Liturgia de 15 de agosto de 2022

SEGUNDA FEIRA – XX SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia da IV semana)

 

Antífona da entrada 

- Ó Deus nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil

(Sl 83,10).

 

Oração do dia 

- Ó Deus preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Ez 24,15-24 

- Leitura da profecia de Eze­quiel: 15A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 16“Filho do homem, vou tirar de ti, por um mal súbito, o encanto de teus olhos. Mas não deverás lamentar-te nem chorar ou derramar lágrimas. 17Geme em silêncio, sem fazer o luto dos mortos. Põe o turbante na cabeça, calça as sandálias nos pés, sem encobrir a barba, nem comer o pão dos enlutados”.
18Eu tinha falado ao povo pela manhã, e à tarde minha esposa morreu. Na manhã seguinte, fiz como me foi ordenado. 19Então o povo perguntou-me: “Não nos vais explicar o que têm a ver conosco as coisas que tu fazes? ” 20Eu respondi-lhes: “A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 21Fala à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Vou profanar o meu santuário, o objeto do vosso orgulho, o encanto de vossos olhos, o alento de vossas vidas. Os filhos e as filhas, que lá deixastes, tombarão pela espada. 22E fareis assim como eu fiz: Não cobrireis a barba, nem co­mereis o pão dos enlutados, 23levareis o turbante na cabeça, as sandálias nos pés, sem vos lamentar nem chorar. Definhareis por causa de vossas próprias culpas, gemendo uns para os outros. 24Ezequiel servirá para vós como sinal: Fareis exatamente o que ele fez; quando isso acontecer, sabereis que eu sou o Senhor Deus”.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl (Dt 32), 18-21 (R: 18a)

 

- Esqueceram o Deus que os gerou!
R: Esqueceram o Deus que os gerou!


- Da Rocha que te deu à luz te esqueceste, do Deus que te gerou não te lembraste. Vendo isto, o Senhor os desprezou, aborrecido com seus filhos e suas filhas.

R: Esqueceram o Deus que os gerou!


- E disse: Esconderei deles meu rosto e verei, então, o fim que eles terão, pois, tornaram-se um povo pervertido, são filhos que não têm fidelidade.

R: Esqueceram o Deus que os gerou!


- Com deuses falsos provocaram minha ira, com ídolos vazios me irritaram; vou provocá-los por aqueles que nem povo são, através de gente louca hei de irritá-los.

R: Esqueceram o Deus que os gerou!

 

Aclamação ao santo Evangelho

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 19,16-22

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, 16alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna? ” 17Jesus respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. 18O homem perguntou: “Quais mandamentos? ” Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo”. 20O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?” 21Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

Se queres ser perfeito... (Mt 19, 16-22)

           

Nos últimos tempos – mesmo em círculos da Igreja -, quando se fala em “perfeição”, brotam sorrisos céticos, quase de galhofa. Como se a simples ideia de perfeição fosse utopia fora de nosso alcance. Ou sintoma de orgulho espiritual. Como se fôssemos batráquios, incapazes de chegar às estrelas...

 

Ora, se os filhos de Deus – fomos adotados, certo? – não fossem capazes de tender à perfeição, não viria do próprio Deus a ordem já na manhã nebulosa do Antigo Testamento: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”. (Lv 19,2.) Nem ouviríamos de Jesus, na luz plena do Novo Testamento: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celestial é perfeito”. (Mt 5,48.)

 

Aliás, “perfeição” não resulta de práticas de ascetismo ou de algum atletismo espiritual. Santos não são heróis nem super-homens, mas pecadores que se deixaram transfigurar pelo amor de Deus. É o amor quem nos aperfeiçoa.

 

A mocinha mimada e egoísta se casa: nascem os filhos e, no dia-a-dia, lenta e penosamente, ela aprende a amar e a servir, colocando-se em último lugar tão somente porque ama os filhos. O amor aos filhos santifica as mães.

 

O garotão narcisista se forma em medicina e vai trabalhar no asilo das velhinhas. Ali, leva um choque ao descobrir o mundo da velhice com suas cruzes terríveis. Seu coração se comove e o doutorzinho passa a dedicar-se àquelas vovozinhas de alma e coração. Aos poucos será santificado pelo suave amor que foi brotando nele. O amor aos pacientes santifica os médicos.

 

Este Evangelho traz um jovem que cumpria os mandamentos. Os dez! E isto já era admirável. Ao manifestar desejo de seguir a Jesus, o Mestre leu seu coração e percebeu que, mesmo sem infringir a Lei, era apegado aos bens que possuía. E sem liberdade não se pode amar. O apego à matéria constrange o coração do homem, sufoca-o de cuidados, cerca-o de temores, rouba-lhe a paz. E o Mestre a quem pretendia seguir nem mesmo um travesseiro possuía, onde pudesse descansar a cabeça. Livre como os pardais, palmilhava as estradas da Palestina a semear uma estranha sementeira de amor.

 

Daí a observação que cortou o peito do jovem como lâmina afiada: “Uma coisa te falta...” Ele poderia ter pensado: “Uma coisa me falta? Mas tenho tudo. Nada me falta! ” Faltava, porém... faltava a liberdade que vem do desapego. A liberdade que torna possível um salto no escuro, um voo cego no amor divino.

 

Somos livres para seguir a Jesus?

Orai sem cessar: “Fora de vós, Senhor, não há felicidade para mim! ” (Sl 16,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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