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Liturgia de 17 de setembro de 2017

DOMINGO – XXIV SEMANA DO TEMPO COMUM
(Verde, glória, creio – IV semana do saltério)

Antífona da entrada

 

- Ouvi, Senhor, as preces de vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que vossos profetas sejam verdadeiros

(Eclo 36,18).

 

Oração do dia

 

- Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Eclo 27,33-28,9

 

- Leitura do Livro do Eclesiástico: 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por teu próximo; assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? 4Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que vai alcançar perdão para seus pecados? 6Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição e na morte, e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos mandamentos, e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo, e não leves em conta a falta alheia!

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 103,1-2.3-4.9-10.11-12 (R: 8)

 

- O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.


- Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!

R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.


- Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.

R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.


- Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas.

R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.


- Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes.

R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.


2ª Leitura: Rom 14,7-9

 

- Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos: Irmãos: 7Ninguém dentre vós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto: para ser o Senhor dos mortos e dos vivos.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Eu vos dou este novo mandamento, nova ordem, agora, vos dou; que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor

(Jo 13,34).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 18,21-35

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

- Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?”  22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, levaram-lhe um que devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia.
31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!   

 

 

Liturgia comentada
Não devias tu também? (Mt 18,21-35)

Este Evangelho pode chamar a atenção de nossos financistas, economistas, auditores e contabilistas, e todos aqueles que “mexem” com dinheiro e contas a pagar. É que a parábola de Jesus está centrada no verbo “dever”. Aquele mesmo verbo que ocupa uma das três colunas dos livros contábeis: DEVE / HAVER / SALDO.

Um grande devedor recebe uma grande anistia, sinônimo de perdão. Mal se vê livre da conta a pagar, o anistiado sai a cobrar a pequena dívida do companheiro, chegando ao extremo de obter sua prisão. Em consequência, o cobrador cruel tem anulada a sua anistia e é entregue aos carrascos...

Eu devo e sou perdoado. Não devo mais? Claro que devo! Devo ainda mais do que antes! DEVO o perdão a todos aqueles que me devem, pois a mesma misericórdia que me agraciou, agora me comprime a ser uma imagem da misericórdia. Um devedor não pode ter a cara de pau de se alçar como cobrador. Daí, a resposta de Jesus a Pedro: perdoar, sim, não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete: isto é, sempre, sem limites, sem reservas... Dai, a pergunta do “rei” ao servidor cruel: “Não devias tu também?”

O teólogo Hans Urs von Balthasar comenta a mesma passagem: “Há poucas parábolas no Evangelho com uma força tão espantosa, não se pode fazer nenhuma objeção a ela. Nem existe outra que nos ponha diante dos olhos, de modo mais dramático, a amplitude de nossa culpável falta de amor: continuamente nós exigimos de nossos semelhantes aquilo que, ao nosso ver, eles nos devem, sem considerar por um instante a falta que Deus nos perdoou por completo. Nós costumamos rezar distraidamente o Pai-Nosso: ‘Perdoai as nossas ofensas, como nós também perdoamos...’ Mas nós não refletimos como dificilmente renunciamos à nossa justiça terrestre, em comparação com aquilo que Deus renuncia em nosso favor pela justiça celeste.”

Deus não nos deu uma Lei para nos tornarmos juízes dos outros, mas para que tomemos consciência de nossa incapacidade de cumpri-la sem a graça divina. O Evangelho não nos oferece exigências de santidade para condenarmos os “fora-da-lei”, mas para que nos apoiemos na força de Deus, que supera toda fraqueza humana.

Dever. Voltemos ao verbo dever. Há uma conta a pagar. É dívida monstruosa. A dívida do meu pecado. Que fez o divino Juiz? “Deus anulou o documento que nos era contrário, e o eliminou, cravando-o na cruz.” A fatura que eu devia pagar tornou-se ilegível, pois os algarismos da conta estão borrados de vermelho: o sangue do Filho que morreu por mim.

Orai sem cessar: “Ao Senhor pertence a misericórdia e o perdão.” (Dn 9,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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