QUARTA FEIRA – XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde - ofício do dia da)
Antífona da entrada
- Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22).
Oração do dia
- Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Rm 13, 8-10
- Leitura da carta de são Paulo aos Romanos: Irmãos, 8não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo – pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei. 9De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “Não matarás”, “Não roubarás”, “Não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento se resumem neste: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”.10O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 112,1-2.4-5.9 (R: 5a)
- Feliz quem tem piedade e empresta!
R: Feliz quem tem piedade e empresta!
- Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!
R: Feliz quem tem piedade e empresta!
- Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos. Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça.
R: Feliz quem tem piedade e empresta!
- Ele reparte com os pobres os seus bens, permanece para sempre o bem que fez, e crescerão a sua glória e seu poder.
R: Feliz quem tem piedade e empresta!
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Felizes sereis vós se fordes ultrajados por causa de Jesus, pois repousa sobre vós o Espírito de Deus (1Pd 4,14)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 14,25-33
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. 28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Se não renunciar... (Lc 14,25-33)
Eis a condição proposta por Jesus a quem tenciona ser seu discípulo: renunciar a tudo o que tem, sem excluir a própria vida. Este é o segredo dos mártires e dos grandes evangelizadores: abraçar a cruz.
Duro? Difícil demais? Uma utopia impossível na vida real? Leiamos as palavras de Santo Agostinho:
“O que o Senhor ordenou parece duro e penoso: se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo! Mas não é duro nem penoso na realidade, pois Aquele que ordena é também Aquele que ajuda a realizar o que ordenou.
É também verdadeira a palavra do salmo: ‘Por causa das palavras de teus lábios, eu segui caminhos penosos’. (Sl 17,4) E é verdadeira, ainda, a palavra que Ele mesmo pronunciou: ‘Meu jugo é fácil de levar, e meu fardo é leve’. (Mt 11,30) Tudo aquilo que é duro na ordem, o amor o torna fácil.”
O Bispo de Hipona não está dizendo absolutamente que o seguimento de Cristo é uma passeata escolar, um alegre piquenique pelo campo. Ele conhece bem as dificuldades reais: Quando começamos a seguir Jesus, conformando nossa conduta aos mandamentos do Senhor, aparecerá muita gente para nos contradizer, muitos para se contrapor, numerosos para nos desencorajar. E todos estes agirão assim na qualidade de companheiros de Cristo, afirma Santo Agostinho.
Aconteceu comigo. Quando fui convencido de que Deus me queria em tempo integral no trabalho da evangelização e decidi encerrar minha carreira de professor, demitindo-me do emprego, até o pároco me convocou e tentou demover-me da decisão. Apontou dificuldades materiais, prejuízos, responsabilidades com a família. Naquela época, aqui e ali, ouviam-se palavras como irresponsável, preguiçoso, louco...
Meus livros profissionais foram vendidos no sebo. Durante dez anos inteiros, sem salário e sem nenhuma renda fixa, vivemos da Providência que se manifestava em sacolas de alimentos surgidas na varanda, envelopinhos enfiados em meu bolso e outras surpresas de Deus. No mesmo período, os dois filhos fizeram sua faculdade. Com nosso exemplo, outras pessoas seguiram o mesmo caminho de abandono e confiança em Deus. A Graça não deixa ninguém sozinho.
Santo Agostinho não hesita ao garantir: “Quer se trate de ameaças, de bajulações ou de proibições, se tu queres seguir a Cristo, transforma tudo isso em cruz: tem paciência, suporta, não te deixes acabrunhar!”
Orai sem cessar: “Sustenta-me, Senhor, segundo a tua promessa!” (Sl 119,116)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.