Liturgia de 30 de agosto de 2022

TERÇA FEIRA – XXII SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada 

- Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que vos invocam

(Sl 85,3.5).

 

Oração do dia 

- Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 1Cor 2,10b-16 

- Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos, 10bo Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus. 11Quem dentre os homens conhece o que se passa no homem senão o espírito do homem que está nele? Assim também, ninguém conhece o que existe em Deus, a não ser o Espírito de Deus. 12Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu. 13Desses dons também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com a sabedoria aprendida do Espírito: assim, ajustamos uma linguagem espiritual às realidades espirituais. 14O homem psíquico – o que fica no nível de suas capacidades naturais – não aceita o que é do Espírito de Deus: pois isso lhe parece uma insensatez. Ele não é capaz de conhecer o que vem do Espírito, porque tudo isso só pode ser julgado com a ajuda do mesmo Espírito. 15Ao contrário, o homem espiritual – enriquecido com o dom do Espírito – julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. 16Com efeito, quem conheceu o pensamento do Senhor, de maneira a poder aconselhá-lo? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 145,8-9.10-11.12-13ab.13cd-14 (R:17a)

 

- É justo o Senhor em seus caminhos!
R: É justo o Senhor em seus caminhos!


- Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.

R: É justo o Senhor em seus caminhos!


- Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!

R: É justo o Senhor em seus caminhos!


- Para espalhar vossos prodígios entre os homens e o fulgor de vosso reino esplendoroso. O vosso reino é um reino para sempre, vosso poder, de geração em geração.

R: É justo o Senhor em seus caminhos!


- O Senhor é amor fiel em sua palavra, é santidade em toda obra que ele faz. Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou.

R: É justo o Senhor em seus caminhos!



Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 4,31-37

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

- Glória a vós, Senhor!   

 

 

- Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. 32As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. 33Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: 34“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 35Jesus o ameaçou, dizendo: “Cala-te, e sai dele!” Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. 36O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem”. 37E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

  

 

Liturgia comentada

Ele dá ordem aos espíritos impuros... (Lc 4,31-37)

No Evangelho de hoje, em plena reunião da sinagoga judaica, Jesus é interpelado por um dos presentes, movido por um “espírito impuro”, ou seja, um demônio, que se sente ameaçado pela presença e pela palavra do Senhor: “Que queres de nós: Vieste para nos perder?” Prontamente Jesus Cristo o reduz ao silêncio e o expulsa.

 

Infelizmente, em textos de teólogos e nas palavras de pregadores, tenho verificado o esforço desses racionalistas para negarem a existência do demônio. Certa vez, em Volta Redonda, anos 70, em um encontro de casais, era um cônego a rotular os anjos maus como superstição. Pedi a palavra e perguntei-lhe como explicava a presença do mal no mundo. Ele disse que voltaria no dia seguinte para responder. Não voltou...

 

O biblista Helmut Gollwitzer comenta esta passagem.

 

“Todos os relatos de exorcismo mostram que Jesus é o ‘mais forte’, pois sua palavra se reveste de um poder que não poderia ser comparado ao poder das mais fortes palavras humanas. É inútil querer considerar tais relatos [do Evangelho]. A considerá-los como o eco de uma superstição popular ultrapassada, perde-se ao mesmo tempo toda a compreensão da história de Jesus. Aquilo que habitualmente fica escondido é trazido à luz nessas aparições demoníacas: de fato, o reino de Satã se apresenta como um reinado real e pessoal.”

 

“A Bíblia não dá explicação sobre demônios, mas leva-os a sério como uma realidade já vencida. A angústia que constringe os demônios (v. 34) mostra claramente a quem a vitória já pertence. Aqui, já não se trata de um combate decisivo, mas de consequências de outro combate já realizado em outro plano completamento diverso.”

 

A doutrina católica a respeito dos anjos decaídos não faz outra coisa, senão apoiar-se na tradição bíblica, que nos fala daquele que o próprio Jesus define como “homicida desde o princípio” (cf. Jo 3,8). Os Evangelhos descrevem a permanente oposição demoníaca à missão de Cristo. Nada que se possa definir como superstição...

 

Mais umas palavras de Gollwitzer: “É precisamente nas aparições demoníacas que a perversão destruidora da criação encontra sua expressão mais forte. Mas esta perversão se oculta também por trás de fenômenos considerados como ‘naturais’. Assim, a enfermidade não é simples acidente físico. O Novo Testamento, para quem ela é também uma perversão, vê através de sintomas naturais a ação do Inimigo em pessoa. Por isso Lucas não se contenta, como Mateus e Marcos, em descrever a cura da sogra de Pedro, mas insiste sobre a forma desta cura: ‘Em tom de ameaça, Jesus ordenou à febre’ (cf. Lc 4,39), de modo que esta a deixou”.

 

“A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam (cf. Rm 8,28).” [Catecismo, 395]

 

Orai sem cessar: “Senhor, teus inimigos perecerão!” (Sl 92,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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