Liturgia de 25 de março de 2024

SEGUNDA FEIRA - SEMANA SANTA

(roxo, pref. da paixão II, ofício próprio)

 

Antífona

- Julgai, Senhor, meus acusadores, combatei aqueles que me combatem. Tomai armadura e escudo e levantai-vos, vinde em meu socorro! Senhor, minha força e salvação. (Sl 34,1; Sl 139,8).

 

Coleta

- Deus todo poderoso, concedei a nós, que desfalecemos em nossa fraqueza, recobrar, novo alento pelos méritos da paixão do vosso Filho unigênito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

1ª Leitura: Is 42,1-7

- Leitura do livro do profeta Isaías: 1“Eis o meu servo — eu o recebo; eis o meu eleito — nele se compraz minha alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. 2Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. 3Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. 4Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos”. 5Isto diz o Senhor Deus, que criou o céu e o estendeu, firmou a terra e tudo que dela germina, que dá a respiração aos seus habitantes e o sopro da vida ao que nela se move: 6“Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, 7para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 27,1.2.3.13-14 (R: 1a)

 

- O Senhor é minha luz e salvação.
R: O Senhor é minha luz e salvação.


- O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei?

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Quando avançam os malvados contra mim, querendo devorar-me, são eles, inimigos e opressores, que tropeçam e sucumbem.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Se contra mim um exército se armar, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!

R: O Senhor é minha luz e salvação.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 12,1-11

 

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

 

- Salve, nosso rei, somente vós tendes compaixão dos nossos erros (Ez 33,11)

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- 1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.  4Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5“Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. 7Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”. 9Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

  

 

Liturgia comentada

Trezentas libras... (Jo 12,1-11)

Que cena! Em pleno jantar – uma reunião tradicional judaica da qual participavam exclusivamente os homens -, a irmã de Lázaro, a quem Jesus acabara de ressuscitar (ver capítulo 11 do mesmo Evangelho), invade literalmente o espaço do convívio para realizar um ato simbólico. Maria traz consigo um frasco de nardo puro, isto é, sem estar diluído em outro óleo, para com ele ungir os pés do Mestre. De quebra, a mulher ainda os enxuga com seus próprios cabelos.

 

Que cena! Que reações subterrâneas este episódio terá provocado nos convidados atônitos! De início, a presença feminina imprópria e inesperada, segundo os rígidos padrões da época. A extrema ousadia de soltar os cabelos em público (a mulher judaica os trazia presos e cobertos por um véu; só diante do esposo, no recesso da alcova nupcial, é que ela soltava os cabelos!).

 

E – o que mais incomodou a Judas Iscariotes – o desperdício de dinheiro... Segundo a opinião de um entendido em finanças (o próprio Judas), aquele aroma valeria no mínimo 300 denários, isto é, o salário de um operário que trabalhasse 300 dias! Afinal, o nardo era substância rara, importada da Ásia...

 

O texto original grego traz a expressão nárdon pistikes [νάρδον πιστικης], onde o segundo termo se associa à palavra “fé” [em grego, πίστις]. O humilde gesto de adoração feito por Maria de Betânia sinalizava a sua fé na natureza divina do Senhor. Uma fé que se irradiava em torno, tal qual a fragrância do perfume. Algo que nos recorda o óleo do crisma, também ele perfumado, para indicar que, ao receber a confirmação de seu batismo, o fiel assume o compromisso de testemunhar!

 

Insatisfeito, Judas Iscariotes propõe publicamente uma espécie de opção obrigatória entre a adoração a Deus e o serviço aos pobres. Nada mais falso! Essa tal “economia de bálsamo” redunda em péssima teologia! Aliás, o serviço ao pobre só tem valor se significa uma forma de adoração a Deus, que é o Pai dos pobres...

 

Ainda hoje, há quem reclame dos gastos com o culto divino, com a construção de templos dignos de Deus. Coisa de burguês. Os pobres são os primeiros a exigir dignidade para as coisas de Deus. Se, no Carnaval, os moradores da favela não querem saber de economia para celebrar sua alegria, investindo pesadamente nas escolas de samba, quanto mais devemos nós investir para que o culto divino tenha brilho e solenidade!

 

Maria ainda hoje é lembrada por seu amoroso “desperdício”. Será que nós estamos economizando para Deus?

 

Orai sem cessar: “Como é bom celebrar o Senhor!” (Sl 92,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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