Quaresma - Por que tenho que me preparar para a Páscoa?

Essa é fácil: porque Deus mesmo se preparou para a Páscoa.

E que coisas têm a ver com a Páscoa: Quaresma, sacrifício, ovos de chocolate, “Paixão de Cristo”, Sábado de Aleluia, pecado, lava-pés, malhação do Judas, Domingo de Ramos, procissão de Cristo morto... ?

Você saberia dizer o que é cada uma delas? E na ordem correta? É tanta coisa ao mesmo tempo. Será que se pode confiar que todo mundo sabe o que se está celebrando? Depois de ver uma entrevista feita a pessoas comuns nas ruas de Roma, cheguei à conclusão de que não. A pergunta era: “O que é a Quaresma?” Eis aqui algumas das resposta: “É não comer chocolate”; “Não sei, mas me lembro que era uma coisa ruim”; “Não sei, mas deve ser algo que parece que nunca acaba, pois se diz: ‘Longo como uma Quaresma’”. Com isso, basta para se ter uma ideia de “como está a situação”.

Vamos por partes. Primeiro um breve comentário sobre como Deus se preparou para a Páscoa. Depois, colocaremos um pouco de ordem no quebra-cabeça. Comecemos. O início de tudo é a criação do mundo. Você sabe por que Deus quis criar o mundo? Por amor. Deus é amor e se você já amou alguma vez, saberá que quando se ama se quer que todos o saibam. O amor é comunicativo, é efusivo. Deus derramando todo o Seu amor criou o mundo, que era bom, como nos diz o livro do Gênesis. O mundo foi uma obra de toda a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Cada um colaborou de uma forma. Mas o maior detalhe foi dado quando Deus quis criar o homem. “Criou-o à Sua imagem e semelhança”. Criou-o para que fosse Seu amigo. Passeava com o homem todos os dias no jardim do Paraíso. Mas o homem desconfiou de Deus, e quis ser como Ele. E pecou.

O que você faria se estivesse no lugar de Deus e depois de tanto trabalho, tanto amor, tanto empenho em amar, fosse traído dessa forma? Talvez aniquilaria esse homenzinho que pensava que era muita coisa. Mas Deus, com o Seu amor infinito, mudou os Seus planos, sem mudar o Seu desígnio original, que é a amizade que Ele quer ter com essa criatura. Desde então, Ele já começou a preparar a Páscoa. Para que vejam que essa preparação vem de longe!

E o que tinha que planejar Deus? Tinha que reparar esse desastre irreparável do pecado. Parece contraditório: reparar o irreparável. E assim é. É irreparável para o homem, mas não para Deus, porque quem foi ofendido foi Ele. Assim que, por mais que os homens oferecessem bois em sacrifícios, nunca poderiam pagar essa dívida; nem com todos os bois de todos os tempos! Então, Deus planejou entrar no mundo, fazer-Se homem. Agora sim, enquanto Deus, o Seu sacrifício poderia pagar o preço da dívida de uma ofensa feita a Ele e, enquanto homem, esse pagamento serviria como compensação feita por todos nós. Só Deus mesmo podia pensar em algo semelhante!

Agora, Deus começou a preparar tudo para a execução do Seu plano. O homem, abandonado a si mesmo, vivia cada vez mais mergulhado no pecado. Idolatrias, imoralidades, violências, injustiças... Essa é a vida dos nossos primeiros antepassados neste mundo como o conhecemos. O homem já não conhecia a Deus. Mas Deus se fez presente. Revelou-Se a Abraão. Fez saber que Ele existia, que Ele era o único Deus, que queria construir um povo. E assim, pouco a pouco Deus foi instruindo algumas pessoas e foi desenhando e colocando em prática o Seu plano.

Um desses fatos mais importantes foi a libertação do povo da escravidão no Egito, através de Moisés. E é importante porque é prefiguração da Páscoa que conhecemos. Aquela Páscoa livrou os hebreus da escravidão do Egito; a Nova Páscoa nos livra da escravidão do pecado. Aquela Páscoa se comemorou com o sacrifício de um cordeiro; na Nova Páscoa o cordeiro sacrificado é Jesus Cristo. Com aquela Páscoa, se formou o povo de Israel e Deus lhes deu a Lei da Aliança; com a Nova Páscoa Deus deu inicio à Sua Igreja e nos presenteou uma Nova e Eterna Aliança onde Ele mesmo se faz presente por meio da Eucaristia e permanecerá conosco até o final dos tempos.

A Quaresma é quarenta dias e nos recordam os dias que Jesus passou no deserto preparando-Se para começar a Sua missão, logo depois que foi batizado. Nesse tempo, o Evangelho disse que não comeu nem bebeu nada. Também representa a preparação do povo de Israel no deserto por quarenta anos, antes de entrar na terra prometida. É por isso que nós também nos associamos a Jesus vivendo a nossa Quaresma como preparação para a vivência dos mistérios da Páscoa. Fazemos sacrifícios para nos associarmos melhor a Jesus, que Se está preparando para morrer pelos nossos pecados.

No Domingo de Ramos, Jesus entra em Jerusalém. Começa a Semana Santa. Quinta-feira Santa: Jesus, sabendo que vai oferecer a Sua vida como sacrifício pelos nossos pecados, antecipa a celebração da Eucaristia. Ou seja, Ele sabe que vai ter que nos deixar e, ao mesmo tempo, quer ficar conosco e “inventa”, “cria” a Eucaristia, que é Ele mesmo presente no nosso meio. De novo, só Deus poderia pensar em alguma coisa parecida. Nessa última Ceia, Jesus celebra a primeira Missa, institui a Eucaristia e também os Seus apóstolos como sacerdotes, que a partir desse momento celebrarão as demais Missas como outros Cristos. E, além de tudo isso, Jesus lava os pés dos apóstolos, o que significa a Nova Lei que Ele nos deixa: a Lei do Amor.

Nessa mesma noite, depois desta cena começará a “Paixão” do Senhor. Esse termo se utiliza porque vem do grego e tem o sentido de alguma coisa que vem de fora, ou seja, que eu não faço, ao contrário, eu a sofro. Por tanto, significa o “sofrimento” de Cristo. Ele será preso, julgado pelos judeus e pelos romanos. Não encontrarão culpa n’Ele, mas Pilatos tem medo da revolta do povo e O condena a morte.

Na Sexta-Feira Santa, celebramos a morte de Jesus. Neste dia não se celebram missas, porque Jesus está morto, mas se recebe a Eucaristia, porque sabemos que, ainda que celebremos a Sua morte neste dia, Ele está vivo.

O Sábado Santo é o dia do grande silêncio. É um dia que serve para acompanhar o sofrimento de Maria. Também se conhece com o nome de Sábado de Aleluia, mas isso se deve a que a Celebração da Ressurreição de Jesus se faz entre o fim do sábado e o início do domingo.

O Domingo de Páscoa é o dia da Ressurreição do Senhor. É o domingo por excelência. Todas as missas dos outros domingos do ano são uma atualização deste Domingo da Ressurreição do Senhor. Os ovos de Páscoa são usados porque em alguns lugares representavam a vida. Mas na Igreja primitiva outros eram os símbolos para recordar a Ressurreição: a âncora, a ave Fênix, etc.

Agora, já estamos melhor preparados para uma entrevista e, principalmente, para viver com mais consciência e fervor esses dias santos.

Vença o mal com o bem!

AUTORIA - Cássio Barros, L.C.

FONTE - Valores – Escritório de Redação