Liturgia de 03 de fevereiro de 2018

SABADO DA IV SEMANA DO TEMPO COMUM
(cor verde - ofício do dia)

Antífona da entrada

- Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105, 47)

Oração do dia

- Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo coração e amar todas as pessoas com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: 1Rs 3,4-13


- Leitura do Primeiro Livro dos Reis: Naqueles dias, 4o rei Salomão foi a Gabaon para oferecer um sacrifício, porque esse era o lugar alto mais importante. Salomão ofereceu mil holocaustos naquele altar. 5Em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e lhe disse: “Pede o que desejas e eu to darei”. 6Salomão respondeu: “Tu mostraste grande benevolência para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou na tua presença com sinceridade, justiça e retidão de coração para contigo. Tu lhe conservaste esta grande benevolência, e lhe deste um filho que hoje ocupa o seu trono. 7Portanto, Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. 8Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. 9Dá, pois, a teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?” 10Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. 11E Deus disse a Salomão: “Já que pediste estes dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, 12vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti. 13Mas dou-te também o que não pediste, tanta riqueza e tanta glória como jamais haverá entre os reis, durante toda a tua vida.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 119,9.10.11.12.13.14 (R:12b)

- Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!


- Como um jovem poderá ter a vida pura? Observando, ó Senhor, vossa palavra.

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!


- De todo coração eu vos procuro, não deixeis que eu abandone a vossa lei!

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!


- Conservei no coração vossas palavras, a fim de que eu não peque contra vós.

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!


- Ó Senhor, vós sois bendito para sempre; os vossos mandamentos ensinai-me!

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!


- Com meus lábios, ó Senhor, eu enumero os decretos que ditou a vossa boca.

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!


- Seguindo vossa lei me rejubilo muito mais do que em todas as riquezas.

R: Ó Senhor, ensinai-me os vossos mandamentos!

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

- Minhas ovelhas escutam minha  voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).

Aleluia, aleluia, aleluia

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 6,30-34


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto, e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
Vinde a um lugar deserto! (Mc 6,30-34)

Pouco sabemos sobre o deserto. Em geral, pensamos nele como um inóspito areal, onde o vento e as tempestades de areia se alternam com o dia tórrido e as noites gélidas. Na verdade, tememos o deserto. Quando não há ninguém à vista, somos constrangidos a olhar para nosso interior...

Quando Charles de Foucauld abandonou as luzes de Paris e mergulhou na solidão de Tamanrasset, no deserto de Marrocos, ela sabia muito bem a quem procurava. Ou melhor: Quem procurava por Charles... O deserto era o lugar do encontro definitivo com Deus. Ali, na áspera ermida de pedras, que ele ergueu com as próprias mãos, Jesus Cristo seria o absoluto, sem competidores. Joelhos dobrados diante da Hóstia consagrada, Charles se limitaria a amar e ser amado...

No Evangelho de hoje, o “deserto” significava para o discípulo uma rara oportunidade de descanso, longe da multidão. Mas seria também o desejado tempo de intimidade com o Mestre, quando ele ensinava os mistérios do Pai em linguagem “traduzida” (cf. Mt 13,36), acessível, sem figuras. E o discípulo precisa do deserto. Não pode viver todo o tempo tragado pela multidão. Não pode ser arrastado pela enxurrada a que chamam de “civilização urbana”. Afinal, como dizer ao povo a Palavra de Deus, se não temos tempo para escutar o que Deus nos quer falar?

Na prática – confessemos com toda a sinceridade -, não é só para Deus que não temos tempo. A mãe já não tem tempo para os filhos. O esposo não tem tempo para a esposa. Nem mesmo o chefe quer ser incomodado pelos subordinados. Estamos tão atarefados em realizar nossos projetos (e os inadiáveis projetos das empresas, aqui incluída a própria instituição eclesial!), que mais parecemos um barquinho de papel arrastado pela correnteza da sociedade...

Falamos tanto em liberdade e em direitos humanos, mas procedemos como escravos que se deixam seduzir e arrastar pelos projetos daqueles que regem o mercado e a economia, indiferentes à sede do coração humano.

Ouviremos um dia a voz de Deus que nos chama ao deserto? Ouviremos o convite de amor que anseia por nossa intimidade? Seríamos capazes de desligar a TV, cancelar compromissos, rasgar a agenda?

Ou continuaremos nosso caminho sufocados pelo caos tecido de ruído e buzinas, rock e sirenes, respirando ao ritmo de nossos celulares? Seremos sempre dentes da engrenagem impiedosa que ocupa o coração humano, fechando-o aos apelos do amor que morre de fome ali na esquina?

No silêncio do deserto, Deus espera por nós...

Orai sem cessar:Vou abrir um caminho em pleno deserto!” (Is 43,19b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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