L Liturgia

Liturgia de 09 de abril de 2020

QUINTA FEIRA - CEIA DO SENHOR

(branco, glória pref. da eucaristia, ofício próprio)

 

Antífona da entrada

 

- A cruz do nosso Senhor Jesus Cristo deve ser nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (Gl 6,14).

Oração do dia

 

- Ó Pai, estamos reunidos para santa ceia, na qual o vosso Filho único, ao entregar-se à morte, deu à sua Igreja um novo e eterno sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por mistério tão excelso, chegar à plenitude da caridade e da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Ex 12,1-8.11-14

 

- Leitura do livro do Êxodo: Naqueles dias: 1O Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: 2” Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. 3Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: ‘No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. 4Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais, conforme o tamanho do cordeiro. 5O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro, como um cabrito: 6e devereis guardá-lo preso até ao dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde. 7Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. 8Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. 11Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘Passagem’ do Senhor!
12E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor. 13O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. 14Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 116B,12-13.15-16bc.17-18 (R: 1Cor 10,16)

 

- O Cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

R: O Cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

- Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Levo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.

R: O Cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

- È sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, mas me quebrastes os grilhões da escravidão!

R: O Cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

 

- Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido.

R: O Cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

2ª Leitura: 1 Cor 11,23-26

 

- Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos: 23O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. 25Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”. 26Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 13,1-15

 

Glória, ó Cristo, Verbo de Deus.

Glória, ó Cristo, Verbo de Deus.

 

- Eu vos dou um novo mandamento, nova ordem agora vos dou, que também vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor! (Jo 13,34)

Glória, ó Cristo, Verbo de Deus.

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- 1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. 8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. 10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”.
11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.
12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

 

 

Liturgia comentada

Tirou o manto... (Jo 13,1-15)

Um dos símbolos da antiga realeza, juntamente com a coroa e o cetro real, era o manto de honra. Na última ceia em que convive com seus apóstolos, em clima de intimidade e de tensão emocional, Jesus se despe do manto e troca-o por uma tolha. É uma cena de despojamento. E tem o seu sentido.

O manto é uma veste pesada, longa, imprópria para prestar um serviço manual. Além do lado prático, o manto – bem como as comendas e condecorações, os colares de mérito e os paramentos religiosos – acaba por situar seu portador alguns degraus acima da gente comum. E o Mestre precisa ensinar uma última lição: descer...

Aliás, toda a vida de Jesus foi uma permanente descida. Desce do Pai para a mulher, em sua encarnação. O divino desce ao nível dos humanos. Homem desce ao nível dos servos, lavando os pés dos discípulos. Rebaixa-se ainda mais: aceita morrer na cruz, suplício reservado aos escravos e proibido aos cidadãos. Morto, desce ao túmulo. Depois de sepultado, desce ao Xeol, a mansão dos mortos, para levar a eles a Boa Nova (cf. 1Pd 3,19; 4,6). Acabou a descida? Ainda não: em cada missa, sob a aparência material de uma pasta de água e farinha de trigo, Jesus continua a descer sobre nossos altares.

Ainda queremos subir? Receber aplausos? Merecer honrarias? Subir no pódio? Que fez Jesus Cristo ao lavar os pés de seus discípulos? A resposta nos é dada por Mons. Claude Rault, Bispo do Saara argelino:

“Ele assumiu a condição do Servidor... Ele estabeleceu o sinal que o compromete no caminho do dom de sua vida por todos. E agora pede a seus discípulos que façam o mesmo. Não apenas fazer gestos de gentileza, prestar serviços eventuais, mas serem ‘servidores’ uns dos outros. Ele pede a seus discípulos que tenham uns pelos outros um amor suficientemente forte para ir até o fim, até o dom de sua vida, se assim for preciso.”

Recentemente, cm palavras um tanto incômodas, o Papa Francisco veio apontar na mesma direção: “O nosso compromisso não consiste exclusivamente em ações ou em programas de promoção e assistência; aquilo que o Espírito põe em movimento não é um excesso de ativismo, mas primariamente uma atenção prestada ao outro ‘considerando-o como um só consigo mesmo’. Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação pela sua pessoa e, a partir dela, desejo procurar efetivamente o seu bem. [...] Unicamente a partir desta proximidade real e cordial é que podemos acompanhá-los adequadamente no seu caminho de libertação”. (EG, 199)

Vamos despir o manto?

Orai sem cessar: “Servi ao Senhor com alegria!” (Sl 100,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.