L Liturgia

Liturgia de 19 de abril de 2018

QUINTA FEIRA – III SEMANA DA PÁSCOA
(Branco, ofício do dia)

Antífona da entrada

 

- Cantemos ao Senhor: ele se cobriu de glória. O Senhor é minha força e o meu cântico: foi para mim a salvação, aleluia!  (Ex 15,1).

Oração do dia

 

- Ó Deus eterno e onipotente, que nestes dias vos mostrais tão generoso, dai-nos sentir de mais perto de vosso amor paterno para que, libertados das trevas do erro, sigamos com firmeza a luz da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 8,26-40

 

- Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 26um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: “Prepara-te e vai para o sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza. O caminho é deserto”. Filipe levantou-se e foi. 27Nisso apareceu um eunuco etíope, ministro de Candace, rainha da Etiópia, e administrador geral do seu tesouro, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém. 28Ele estava voltando para casa e vinha sentado no seu carro, lendo o profeta Isaías. 29Então o Espírito disse a Filipe: “Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. 30Filipe correu, ouviu o eunuco ler o profeta Isaías e perguntou: “Tu compreendes o que estás lendo?” 31O eunuco respondeu: “Como posso, se ninguém me explica?” Então convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. 32A passagem da Escritura que o eunuco estava lendo era esta: “Ele foi levado como ovelha ao matadouro; e qual um cordeiro diante do seu tosquiador, ele emudeceu e não abriu a boca. 33Eles o humilharam e lhe negaram justiça; e seus descendentes, quem os poderá enumerar? Pois sua vida foi arran­cada da terra”. 34E o eunuco disse a Filipe: “Peço que me expliques de quem o profeta está dizendo isso. Ele fala de si mesmo ou se refere a algum outro?” 35Então Filipe começou a falar e, partindo dessa passagem da Escritura, anunciou Jesus ao eunuco. 36Eles prosseguiram o caminho e chegaram a um lugar onde havia água. 37Então o eunuco disse a Filipe: “Aqui temos água. O que impede que eu seja batizado?” 38O eunuco mandou parar o carro. Os dois desceram para a água e Filipe batizou o eunuco. 39Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe. O eunuco não o viu mais e prosseguiu sua viagem, cheio de alegria. 40Filipe foi parar em Azoto. E, passando adiante, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesareia.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 66,8-9.16.17.20 (R: 1)

 

- Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.

R: Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.


- Nações, glorificai ao nosso Deus, anunciai em alta voz o seu louvor! É ele quem dá vida à nossa vida, e não permite que vacilem nossos pés.

R: Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.


- Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar: vou contar-vos todo bem que ele me fez! Quando a ele o meu grito se elevou, já havia gratidão em minha boca!

R: Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.


- Bendito seja o Senhor Deus que me escutou, não rejeitou minha oração e meu clamor, nem afastou longe de mim o seu amor!

R: Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

- Eu sou o pão vivo descido do céu, quem deste pão come sempre há de viver (Jo 6,51).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 6,44-51

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. 46Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. 51Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

   

Liturgia comentada
Se meu Pai não o atrair... (Jo 6,44-51)

Nosso Deus é um grande sedutor. Ele não se contenta em chamar, mas atrai, seduz, magnetiza até o ponto de a pessoa sentir-se torturada em sua resistência ao amoroso abraço do Pai. Santo Agostinho foi exemplar ao descrever essa espécie de “saudade de Deus” que envolve o coração humano.

Neste Evangelho, repete-se o “jogo de gato e rato” entre Jesus e seus ouvintes. Tal como no tempo do Êxodo (cf. Ex 15 a 17), os judeus do tempo de Jesus também se entregam às murmurações. Tal como em português, o verbo grego empregado pelo evangelista João também soa como onomatopeia: gogguyzo. O Mestre ensina, esclarece, dá sinais, mas eles estão obstinados à aparência das coisas, sem lhes penetrar o sentido profundo: “Não é ele o filho de José? Como ele diz que desceu dos céus” E permanecem longe de reconhecer o Filho de Deus...

E Jesus explica o impasse: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrai”. André Scrima comenta a passagem: “A fé em Jesus não é somente uma obra não humana, mas ela acontece em decorrência da atração do Pai. Tal é o agir do Pai: atrair os homens para o Filho encarnado no mundo. A única verdadeira via para ir a Jesus é aquela que acontece pelo agir sobrenatural do Pai. Está escrito nos profetas: ‘todos os teus filhos serão instruídos por Deus’. (Is 54,13)”

“A aliança que Deus concluiu com o povo eleito – prossegue Scrima – tem por finalidade fazê-lo acessar outra aliança, superior, uma aliança nova e completa, na qual ‘cada um não instruirá mais o seu vizinho ou seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor!’ De fato, todos me conhecerão’ (Jr 31,31-34); e esta obra será Aquele que Deus enviará e dele nascerá. Ora, apesar desta obra que se completa com a vinda de Jesus até eles, os judeus não o quiseram receber diretamente de Deus, mas pela interposição dos profetas e dos rabinos instruídos.”

Como explicara a incredulidade dos contemporâneos de Jesus? Apesar de todos os sinais, eles não conseguem admitir a origem divina de Jesus, pois esta é objeto da fé concedida pelo Pai, e não brota da simples visão humana. Como observa Louis Bouyer, “o movimento que leva o homem para Cristo, como aquele que impeliu o Filho a se encarnar para ir ao homem, é operado pelo Pai. É pelo próprio ensinamento que o Pai dá aos homens que estes são conduzidos a seu Filho”.

Maravilhosa operação da Trindade que ama o homem e quer salvá-lo. Quando veio o Espírito de Pentecostes, os apóstolos penetraram neste mistério (cf. Cl 1,26).

Orai sem cessar: “Eu os atraía com laços de amor...” (Os 11,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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