L Liturgia

Liturgia de 12 de março de 2020

QUINTA FEIRA – II SEMANA DA QUARESMA

(Roxo, ofício do dia)

Antífona da entrada

 

- Provai-me, ó Deus, e conhecei meus pensamentos: vede se ando pela vereda do mal e conduzi-me no caminho da eternidade (Sl 138,23).

Oração do dia

 

- Ó Deus, que amais e restaurais a inocência, orientai para vós os corações dos vossos filhos e filhas, para que, renovados pelo vosso Espírito, sejamos firmes na fé e eficientes nas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: jr 17,5-10

 

- Leitura do livro do profeta Jeremias: 5Isto diz o Senhor: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; 6como os cardos no deserto, ele não vê chegar a floração, prefere vegetar-se na secura do ermo, em região salobra e desabitada. 7Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; 8é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca da umidade, e por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos. 9Em tudo é enganador o coração, e isto é incurável; quem poderá conhecê-lo? 10Eu sou o Senhor, que perscruto o coração e provo os sentimentos, que dou a cada qual conforme o seu proceder e conforme o fruto de suas obras”.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 1,1-2.3-4.6 (R: Sl 40,5a)

 

- É feliz quem a Deus se confia!

R: É feliz quem a Deus se confia!


- Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.

R: É feliz quem a Deus se confia!


- Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

R: É feliz quem a Deus se confia!


- Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.

R: É feliz quem a Deus se confia!

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 16,19-31

 

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

 

- Felizes os que observam a palavra do Senhor, de reto coração; e que produzem frutos, até o fim perseverante! (Lc 8,15).

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: 19“Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. 21Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.  22Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. 23Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. 24Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’.25Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. 26E, além disso, há grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. 29Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas, que os escutem!’ 30O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. 31Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”’.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

Púrpura e linho... (Lc 16,19-31)

Estamos em pleno ambiente da Palestina romana. Na época, os tecidos de púrpura vinham da Fenícia: na região de Tiro e Sidônia produzia-se a tintura extraída de um molusco do Mediterrâneo, o múrex. Já os tecidos de linho eram importados do Egito. Nada que estivesse ao alcance do homem comum. Verdadeiros luxos da elite! Deste modo, com duas rápidas pinceladas – púrpura e linho – o evangelista São Lucas denuncia o refinado “padrão de vida” do ricaço.

Na reluzente escadaria de mármore da mansão, disputavam o espaço as chagas e os cães. E o pobre Lázaro, a única personagem das parábolas de Jesus que mereceu um nome próprio. A tal ponto que seu nome passou a ser usado como sinônimo de “leproso”. Mesmo no interior do Brasil, os hospitais para os enfermos do Mal de Hansen eram conhecidos como “lazaretos”.

Lá dentro, esplêndidas festas. Fausto e desperdício. Cá fora, miséria e fome. Mas era uma situação provisória, como tudo o mais nesta vida. Afinal, todos morrem um dia: ricos e pobres. Também estes morreram: Epulão e Lázaro. E a situação se inverte: este último, repousa no seio de Abraão (metáfora para nosso céu); aquele, geme no inferno, “em tormentos”.

A linguagem simbólica da parábola apenas indica que os fossos que cavamos neste mundo temporal permanecem intransponíveis na eternidade. As pontes que não estendemos nesta vida, são impossíveis na outra. Vendo baldadas suas tentativas de obter algum alívio em suas penas, o ricaço pede que seus irmãos (são outros cinco, vivendo a mesma vida!) recebam um aviso do além-túmulo. Uma mensagem assim, meio “espírita”, teria – pensa ele - a capacidade de chocar e despertar aqueles indiferentes...

De qualquer modo, o pedido do condenado não chega a ser atendido. Afinal, seus irmãos já receberam inúmeros recados, e foram repetidos avisos ao longo da história de Israel: Moisés e Isaías ficaram roucos de tanto gritar, mas não foram ouvidos. Ora, se nem mesmo a Lei e os profetas conseguiram amolecer os corações de pedra, nenhum fantasma o conseguiria...

A lição é bem clara: nossa indiferença diante dos mais necessitados pode custar muito caro. E mais: o pobre que convive conosco é exatamente quem pode nos dar o passaporte para o céu...

 

Orai sem cessar: “A ti, Senhor, o pobre se encomenda.” (Sl 10,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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