o “altar”, onde a misericórdia de Deus atingiu o seu clímax...

 

A partir daquele sacrifício, foi selada a aliança definitiva, a eterna aliança, entre Deus e a humanidade.

 

Orai sem cessar:Ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder!” (Ap 5, 13)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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