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Liturgia de 11 de março de 2020

QUARTA-FEIRA DA II SEMANA DA QUARESMA

(roxo - ofício do dia)

 

Antífona da entrada

- Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxilio, ó Senhor, minha salvação (Sl 37,22).

Oração do dia

- Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzis-nos aos bens eternos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Jr 18, 18-20


- Leitura do livro do profeta Jeremias: Naqueles dias, 18disseram eles: “Vinde para conspirarmos juntos contra Jeremias; um sacerdote não deixará morrer a lei; nem um sábio, o conselho; nem um profeta, a palavra. Vinde para o atacarmos com a língua, e não vamos prestar atenção a todas as suas palavras”. 19Atende-me, Senhor, ouve o que dizem meus adversários. 20Acaso pode-se retribuir o bem com o mal? Pois eles cavaram uma cova para mim. Lembra-te de que fui à tua presença, para interceder por eles e tentar afastar deles a tua ira.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 31, 5-6.14.15-16 (R: 17b)

- Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

 

- Retirai-me desta rede traiçoeira, porque sois o meu refúgio protetor! Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

 

- Ao redor, todas as coisas me apavoram; ouço muitos cochichando contra mim; todos juntos se reúnem, conspirando e pensando como vão tirar-me a vida.

R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

 

- A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; liber­tai-me do inimigo e do opressor!

R: Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 20, 17-28

Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!

Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!

- Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).

Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

- Glória a vós, Senhor!

 - Naquele tempo, 17enquanto Jesus subia para Jerusalém, ele tomou os doze discípulos à parte e, durante a caminhada, disse-lhes: 18“Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte, 19e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará”. 20A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhe: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os, e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

 

Liturgia comentada

E dar a sua vida... (Mt 20,17-28)

O amor é assim. Vive para morrer. Morre para que o outro viva. E acha o seu sentido profundo quando gasta a vida pelo bem do outro. Jesus assevera: “Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida por seu amigo.” (Jo 15,13.) As hipóteses freudianas sobre o homem divergem: pregam a afirmação de si mesmo, a busca de realização pessoal, a recusa de toda ascese, o abandono às próprias inclinações e a repulsa por todo sacrifício. Claro: Freud e o Evangelho são antípodas... E desde que sua psicologia se vulgarizou, foi minguando nossa capacidade de doação, a disposição para o altruísmo, para uma vida centrada no outro. Sempre mais egoístas, roubamos do amor seu sopro de eternidade para viver com mesquinhez as realidades terrestres.

Em sua Encíclica “Deus é amor” [Deus caritas est], o Papa Bento XVI escreve: “A verdadeira novidade do Novo Testamento não reside em novas ideias, mas na própria figura de Cristo, que dá carne e sangue aos conceitos – um incrível realismo. [...] Na sua morte de cruz, cumpre-se aquele virar-se de Deus contra si próprio, com o qual Ele se entrega para levantar o homem e salvá-lo – o amor na sua forma mais radical. O olhar fixo no lado transpassado de Cristo, de que fala João (cf. 19,37), compreende o que serviu de ponto de partida a esta Carta Encíclica: “Deus é amor” (1Jo 4,8). É lá que esta verdade pode ser contemplada. E começando de lá, pretende-se agora definir em que consiste o amor. A partir daquele olhar, o cristão encontra o caminho do seu viver e amar.” (DCE, 12.)

Coerente, Jesus vive o que ensinou. Humilde, entrega-se à morte ignominiosa, entre dois malfeitores, remindo com seu sangue a humanidade decaída. João resume o sentido de sua entrega: “Tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3, 16.) Os mártires testemunham que esse amor é possível. Tendo provado o amor eterno – experiência totalizante que a tudo mais relativiza – entregam sua vida alegremente, entre cânticos de louvor, enquanto pedem a Deus que seja clemente com seus algozes.

Há pequenos martírios em nossas vidas. Toda mãe sofre os incômodos da gravidez e as dores do parto para gerar vida nova. O pai tem as mãos calejadas para sustentar a família. O médico se expõe ao contágio para cuidar dos enfermos. A mestra se sacrifica pelos alunos, mesmo tendo um baixo salário. E assim tanta gente simples que valoriza amigos e vizinhos, e acolhe o migrante que passa... Todos estes são um Evangelho vivo. Eles dão a vida e sabem servir...

 

Orai sem cessar: “Se morrermos com Cristo, com ele viveremos.” (2Tm 2,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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