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Liturgia de 07 de agosto de 2017

SEGUNDA FEIRA – XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM
(Verde – ofício do dia)

Antífona da entrada

- Meu Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2,6).

Oração do dia

- Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Nm 11,4b-15

- Leitura do livro dos Números - Naqueles dias, 4bos filhos de Israel começaram a lamentar-se, dizendo: “Quem nos dará carne para comer? 5Vêm-nos à memória os peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos e os melões, as verduras, as cebolas e os alhos. 6Aqui nada tem gosto ao nosso paladar, não vemos outra coisa a não ser o maná”. 7O maná era parecido com a semente do coentro e amarelado como certa resina. 8O povo se dispersava para o recolher e o moia num moinho, ou socava num pilão. Depois o cozinhavam numa panela e faziam broas com gosto de pão amassado com azeite. 9À noite, quando o orvalho caía no acampamento, caía também o maná. 10Moisés ouviu, pois, o povo lamentar-se em cada família, cada um à entrada de sua tenda. 11Então o Senhor tomou-se de uma cólera violenta, e Moisés, achando também tal coisa intolerável, disse ao Senhor: “Por que maltrataste assim o teu povo? Por que gozo tão pouco do teu favor, a ponto de descarregares sobre mim o peso de todo este povo? 12Acaso fui eu quem concebeu e deu à luz todo este povo, para que me digas: ‘Carrega-o ao colo, como a ama costuma fazer com a criança; e leva-o à terra que juraste dar a seus pais!’? 13Onde conseguirei carne para dar a toda esta gente? Pois se lamentam contra mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer!’ 14Já não posso suportar sozinho o peso de todo este povo: é grande demais para mim. 15Se queres continuar a tratar-me assim, peço-te que me tires a vida, se achei graça a teus olhos, para que eu não veja mais tamanha desgraça”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 81,12-13.14-15.16-17 (R: 2a)

- Exultai no Senhor, nossa força.
R: Exultai no Senhor, nossa força.

- Mas meu povo não ouviu a minha voz, Israel não quis saber de obedecer-me. Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos, abandonei-os a seu duro coração.
R: Exultai no Senhor, nossa força.

- Quem me dera que meu povo me escutasse! Que Israel andasse sempre em meus caminhos! Seus inimigos, sem demora, humilharia e voltaria minha mão contra o opressor.
R: Exultai no Senhor, nossa força.

- Os que odeiam o Senhor o adulariam, seria este seu destino para sempre; eu lhe daria de comer a flor do trigo, e com o mel que sai da rocha o fartaria.
R: Exultai no Senhor, nossa força.

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.

- O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus! (Mt 4,4b)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 14, 13-21

- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” 17Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
Vós mesmos, dai-lhes de comer! (Mt 14,13-21)

A multidão sofre as penúrias do deserto. Longe de qualquer povoação, não existe alimento disponível. É bem mais cômodo despedi-la para suas casas. Voltariam com fome, é claro; que se há de fazer? Não é interessante como nós nos acostumamos com a fome... dos outros? Mas Jesus vê as coisas por outro ângulo.

Muito mais que resolver um problema social, Jesus de Nazaré se deixa mover por uma profunda compaixão. Ele se “condói”, “tem pena” da turba. O verbo aqui empregado no texto grego (esplagnísthe) do Evangelho denota um movimento das suas “entranhas”, um retorcer das “vísceras abdominais”. Um frio na barriga, diríamos nós. Uma forte reação somática diante das necessidades do povo. E jamais chegaremos a explorar plenamente este lado “humano” de Jesus Cristo.

Jesus, porém, logo devolve a seus discípulos a responsabilidade pela situação. Eles já tinham visto o Mestre em ação: foram autênticas testemunhas oculares quando ele curara o servo do centurião, quando acalmara a tempestade no lago, quando expulsara demônios, quando fizera andar o paralítico, quando ressuscitara a filha de Jairo. Depois de tudo, pode ser que seus discípulos esperassem do Mestre mais uma ação sobrenatural. Milagres a granel... E, surpresos, ouvem a ordem: “Vós mesmos, dai-lhes de comer!”

Os discípulos contabilizavam apenas seus parcos recursos humanos: cinco pães e dois peixinhos. Parece pouco, muito pouco, mas basta para o Senhor. “Trazei-os aqui!” E com aqueles gestos que fazem pensar na futura ceia da Quinta-feira Santa, Jesus abençoa e multiplica aqueles dons.

É milagre, sim! Nada mais vão e artificial que o esforço de certos teólogos ao afirmar que foi a “partilha” que alimentou a multidão. Precisam dar asas à imaginação e contar com outros farnéis que o Evangelho jamais registrou. A desproporção entre os dons e o número dos convivas, tudo somado às sobras (doze cestos repletos!), apenas sinaliza para o poder e a misericórdia sem limites de nosso Deus.

Mas permanece válido em nossos dias o imperativo de Jesus: “Vós mesmos dai-lhes de comer!” Isto é: nada de ficar esperando pelas “mágicas” de Deus, quando nós mesmos devemos nos comprometer pessoalmente com as necessidades de nossos irmãos. Deus prefere agir costumeiramente através de mediações humanas: servidores que lhe emprestam as mãos, os pés, a voz e... o sangue...

Diante da miséria do mundo – material e espiritual -, será que a minha barriga vai permanecer sossegada?

Orai sem cessar: “Deus dá o pão a seus amados até durante o sono!” (Sl 127,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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