Liturgia de 03 de setembro de 2017

DOMINGO – XXII SEMANA DO TEMPO COMUM
(Verde, glória, creio – II semana do saltério)

Antífona da entrada

- Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que vos invocam (Sl 85,3.5).

Oração do dia

- Deus do universo, fonte de todo bem, derrame em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Jr 20,7-9

- Leitura do Livro do profeta Jeremias: 7Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder. Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim. 8Todas as vezes que falo, levanto a voz, clamando contra a maldade e invocando calamidades; a palavra do Senhor tornou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro. 9Disse comigo: “Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele”. Senti, então, dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo; desfaleci, sem forças para suportar.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 63,2.3-4.5-6.8-9 (R: 2b)

- A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!
R: A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!

- Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minh’alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água!
R: A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!

- Venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida; e por isso meus lábios vos louvam.
R: A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!

- Quero, pois, vos louvar pela vida, e elevar para vós minhas mãos! A minh’alma será saciada, como em grande banquete de festa; cantará a alegria em meus lábios, ao cantar para vós meu louvor!
R: A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!

- Para mim fostes sempre um socorro; de vossas asas à sombra eu exulto!
Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta.
R: A minh’alma tem sede de vós como a terra sedenta, ó meu Deus!

2ª Leitura: Rm 12,1-2

- Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos: 1Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. 2Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.

- Que o Pai do Senhor Jesus Cristo nos dê do saber o espírito; conheçamos, assim, a esperança à qual nos chamou, como herança! (Ef 1,17).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 16,21-27

- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 21Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. 22Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” 23Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!” 24Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 25Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 26De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com sua conduta”.

- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
Para trás, satanás! (Mt 16,21-27)

Não. Não se trata de algum tipo de exorcismo... Foi esta a frase imperativa de Jesus dirigida a Simão Pedro, o mesmo apóstolo que o Senhor havia escolhido como “rocha” para o alicerce da Igreja. Qual o motivo de uma interpelação tão forte? O que levou o Mestre a associar Pedro e o tentador?

Vejamos a explicação do teólogo Hans Urs von Balthasar:

“Quando Jesus, no Evangelho, apresenta seu decisivo programa de missão, não é apenas o mundo que se escandaliza com a cruz, mas em primeiro lugar a Igreja. Ele se compõe de homens que gostariam, todos eles, e por todo o tempo possível, de escapar do sofrimento. Todas as religiões, exceto o cristianismo, correspondem a este programa: - ‘Como o homem pode escapar ao sofrimento?’ Seja por meio estoicismo, libertando-se da roda das reencarnações, mergulhando na meditação etc. Cristo, ao contrário, tornou-se homem para sofrer, e sofrer mais do que ninguém jamais sofreu.

Portanto, aquele que quer impedi-lo é um adversário [satã = adversário]. E este homem não o ouvirá dizer: ‘Fica feliz porque eu sofro por ti’, mas, ao contrário: ‘Toma tu mesmo a tua cruz, por amor a mim e em favor de teus irmãos, pela salvação dos quais é preciso sofrer. Não existe outra via de salvação a não ser eu mesmo. “Tua salvação não consiste em te despojares de teu ‘eu’, mas em sacrificares sem cessar o teu ‘eu’ pelos outros, o que não acontece sem dor e sem cruz.”

O mal-entendido de Simão Pedro não é uma exclusividade do velho pescador. Ainda hoje, como naquele tempo, uma multidão de pessoas que se consideram cristãs continua a buscar em Jesus Cristo uma espécie de analgésico, um remédio contra a dor. Há templos com uma placa na fachada: “Pare de sofrer!” Como se fosse possível seguir o Crucificado sem a cruz do Calvário.

Sem falar naqueles “fiéis” que se afastaram da fé porque sua cruz não lhes foi retirada, fosse ela uma enfermidade, uma perseguição ou um cônjuge de convivência difícil. A decepção deles foi consequência de uma ilusão: queriam seguir um Deus vencedor, poderoso, dominador, em cujo reino eles teriam facilidades e privilégios, sentados em um trono de ouro, à direita do Rei.

Basta ler a vida dos santos – qualquer deles! – para perceber que seu itinerário de santificação se desenvolveu sob o peso da cruz. E mais: foi exatamente essa cruz abraçada dia após dia que permitiu, à sua volta, a irradiação do amor de Deus e a salvação das almas.

Orai sem cessar: “Que eu me glorie somente da cruz de N. S. Jesus Cristo!” (Gl 6,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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