QUARTA FEIRA DA I SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento I - ofício do dia)
Antífona da entrada
- O Senhor vai chegar, não tardará: há de iluminar o que as trevas ocultam e se manifestará a todos os povos (Hab 2,3; 1Cor 4,5).
Coleta
- Senhor Deus, preparai os nossos corações com a vossa força, para que o vosso Filho, o Cristo que vem, nos encontre dignos do banquete da vida eterna e mereçamos o alimento celeste por ele mesmo servido. Ele, que é Deus convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: Is 25, 6-10a
- Leitura do livro do profeta Isaías: Naquele dia, 6o Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. 7Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos, a teia em que tinha envolvido todas as nações. 8O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra; o Senhor o disse. 9Naquele dia, se dirá: “Este é o nosso Deus, esperamos nele, até que nos salvou; este é o Senhor, nele temos confiado: vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo”. 10aE a mão do Senhor repousará sobre este monte.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 23,1-3a.3b-4.5.6 (R: 6cd)
- Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
R: Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
- O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.
R: Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
- Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!
R: Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
- Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça e o meu cálice transborda.
R: Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
- Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.
R: Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Eis que o Senhor há de vir a fim de salvar o seu povo; felizes são todos aqueles que estão prontos para ir-lhe ao encontro.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 15,29-37
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 29Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. 30Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. 31O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel. 32Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”. 33Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, neste deserto, tantos pães para saciar tão grande multidão?” 34Jesus perguntou: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos”. 35E Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. 36Depois pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, e os dava aos discípulos, e os discípulos, às multidões. 37Todos comeram, e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
E ele os curou... (Mt 15,29-37)
Coxos, aleijados, cegos, mudos e outros doentes – a todos Jesus curou, sem fazer forma alguma de discriminação. Curou homens e mulheres, doentes crônicos e deficientes “de nascença”, atendendo a amigos (a sogra de Pedro), a estrangeiros (como o servo do centurião romano), e mesmo a quem o prendia (devolvendo a orelha de Malco).
Sei que os biblistas preferem falar em “sinais” quando se referem às curas do médico Jesus de Nazaré. O povo simples já se acostumou a falar de “milagres”. E continua pedindo os mesmos milagres, sendo muitas vezes atendido, pois a compaixão do Nazareno não mudou de lá para cá...
Pascal, o conhecido filósofo francês, escreveu na parte de final de seus “Pensées” uma frase colocada na boca de Jesus: “Os médicos não te curarão, pois no fim morrerás. Mas sou eu quem curo e torno o corpo imortal. Sofre as cadeias e a servidão corporal; por ora eu só te liberto da espiritual”.
Não creio que os leprosos da Palestina assinassem embaixo deste “pensamento” pascaliano. Nem a hemorroíssa curada após 12 anos de hemorragia, nem a menina retomada das carpideiras. Todos eles experimentaram algo que não achei nos manuais de medicina ou nos compêndios de teologia: o amor de Deus invade nossas vidas sem excluir nossos corpos. A “cura” ou salvação que o Senhor nos oferece envolve todo o ser: corpo, mente e espírito (cf. 1Ts 5,23).
Estou de acordo com François Trévedy, em um de seus sermões, quando diz que, para Jesus Cristo, a multidão não é uma espécie de massa indistinta, mas de conhecimentos e pessoas únicas. “Homem-Deus de relações, Jesus Cristo se preocupa com isso em grau máximo, e só se dispensa com conhecimento de causa. Para sanar nossas hemorragias mais inveteradas e mais secretas, ele nos infunde seu próprio sangue, não em virtude de alguma ordem cega e geral, mas do diagnóstico mais clarividente possível: o diagnóstico do amor criador que habilita e reabilita sem cessar na saúde, na santidade da existência.” Citando outro Pascal, “eu derramei estas gotas de sangue por ti” ...
Jesus médico. Sem diploma, mas eficaz. Sem CRM, mas atento a meu mal. Sem jaleco branco, mas decidido a branquear o coração do homem de toda a lama sobre ele lançada por um mundo que regressa ao paganismo. Ele, Jesus, saúde e salvação...
Meus sofrimentos e minhas enfermidades tocam o coração de Jesus...
Orai sem cessar: “Eram nossos sofrimentos que ele carregava...” (Is 53,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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