Liturgia de 26 de setembro de 2022

SEGUNDA FEIRA – XXVI SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada 

- Senhor, tudo o que fizestes conosco, com razão o fizestes, pois pecamos contra vós e não obedecemos aos vossos mandamentos. Mas honrai o vosso nome, tratando-nos segundo vossa misericórdia (Dn 3,31.29.43.42).

 

Oração do dia

- Ó Deus, que mostrai vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Jó 1,6-22 

- Leitura do livro de Jó: 6Um dia, foram os filhos de Deus apresentar-se ao Senhor; entre eles também Satanás. 7O Senhor, então, disse a Satanás: “Donde vens?” “Venho de dar umas voltas pela terra”, respondeu ele. 8O Senhor disse-lhe: “Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro igual: é um homem íntegro e correto, teme a Deus e afasta-se do mal”. 9Satanás respondeu ao Senhor: “Mas será por nada que Jó teme a Deus? 10Porventura não levantaste um muro de proteção ao redor dele, de sua casa e de todos os seus bens? Tu abençoaste tudo o que ele fez, e seus rebanhos cobrem toda a região. 11Mas, estende a mão e toca em todos os seus bens; e eu garanto que ele te lançará maldições no rosto! ” 12Então o Senhor disse a Satanás: “Pois bem, de tudo o que ele possui, podes dispor, mas não estendas a mão contra ele”. E Satanás saiu da presença do Senhor. 13Ora, num dia em que os filhos e filhas de Jó comiam e bebiam vinho na casa do irmão mais velho, 14um mensageiro veio dizer a Jó: “Estavam os bois lavrando e as mulas pastando a seu lado, 15quando, de repente, apareceram os sabeus e roubaram tudo, passando os criados ao fio de espada. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 16Estava ainda falando, quando chegou outro e disse: “Caiu do céu o fogo de Deus e matou ovelhas e pastores, reduzindo-os a cinza. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 17Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e levaram-nos consigo, depois de passarem os criados ao fio da espada. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 18Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, 19quando um furacão se levantou das bandas do deserto e se lançou contra os quatro cantos da casa, que desabou sobre os jovens e os matou. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 20Então, Jó levantou-se, rasgou o manto, rapou a cabeça, caiu por terra e, prostrado, disse: 21“Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou: como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!” 22Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado nem se revoltou contra Deus.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 17,1.2-3.6-7 (R: 6b)

 

- Inclinai o vosso ouvido e escutai-me!
R: Inclinai o vosso ouvido e escutai-me!


- Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! Inclinai o vosso ouvido à minha prece, pois não existe falsidade nos meus lábios!

R: Inclinai o vosso ouvido e escutai-me!


- De vossa face é que me venha o julgamento, pois vossos olhos sabem ver o que é justo. Provai meu coração durante a noite, visitai-o, examinai-o pelo fogo, mas em mim não achareis iniquidade.

R: Inclinai o vosso ouvido e escutai-me!


- Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Mostrai-me vosso amor maravilhoso, vós que salvais e libertais do inimigo quem procura a proteção junto de vós.

R: Inclinai o vosso ouvido e escutai-me!

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Veio o Filho do homem, a fim de servir e dar sua vida em resgate por muitos (Mc 10,45).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 9,46-50

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

- Glória a vós, Senhor!   

 

 

- Naquele tempo, 46houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47Jesus sabia o que estavam pensando, pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, este é que é o maior”. 49João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lho proibimos, porque não anda conosco”. 50Jesus disse-lhe: “Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

  

 

Liturgia comentada

Quem seria o maior? (Lc 9,46-50)

Quando percebemos que Deus nos chama e nos cobre de graças, corremos o risco de nos sentirmos “especiais”, diferentes, melhores que o... resto. Afinal, fomos alvo de uma escolha de Deus!

 

Estamos diante de um sério risco: aquele desejo natural, sempre fermentando em nosso íntimo, de ocupar o primeiro lugar e nos tornarmos o centro de atenções, aplausos e veneração. Muitos “servidores” de Deus foram abatidos por esse desejo.

 

Como ensina Garrigou-Lagrange, “os adiantados, sem o perceberem, inflam-se de orgulho espiritual e de presunção e assim se afastam da simplicidade, da humildade e da pureza exigidas para a união íntima com Deus. ‘Eles até podem, diz São João da Cruz, endurecer-se com o tempo a tal ponto, que seu regresso à virtude simples e ao verdadeiro espírito de piedade é bastante duvidoso.’”

 

Como recorda Helmut Gollwitzer, “o culto do eu é muito inerente à natureza humana para que os discípulos de Jesus fossem preservados dele”. Bem no fundo do homem, as sequelas do pecado original, aquele salto ilusório além dos próprios limites da criatura, seduzida com a promessa de “serem como deuses” (cf. Gn 3,5).

 

Estrada afora, os escolhidos de Jesus discutem a respeito do grau de destaque e de elevação que iriam merecer com a implantação do Reino. Tristes ministros! Mal sabiam que o Reino incluía a Paixão, e que o trono do Rei seria a Cruz...

 

Por isso mesmo, Jesus de Nazaré se apressa a lhes apresentar um novo critério de avaliação das pessoas. Diante dele, diz Gollwitzer, todo poderio é quebrado. E Jesus se vale de uma imagem bem concreta para demonstrá-lo: abraça uma criança, isto é, um pequenino que os adultos não levam em conta, para acenar com o ideal dos que entram no Reino: nenhuma intenção, nenhuma preocupação com o destaque pessoal e nenhum valor próprio a ser destacado.

 

“Ao receber essa criança em sua fraqueza, os discípulos cessam obrigatoriamente de pensar em si mesmos e em seus próprios interesses. Renunciam ao orgulho de sua dignidade e de sua conduta que envenenam a piedade farisaica, pois Deus irrompeu na vida deles. Toda noção de grandeza é aniquilada.”

 

O verdadeiro seguidor de Jesus sabe de seus pecados. Reconhece o estado de miséria em que foi encontrado. Percebe que todo bem nele existente resulta dos próprios dons recebidos sem mérito algum de sua parte.

 

Orai sem cessar: “Eu me acalmo como criança desmamada no colo da mãe...” (Sl 131,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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