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Liturgia de 08 de março de 2019

SEXTA FEIRA – DEPOIS DAS CINZAS
(Roxo, ofício do dia)

Antífona da entrada

 

- O Senhor me ouviu e teve compaixão. O Senhor se tornou o meu amparo

(Sl 29,11).

Oração do dia

 

- Ó Deus, assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresmas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Is 58,1-9

 

- Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor Deus: 1“Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. 2Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de Deus: 3“Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos?” — É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. 4É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas.  Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. 5Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor?  6Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? 7Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. 8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 51,3-4.5-6a.18-19 (R: 9b)

- Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!


- Tende piedade ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!


- Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!


- Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 9, 14-15

Salve, Cristo luz da vida, companheiro na partilha.

Salve, Cristo luz da vida, companheiro na partilha.

- Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus, convosco estarás!  (Am 5,14)

 

Salve, Cristo luz da vida, companheiro na partilha.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 9, 14-15

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!  


-
Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!  

 

 

Liturgia comentada
O Esposo lhes será tirado... (Mt 9,14-15)

Os discípulos de João Batista viviam uma vida ascética, a exemplo de seu Mestre. Já os discípulos de Jesus, ainda que pobres, formavam um bando bastante informal e alegre, sempre disposto a se reunir em torno de uma mesa. O próprio Jesus confessa: “Desejei ansiosamente comer esta ceia convosco!” (Lc 2,15.) Os adversários vão dar-lhe o rótulo de beberrão e comilão (cf. Lc 7,34).

Entre os hebreus, o jejum costumava ser um sinal de luto. Os contemporâneos do Rei Davi estranharam quando ele interrompeu seu jejum logo após a morte do filho que tivera com Betsabé (cf. 2Sm 12,21). Daí a resposta de Jesus quando os discípulos de João vão até ele, perguntando por que seus discípulos não jejuavam: é que o Esposo estava com eles e durante as bodas ninguém faz jejum.

A primeira lição, para nós, é que Jesus é o Esposo. A Igreja é a noiva, que ele deverá encontrar sem mancha e sem ruga. A cena das Bodas de Caná tem sido interpretada pelos exegetas como uma espécie de antecipação do Banquete do Cordeiro. A fartura de vinho aponta nessa direção.

A segunda lição, menos agradável, é que o Esposo nos pode ser tirado. No caso dos discípulos, isto aconteceu quando Jesus foi crucificado e morto. As lágrimas de Pedro, de Madalena e das santas mulheres compunham o cenário. Mas a mesma experiência foi vivida pelos cristãos sob perseguição nazista ou comunista, na Alemanha ou no Camboja. Era como se lhes tivessem roubado o Esposo.

E nada garante que também nós não passaremos por isso. A crescente invasão do paganismo em todas as esferas da vida social e política, aliada ao desprezo e às agressões cometidas pela mídia capitalista contra as tradições do povo cristão – tudo sugere que os cristãos podem transformar-se em uma minoria indesejável e incômoda para os novos pagãos que se multiplicam.

Não precisamos esperar por isso para jejuar. Podemos começar nosso jejum por aqueles que já são perseguidos, como nossos irmãos do sul do Sudão e da nova China, presa preferencial de ativistas muçulmanos e dirigentes comunistas.

Um jejum de alimentos, sim. Mas também um jejum de televisão, de programas mundanos, de lazeres que dissipam a alma. E acima de tudo, um jejum de pecado. Porque de nada adianta fazer jejum e continuar apegado aos mesmos pecados de sempre...

Orai sem cessar: “Aquele que eu amo, não o vistes?” (Ct 3,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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