Liturgia de 01 de agosto de 2022

SEGUNDA FEIRA- SANTO AFONSO DE LIGÓRIO BISPO E DOUTOR
(branco, pref. comum ou dos pastores - ofício da memória)

 

Antífona da entrada

- Velarei sobre as minhas ovelhas, diz o Senhor; chamarei um pastor que as conduza e serei o seu Deus (Ez 34,11.23).

 

Oração do dia

- Ó Deus, que suscitais continuamente em vossa Igreja novos exemplos de virtude, dai-nos seguir de tal modo os passos do bispo santo Afonso Maria, no zelo pela salvação de todos, que alcancemos com ele a recompensa celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Jr 28,1-17 

- Leitura do livro do profeta Jeremias: 1Nesse mesmo ano, no início do reinado de Sedecias, rei de Judá, no quinto mês do quarto ano, disse-me o profeta Ananias, filho de Azur, profeta de Gabaon, na casa do Senhor e na presença dos sacerdotes e de todo o povo: 2“Isto diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Quebrei o jugo do rei da Babilônia. 3Ainda dois anos e eu farei reconduzir a este lugar todos os vasos da casa do Senhor, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, tirou deste lugar e transferiu para a Babilônia. 4Também reconduzirei a este lugar Jeconias, filho de Joaquim e rei de Judá, juntamente com toda a massa de judeus desterrados para a Babilônia, diz o Senhor, pois eu quebro o jugo do rei da Babilônia”. 5Respondeu o profeta Jeremias ao profeta Ananias, na presença dos sacerdotes e de todo o povo que estava na casa do Senhor, 6dizendo: “Amém, assim permita o Senhor! Realize ele as palavras que profetizaste, trazendo de volta os vasos para a casa do Senhor e todos os deportados da Babilônia para esta terra. 7Ouve, porém, esta palavra que eu digo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo: 8Os profetas que existiram antigamente, antes de mim e antes de ti, profetizaram sobre guerras, aflições e peste para muitos povos e reinos poderosos; 9mas o profeta que profetiza paz, esse somente será reconhecido como profeta, que em verdade o Senhor enviou, quando sua palavra for verificada”. 10Então o profeta Ananias retirou o jugo do pescoço do profeta Jeremias e quebrou-o; 11e disse Ananias, na presença de todo o povo: “Isto diz o Senhor: Deste modo quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, dentro de dois anos, livrando dele o pescoço de todos os povos”. E foi-se pelo seu caminho o profeta Jeremias. 12Depois que o profeta Ananias havia retirado o jugo do pescoço do profeta Jeremias, dirigiu-se novamente a palavra do Senhor a Jeremias: 13“Vai dizer a Ananias: Isto diz o Senhor: Quebraste um jugo de madeira, mas em seu lugar farás um de ferro. 14Isto diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Pus um jugo de ferro sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei da Babilônia, e lhe serão de fato submissas; além disso, dei-lhe também os animais do campo”. 15Disse ainda o profeta Jeremias ao profeta Ananias: “Ouve, Ananias, não foste enviado pelo Senhor, e, contudo, fizeste este povo confiar em mentiras. 16Isto diz o Senhor: Eis que te farei partir desta terra; morrerás este ano, pois pregaste a infidelidade contra o Senhor”. 17Naquele ano, no sétimo mês, morreu o profeta Ananias.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 119,29.43.79.80.95.102 (R: 68b)

 

- Ensinai-me a fazer vossa vontade!
R: Ensinai-me a fazer vossa vontade!


- Afastai-me do caminho da mentira e dai-me a vossa lei como um presente!

R: Ensinai-me a fazer vossa vontade!


- Não retireis vossa verdade de meus lábios, pois eu confio em vossos justos julgamentos!

R: Ensinai-me a fazer vossa vontade!


- Que se voltem para mim os que vos temem e conhecem, ó Senhor, vossa Aliança! Meu coração seja perfeito em vossa lei, e não serei, de modo algum, envergonhado!

R: Ensinai-me a fazer vossa vontade!


- Espreitam-me os maus para perder-me, mas continuo sempre atento à vossa lei.

R: Ensinai-me a fazer vossa vontade!


- De vossos julgamentos não me afasto, porque vós mesmo me ensinastes vossas leis

 R: Ensinai-me a fazer vossa vontade!

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 14,13-21

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer! 17Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

  

Liturgia comentada

Vós mesmos, dai-lhes de comer! (Mt 14,13-21)

A multidão sofre as penúrias do deserto. Longe de qualquer povoação, não existe alimento disponível. É bem mais cômodo despedi-la para suas casas. Voltariam com fome, é claro; que se há de fazer? Não é interessante como nós nos acostumamos com a fome... dos outros? Mas Jesus vê as coisas por outro ângulo.

 

Muito mais que resolver um problema social, Jesus de Nazaré se deixa mover por uma profunda compaixão. Ele se “condói”, “tem pena” da turba. O verbo aqui empregado no texto grego (esplagnísthe) do Evangelho denota um movimento das suas “entranhas”, um retorcer das “vísceras abdominais”. Um frio na barriga, diríamos nós. Uma forte reação somática diante das necessidades do povo. E jamais chegaremos a explorar plenamente este lado “humano” de Jesus Cristo.

 

Jesus, porém, logo devolve a seus discípulos a responsabilidade pela situação. Eles já tinham visto o Mestre em ação: foram autênticas testemunhas oculares quando ele curara o servo do centurião, quando acalmara a tempestade no lago, quando expulsara demônios, quando fizera andar o paralítico, quando ressuscitara a filha de Jairo. Depois de tudo, pode ser que seus discípulos esperassem do Mestre mais uma ação sobrenatural. Milagres a granel... E, surpresos, ouvem a ordem: “Vós mesmos, dai-lhes de comer!”

 

Os discípulos contabilizavam apenas seus parcos recursos humanos: cinco pães e dois peixinhos. Parece pouco, muito pouco, mas basta para o Senhor. “Trazei-os aqui!” E com aqueles gestos que fazem pensar na futura ceia da Quinta-feira Santa, Jesus abençoa e multiplica aqueles dons.

 

É milagre, sim! Nada mais vão e artificial que o esforço de certos teólogos ao afirmar que foi a “partilha” que alimentou a multidão. Precisam dar asas à imaginação e contar com outros farnéis que o Evangelho jamais registrou. A desproporção entre os dons e o número dos convivas, tudo somado às sobras (doze cestos repletos!), apenas sinaliza para o poder e a misericórdia sem limites de nosso Deus.

 

Mas permanece válido em nossos dias o imperativo de Jesus: “Vós mesmos dai-lhes de comer!” Isto é: nada de ficar esperando pelas “mágicas” de Deus, quando nós mesmos devemos nos comprometer pessoalmente com as necessidades de nossos irmãos. Deus prefere agir costumeiramente através de mediações humanas: servidores que lhe emprestam as mãos, os pés, a voz e... o sangue...

 

Diante da miséria do mundo – material e espiritual -, será que a minha barriga vai permanecer sossegada?

 

Orai sem cessar: “Deus dá o pão a seus amados até durante o sono!” (Sl 127,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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