SEGUNDA FEIRA - SÃO CIRILO DE JERUSALEM
(roxo, pref. da paixão I, ofício do dia)
Antífona
- Tende pena e compaixão de mim, ó Deus, pois há tantos que me calçam sob os pés, e agressores me oprimem todo dia (Sl 55,2).
Coleta
- Ó Deus, que pela vossa graça inefável nos enriqueceis de todos os bens, concedei-nos passar da antiga à nova vida, a fim que estejamos preparados nos assim para a glória do vosso Reino. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: Dn 13,1-9.15-17
- Leitura da profecia de Daniel: 1 Havia um homem, de nome Joaquim, que estava residindo na Babilônia. 2 Era casado com uma mulher de nome Susana, filha de Helcias, mulher bonita e muito religiosa. 3 Seus pais, gente correta como eram, tinham educado a filha na Lei de Moisés. 4 Joaquim era um homem muito rico e tinha um espaçoso bosque junto à sua casa. Os judeus costumavam reunir-se ali, porque Joaquim era o mais respeitado de todos eles. 5 Para aquele ano tinham sido nomeados como dirigentes, dois anciãos do povo, dos quais o Senhor disse: “A injustiça brotou na Babilônia, vinda dos anciãos que pareciam governar o povo”. 6 Esses dois frequentavam a casa de Joaquim, pois era ali que as pessoas iam procurá-los quando tinham alguma coisa a resolver. 7 Acontecia que, quando o povo ia-se embora, por volta do meio dia, Susana saía para dar umas voltas no bosque do seu marido. 8 Os dois anciãos todos os dias viam Susana sair para dar seu passeio e assim começaram a cobiçá-la. 9 Perverteram o pensamento, desviaram o olhar para não enxergarem a Deus do céu, nem se lembrarem dos procedimentos corretos. 15Estavam os dois à espreita de uma ocasião oportuna, quando, um dia, ela saiu só com as duas meninas, como nos outros dias, e teve vontade de tomar banho no bosque porque estava fazendo calor. 16Não havia mais ninguém, a não ser os dois anciãos que estavam escondidos observando Susana. 17Ela disse às meninas: “Tragam-me sabão e perfumes e fechem o portão do bosque que vou tomar um banho!”
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 23,1-3a.3b-4.5.6 (R: 4a)
- Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
- O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.
R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
- Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!
R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
- Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do meu inimigo, com óleo vós ungis minha cabeça, e o meu cálice transborda.
R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
- Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.
R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
Aclamação ao santo Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos
- Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11).
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 8,1-11
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Levando-a para o meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio, em pé. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Nem eu te condeno... (Jo 8,1-11)
Os mais antigos documentos do Evangelho de João costumam omitir esta passagem. Entretanto, como observa de passagem a Bíblia de Jerusalém, não há dúvidas quanto à historicidade do acontecimento, nem quanto à canonicidade do texto. Fica, então, no ar a pergunta curiosa: - Por que motivo teriam omitido esta perícope do Evangelho durante um bom tempo?
Alguns comentaristas acenam para uma possibilidade: esta história de perdoar – tão facilmente! – uma pecadora pública parece um tanto escandalosa. Não é fácil de digerir. Os moralistas e os fariseus (exatamente aqueles que saíram com o rabo entre as pernas...) preferem a aplicação da lei, fria e cega. Ademais, um perdão tão rápido, sem penitências nem reparações – não estimula o mau procedimento dos outros? Então, como fica o aspecto exemplar das punições?
Não fica. Simplesmente, não fica. Em geral, nossa justiça humana permanece presa ao passado: errou, tem de pagar! E mesmo após cumprida a pena, perdura o estigma do lado de fora (na pele) e o remorso do lado de dentro (no coração). A justiça divina é diferente: olha para o futuro. Deus contempla o pecador e divisa o santo escondido sob as escaras do pecado.
Urs von Balthasar comenta que este Evangelho aponta para o futuro, onde a salvação de Deus cria a novidade para a qual nós nos apressamos. Nossa vida consistirá em nos dirigir para esta salvação divina. Ele diz:
“O Evangelho nos mostra pecadores que, sob o olhar de Jesus, acusam outro pecador. Mostra Jesus que, como se estivesse ausente, escreve sobre o solo. Apenas por duas vezes ele rompe o silêncio: a primeira vez, para reunir acusadores e acusada na comunidade do pecado; a segunda vez, para pronunciar seu perdão – pois ninguém pode mais condenar a outrem. Diante de seu sofrimento mudo para todos, toda acusação deveria também calar-se, pois ‘Deus encerrou todos os homens na mesma desobediência’ - não para os punir, como desejariam os acusadores – mas para ‘fazer misericórdia a todos’ (Rm 11,32).
Se ninguém pode condenar a mulher – conclui H. U. von Balthasar -, isto não se deve apenas à primeira palavra de Jesus, mas muito mais à segunda: ele sofreu por todos, a fim de adquirir para todos o perdão do céu, e por essa razão ninguém mais pode acusar o outro diante de Deus.”
Sim, eu sei que os moralistas continuam insatisfeitos. Assim sendo, queiram responder a esta pergunta: se era para julgar e condenar o pecador – como eu e você -, para que teria morrido na Cruz o Salvador do Mundo? Se não foi para lavar o pecador, atomizar o pecado, sumir com ele do mundo, não terá sido inútil a sua morte?
Orai sem cessar: “Perto está o Senhor, e salva os contritos!” (Sl 34,19)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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