Liturgia de 19 de junho 2023

SEGUNDA FEIRA DA XI SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde, III semana do saltério)

 

Antífona da entrada

- Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão de mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)

 

Oração do dia

 

- Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo e, como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 2Cor 6,1-10

- Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos, 1como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, 2pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.3Não damos a ninguém nenhum motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja desacreditado. 4Mas em tudo nos recomendamos como ministros de Deus, com muita paciência, em tribulações, em necessidades, em angústias, 5em açoites, em prisões, em tumultos, em fadigas, em insônias, em jejuns, 6em castidade, em compreensão, em longanimidade, em bondade, no Espírito Santo, em amor sincero, 7em palavras verdadeiras, no poder de Deus, em armas de justiça, ofensivas e defensivas, 8em honra e desonra, em má ou boa fama; considerados sedutores, sendo, porém, verazes; 9como desconhecidos, sendo porém, bem conhecidos; como moribundos, embora vivamos; como castigados, mas não mortos; 10como aflitos, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo muitos; como quem nada possui, mas tendo tudo.

 

- Palavra do Senhor.

-Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 98,1.2-3ab.3cd-4 (R: 2a)

-O Senhor fez conhecer a salvação.
R: O Senhor fez conhecer a salvação.


- Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória.

R: O Senhor fez conhecer a salvação.


- O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel.

R: O Senhor fez conhecer a salvação.


- Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!

R: O Senhor fez conhecer a salvação.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Vossa Palavra é uma luz para os meus passos e uma lâmpada luzente em meu caminho (Sl 118,105).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 5,38-42


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

- Glória a vós, Senhor!

 

- Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 38“Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

  

Liturgia comentada

Olho por olho! (Mt 5,38-42)

Monstros habitam o subsolo do coração humano. Um deles é o ódio. Há muitas formas de despertá-lo: a traição, o abandono, o desprezo, a calúnia, a agressão, o estupro, as diferenças étnicas, políticas e religiosas. E todos nós estamos sujeitos a escolher um adversário, um inimigo, um “diferente” como alvo do sentimento de ódio que vem à tona de nosso lago interior.

 

A palavra “ódio” pode parecer excessiva, mas admite gradações em nosso comportamento: o silêncio da palavra negada, a neutralidade da indiferença, os apelidos zombeteiros, a formação de partidos, a sede de vingança, a campanha pela pena de morte. São degraus de uma escadaria em cujo topo está o assassinato.

 

Não raro, alguém tenta justificar a agressão e a vingança por meio do processo de “redução” de nosso alvo: é só um estrangeiro... é só um negro... é só um embrião... Como os jovens que atearam fogo a um mendigo: “Era só um índio...” E esta redução seria nosso pretexto para legitimar a exclusão, o golpe, o aborto. É como se as vítimas não fossem pessoas como nós; logo, vale tudo!

 

Como a tendência de nossa natureza decaída é a de devolver golpe com golpes, a Lei do Primeiro Testamento sentiu a necessidade de estabelecer algum equilíbrio entre a ofensa e a vingança: dente por dente, olho por olho (cf. Ex 21,24; Lv 24,20). É a conhecida “lei do talião”. Parece bárbaro e primitivo, mas já representava uma evolução, pois se alguém nos quebra um dente, a reação “normal” seria a de quebrar todos os dentes do agressor: uma reação desmedida.

 

Isto mudaria no clima da Nova Aliança assinada no sangue inocente de Jesus que, ao morrer na cruz, rogou ao Pai: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”. Sim, estou falando a cristãos, que conhece esta passagem do Evangelho, dentro do Sermão da Montanha, quando Jesus diz:

 

“Ora, eu vos digo: Não ofereçais resistência ao malvado!” E ainda: “Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5,39a.44-45)

Quando um caricaturista publica uma “charge” de Maomé, sabe que corre risco de vida. Fatos recentes o confirmam. Se, porém, for uma caricatura zombando de Jesus Cristo, ele está seguro de que ninguém o agredirá. Creio ver aqui um sinal concreto de que dos cristãos não se espera uma reação de ódio, pois se sentem filhos do Pai, um Deus Amor, incapaz de vingança e de ódio.

 

Orai sem cessar: “O Senhor é bom, eterna é a sua misericórdia!” (Sl 100,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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