SEXTA FEIRA - OITAVA DA PÁSCOA
(branco, glória, prefácio da páscoa I - ofício próprio)
Antífona
- O Senhor conduziu o seu povo na esperança e o mar cobriu seus inimigos, aleluia! (Sl 77,53)
Coleta
- Deus eterno e todo-poderoso, que nos destes o sacramento da Páscoa para reconciliar a humanidade na aliança convosco, concedei-nos realizar em nossa vida o que na liturgia proclamamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: At 4,1-12
- Leitura dos Atos dos Apóstolos - Naqueles dias, depois que o paralítico fora curado, 1Pedro e João ainda estavam falando ao povo, quando chegaram os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. 2Estavam irritados porque os apóstolos ensinavam o povo e anunciavam a ressurreição dos mortos na pessoa de Jesus. 3Eles prenderam Pedro e João e os colocaram na prisão até o dia seguinte, porque já estava anoitecendo. 4Todavia, muitos daqueles que tinham ouvido a pregação acreditaram. E o número dos homens chegou a uns cinco mil. 5No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém os chefes, os anciãos e os mestres da Lei. 6Estavam presentes o sumo Sacerdote Anás, e também Caifás, João, Alexandre, e todos os que pertenciam às famílias dos sumos sacerdotes. 7Fizeram Pedro e João comparecer diante deles e os interrogavam: “Com que poder ou em nome de quem vós fizestes isso?” 8Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Chefes do povo e anciãos: 9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. 10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos — que este homem está curado, diante de vós. 11Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular. 12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 118,1-2.4.22-24.25-27a (R: 22)
A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
R: A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
- Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!” A casa de Israel agora o diga: “Eterna é a sua misericórdia!” Os que temem o Senhor agora o digam: “Eterna é a sua misericórdia!”
R: A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
- “A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular”. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: Que maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!
R: A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
- Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, ó Senhor, dai-nos também prosperidade!” Bendito seja, em nome do Senhor, aquele que em seus átrios vai entrando! Desta casa do Senhor vos bendizemos. Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!
R: A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!
(Sl 117, 24).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 21,1-14
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros discípulos de Jesus. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu uma roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
É o Senhor! (Jo 21,1-14)
O cenário é o Lago de Genesaré ou Tiberíades que, na região de poucas águas, era conhecido como o “Mar” da Galileia. Formado principalmente pelas águas do Jordão, era a vida de várias cidades costeiras, como Tiberíades e Cafarnaum. Em suas margens, ocorrera o chamado de Jesus para Pedro e André, Tiago e João (Mc 1,16-20), prometendo fazê-los “pescadores de homens”. Ali presenciaram com assombro a primeira pesca milagrosa (Lc 5,1-11), após uma noite inteira de trabalho inútil.
Desta vez, com Jesus já ressuscitado, o Evangelho narra uma espécie de retorno ao passado, uma experiência tateante de voltar a território seguro: o de pescar peixes. De novo o mar se mostra ingrato. De mãos vazias, navegavam para a margem, onde um vulto meio indistinto nas brumas da madrugada pede um peixe para comer. Diante da resposta negativa dos pescadores, faz uma sugestão: “Lançai a rede para a direita do barco e haveis de achar...”
Contra toda expectativa humana, eles obedecem e – para surpresa deles – as redes se mostram tão pesadas que mal podem ser arrastadas. Foi o suficiente para que João reconhecesse o autor da proposta: - “É o Senhor!” E Pedro, cobrindo-se, pois estava em trajes menores, lançou-se às águas...
O texto é rico de sugestões, mas permite uma reflexão especial. O trabalho humano é limitado. Nossas capacidades são relativas. Há inúmeros obstáculos para nossa atuação. Mas se o Senhor entra em nosso trabalho, tudo muda. É diferente agir por iniciativa própria e atuar sob a inspiração de Deus.
Pedro é o velho pescador, já sem o ânimo e a novidade da juventude. As redes eram velhas, sofriam remendos desde o primeiro encontro com Jesus. As barcas, cansadas. O lago, frequentemente ingrato em responder ao esforço dos pescadores. Mas bastou seguir a ordem do Mestre, e a pesca foi farta, acima de toda expectativa humana. João, mais jovem, sempre intuitivo, é o primeiro a perceber que ali “havia coisa”: o resultado superava infinitamente a capacidade dos homens e a possibilidade das águas. Por isso, num relance, intui a presença de Jesus na praia deserta.
A Igreja deve aprender com este episódio. As comunidades e famílias tenham sempre em mente os limites de seu trabalho. Ao mesmo tempo, porém, devem manter os olhos fixos em Jesus, ajustar a sintonia fina nas inspirações do Espírito Santo, para perceber em que direção há de soprar o Vento...
Estamos atentos à voz de Deus que nos fala pela Igreja?
Orai sem cessar: “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos!” (Sl 27,11)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.