L Liturgia

Liturgia de 29 de março de 2020

V DOMINGO DA QUARESMA.

(Roxo, creio, prefácio próprio, I semana do saltério)

 

Antífona da entrada

- A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor libertai-me, porque sois, ó Deus, o meu socorro (Sl 42,1).

Oração do dia

 

- Senhor nosso Deus, dai-nos por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Ez 37,12-14

 

- Leitura da profecia de Ezequiel: 12Assim fala o Senhor Deus: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; 13e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. 14Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço — oráculo do Senhor”.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 130, 1-2.3-4ab.5-6.7-8 (R: 7)

 

- No Senhor, toda graça e redenção!

R: No Senhor, toda graça e redenção!


- Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!

R: No Senhor, toda graça e redenção!


- Se levardes em conta nossas faltas, quem haverá de subsistir? Mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero.

R: No Senhor, toda graça e redenção!


- No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. A minh’alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora.

R: No Senhor, toda graça e redenção!


- Espere Israel pelo Senhor, mais que o vigia pela aurora! Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção. Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa.

R: No Senhor, toda graça e redenção!

 

2ª Leitura: Rm 8,8-11

- Leitura da carta de são Paulo aos Romanos: Irmãos: 8Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. 9Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. 11E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 11,3-7,17.20-27.33-45

 

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

 

- Eu sou a ressurreição, eu sou a vida. Quem crê em mim não morrerá eternamente (Jo 11,25)

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Naquele tempo,1 havia um doente, Lázaro, que era da Betânia, o povoado de Maria e Marta, sua irmã. 2Maria era aquela que ungia o Senhor com perfume e enxugava os pés dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro é que estava doente.   3As irmãs mandaram dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. 4Ouvindo isto, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. 5Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. 6Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. 7Então, disse aos discípulos: “Vamos de novo à Judeia”. 17Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. 20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. 25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?” 27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. 33bJesus ficou profundamente comovido 34e perguntou: “Onde o colocastes?” Responderam: “Vem ver, Senhor”. 35E Jesus chorou. 36Então os judeus disseram: “Vede como ele o amava!” 37Alguns deles, porém, diziam: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” 38De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. 39Disse Jesus: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias”. 40Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” 41Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”. 43Tendo dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” 44O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” 45Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

Jesus chorou. (Jo 11,1-45)

Estamos diante do versículo mais curto dos quatro evangelhos: Jesus chorou. Deixando de lado o motivo de sua emoção [a morte do amigo Lázaro e a dor de Marta e Maria], deixemo-nos impactar pelo fato central: o Filho de Deus que se fez homem assumiu plenamente a nossa humanidade, sem excluir as lágrimas.

Quando se fala na Encarnação do Verbo divino, a 2ª Pessoa da Trindade, nem sempre este fato é considerado com realismo. Muitos tratam do assunto com leveza, como se fosse uma espécie de lenda piedosa.

Ora, ao se encarnar, Jesus se reveste de um corpo como o nosso: por isso ele tem fome e sede, por isso se cansa, sua e sangra. Revestiu-se também de um psiquismo igual ao nosso: por isso tem saudades, manifesta afeto pelos pequeninos, por isso se irrita e entristece, comove-se e... chora.

Muita gente pensa em Jesus Cristo – homem e Deus – como se fosse uma construção em dois andares: quando o primeiro andar [o humano] enfrenta dificuldades, ele sobe ao segundo andar [sua divindade] e faz um milagrinho... Nada disso! Em toda a sua vida terrena, e ainda hoje no céu, à direita do Pai, a humanidade assumida por Jesus permanece íntegra e real.

Esta constatação tem consequências para nós: Nosso cristianismo não pode ser desgarrado da realidade. O santo não é um ser angelical, elevado pela graça até a ionosfera, sem os pés no lodo terrestre. Estamos envolvidos até a raiz dos cabelos em uma realidade existencial feita de trabalhos e (pré)ocupações, de compromissos e de solidariedade, de sonhos e lutas, amassando dia a dia a massa do bolo humano. Ou, melhor, a massa do Reino de Deus...

O cristianismo é uma religião essencialmente “social”, no sentido de que as coisas deste mundo – ainda que passageiras – são o nosso material de construção. Os santos de vida reclusa, no interior de uma caverna [os eremitas] ou no alto de uma coluna [os estilitas], são absoluta exceção. Em sua quase totalidade, os santos e santas da Igreja foram pessoas que dedicaram sua existência à educação das crianças, ao cuidado dos enfermos, ao anúncio da Boa Nova.

Por isso mesmo, já é hora de assumir nossa humanidade real. Como escreveu Santo Agostinho, “por que chorou Cristo, senão para ensinar o homem a chorar?”

 

E nós? Que tipo de cristianismo estamos vivendo?

Orai sem cessar: “Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.” (Ap 7,17)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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