QUARTA-FEIRA DA VI SEMANA DO TEMPO COMUM
(cor verde - ofício do dia)
Antífona da entrada
- Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para a honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3).
Oração do dia
- Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Tg 1,19-27
- Leitura da carta de são Tiago: 19Meus queridos irmãos, sabei que todo homem deve ser pronto para ouvir, mas moroso para falar e moroso para se irritar. 20Pois a cólera do homem não é capaz de realizar a justiça de Deus. 21Por esta razão, rejeitai toda impureza e todos os excessos do mal, mas recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. 22Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. 23Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a põe em prática é semelhante a uma pessoa que observa o seu rosto no espelho: 24apenas se observou, vai-se embora e logo esquece como era a sua aparência. 25Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um ouvinte distraído, mas praticando o que ela ordena, esse será feliz naquilo que faz. 26Se alguém julga ser religioso e não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religião é vã. 27Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sm 15,2-3ab.3cd-4ab (R: 1b)
- Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
R: Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
- É aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente; que pensa a verdade no seu íntimo e não solta em calúnias sua língua.
R: Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
- Que em nada prejudica o seu irmão, nem cobre de insultos seu vizinho; que não dá valor algum ao homem ímpio, mas honra os que respeitam o Senhor.
R: Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
- Não empresta o seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente. Jamais vacilará quem vive assim!
R: Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Que o Pai do Senhor Jesus Cristo vos dê do saber o Espírito; para que conheçais a esperança, reservada para vós como herança! (Ef 1,17)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 8,22-26
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: "Estás vendo alguma coisa?" 24O homem levantou os olhos e disse: "Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam". 25Então Jesus voltou a por as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: "Não entres no povoado!"
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Jesus impôs de novo as mãos... (Mc 8,22-26)
Esta passagem do Evangelho, exclusiva de São Marcos, registra um fato a ser considerado: uma cura progressiva, que não ocorre no ato, mas evolui passo a passo: da cegueira total para a visão nublada e, enfim, para a plena visão.
Do ponto de vista médico, nada mais natural. Os profissionais da saúde estão acostumados a este tipo de terapia, quando o próprio organismo vai colaborando com os medicamentos até o restabelecimento total. Chegam mesmo a estranhar se a cura é súbita, questionando seus próprios diagnósticos.
Parece que não exagero se afirmo que também no campo psicoafetivo e espiritual devemos estar preparados para esperar por mudanças graduais, o que não costuma ser o procedimento padrão dos pacientes... impacientes...
Na vida de oração, a Igreja nos convida à perseverança. É verdade que os meios de comunicação têm atraído fiéis com a promessa de curas imediatas e transformações ao estalo dos dedos. Naturalmente, uma visão mágica da vida espiritual. Mas a doutrina dos mestres e dos santos é que devemos insistir na oração e esperar com paciência a atuação da graça no tecido de nossa alma. De grau em grau, de etapa em etapa, o Espírito de Deus vai operando em nossas íntimas feridas, restaurando as sequelas de nossos pecados, processo que certamente prosseguirá até o fim, quando o último sacramento dará o toque final.
As cartas paulinas insistem este ponto. “Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração.” (Rm 12,12) “Rendei graças sem cessar...” (Ef 5,20) “Intensificai as vossas orações e súplicas.” (Ef 6,18) “Sede perseverantes, sede vigilantes na oração.” (Cl 4,2)
Outro ponto que me chama a atenção é que Jesus, antes de curar o cego de Betsaida, levou-o para fora do povoado. E uma vez completada a sua cura, advertiu-o: “Não entres na aldeia!” É que muitas doenças (do corpo e da alma!) podem ser causadas pelo ambiente que frequentamos. Na vida espiritual, a volta ao convívio gerador dos desequilíbrios, depressões e pecados pode reativar os males que nos afligiam.
Jesus advertiu sobre a “casa varrida e arrumada” (cf. Lc 11,24) – a pessoa que recebeu uma cura ou libertação – para onde pode voltar o maligno, acompanhado de “outros sete espíritos piores do que ele”.
Todo cristão recebeu uma “iluminação” – nome primitivo do Batismo -, mas o pecado pode cegar nossos olhos...
Orai sem cessar: “Senhor, que eu veja!” (Lc 18,41)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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