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Liturgia de 06 de abril de 2020

SEGUNDA FEIRA - SEMANA SANTA

(Roxo, pref. da paixão II, ofício do dia)

Antífona de entrada

 

- Acusai, Senhor, meus acusadores; combatei aqueles que me combatem! Tomai escudo e armadura, levantai-vos, vinde em meu socorro! Senhor, meu Deus, força que me salva!  (Sl 34,1; Sl 139,8).

Oração do dia

 

- Concedei, ó Deus, ao vosso povo, que desfalece por sua fraqueza, recobrar novo alento pela paixão do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Is 42,1-7

 

- Leitura do livro do profeta Isaías: 1“Eis o meu servo — eu o recebo; eis o meu eleito — nele se compraz Minh’ alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. 2Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. 3Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. 4Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos”. 5Isto diz o Senhor Deus, que criou o céu e o estendeu, firmou a terra e tudo que dela germina, que dá a respiração aos seus habitantes e o sopro da vida ao que nela se move: 6“Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, 7para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 27,1.2.3.13-14 (R: 1a)

 

- O Senhor é minha luz e salvação.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei?

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Quando avançam os malvados contra mim, querendo devorar-me, são eles, inimigos e opressores, que tropeçam e sucumbem.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Se contra mim um exército se armar, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!

R: O Senhor é minha luz e salvação.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 12,1-11

 

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

 

- Salve, nosso rei, somente vós tendes compaixão dos nossos erros (Ez 33,11)

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- 1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.  4Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5“Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. 7Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”. 9Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

 

Liturgia comentada

Eu te segurei pela mão! (Is 42, 1-7)

 

Quando a criança que engatinhava começa a andar, os pais a seguram pela mão, dando-lhe apoio e firmeza. E a criança estende a mão, confiante, pois se sente amada e bem segura. Esta passagem de Isaías – o 1º Cântico do Servo sofredor-, pode ser lida como um retrato da relação entre o Pai e seu Filho: este é o motivo do afeto e do prazer do Pai, que o envia a anunciar seu Amor aos homens. Declarações de amor da mesma natureza seriam ouvidas no Batismo de Jesus e em sua Transfiguração (Mt 3,17;17,1-8).

Mas também podemos ver na mesma passagem uma espécie de roteiro – em quatro etapas – de nossa experiência de Deus. Ele nos chama, nos segura pela mão, nos forma e nos designa para levar a luz aos povos. Tudo começa com um chamado: a vocação, que pode ocorrer em qualquer fase da vida, mesmo na fase pré-natal (cf. Jr 1, 5). Nos primeiros tempos, verdadeira infância, somos guiados pela mão, passo a passo, carinhosamente educados até que venha a maturidade interior.

A seguir, passamos por um tempo de formação, quando Deus nos revela a verdade sobre si mesmo e sobre a humanidade que ele ama. Uma vez formados, seremos enviados em missão, destinados a uma tarefa junto ao povo. Em nosso tempo, há muitos cegos que desejam ver, prisioneiros que anseiam pela liberdade, todo um mundo de trevas que espera pela luz. Nossa vocação brota exatamente das necessidades daqueles que sofrem e comovem o coração do Pai. É por eles que acolhemos a missão.

O profeta olha para trás e percebe como seu caminho foi traçado por Deus. Sabe que sua história pessoal é indissociável da história de seu povo e de sua família. Também Jesus, no futuro, teria plena consciência de sua missão, mantendo-se fiel a essa vocação diante de todos os obstáculos, abraçando a cruz como quem acolhe plenamente a vontade do Pai.

Esta consciência do próprio destino (como sinônimo de missão e vocação) é que dá sentido à nossa vida. Chegar ao final da existência e reconhecer que recusamos nossa missão pode ser o vestibular do inferno... Ao contrário, quem segue o chamado de Deus poderá repetir as palavras de Jesus: “Não estou só, porque o Pai está comigo.” (Jo 16, 32b) E esta experiência de amor não tem preço...

Orai sem cessar: “O Senhor me esconderá em sua tenda!” (Sl 27 [26], 5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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Trezentas libras... (Jo 12,1-11)

Que cena! Em pleno jantar – uma reunião judaica da qual só participavam os homens -, a irmã de Lázaro, a quem Jesus acabara de ressuscitar (ver capítulo 11 do mesmo Evangelho), invade literalmente o espaço do convívio para realizar um ato simbólico. Maria traz um frasco de nardo puro, isto é, sem estar diluído em outro óleo, para com ele ungir os pés do Mestre. De quebra, ainda os enxuga com seus próprios cabelos.

Que cena! Que reações subterrâneas o episódio terá provocado nos convidados! De início, a presença feminina imprópria, segundo os padrões da época. A extrema ousadia de soltar os cabelos em público (a mulher judaica os trazia presos e cobertos por um véu; só diante do esposo, no recesso da alcova nupcial, é que ela soltava os cabelos!). E – o que mais incomodou a Judas Iscariotes – o desperdício de dinheiro... Segundo a opinião de um entendido em finanças (o próprio Judas), aquele aroma valeria no mínimo 300 denários, isto é, o salário de um operário que trabalhasse 300 dias! Afinal, o nardo era substância rara, importada da Ásia...

O texto original grego traz a expressão nárdon pistikes [νάρδον πιστικης], onde o segundo termo se associa à palavra “fé” [em grego, πίστις]. O humilde gesto de adoração feito por Maria de Betânia sinalizava a sua fé na natureza divina do Senhor. Uma fé que se irradiava em torno, tal qual a fragrância do perfume. Algo que nos recorda o óleo do crisma, também ele perfumado, para indicar que, ao receber a confirmação de seu batismo, o fiel assume o compromisso de testemunhar!

Insatisfeito, Judas Iscariotes propõe uma espécie de opção obrigatória entre a adoração a Deus e o serviço aos pobres. Nada mais falso! Essa tal “economia de bálsamo” redunda em péssima teologia! Aliás, o serviço ao pobre só tem valor se significa uma forma de adoração a Deus, que é o Pai dos pobres... Ainda hoje, há quem reclame dos gastos com o culto divino, com a construção de templos dignos de Deus. Coisa de burguês. Os pobres são os primeiros a exigir dignidade para as coisas de Deus. Se, no Carnaval, os moradores da favela não querem saber de economia para celebrar sua alegria, investindo pesadamente nas escolas de samba, quanto mais devemos nós investir para que o culto divino tenha brilho e solenidade!

Maria ainda hoje é lembrada por seu amoroso “desperdício”. Será que nós estamos economizando para Deus?

Orai sem cessar: “Como é bom celebrar o Senhor!” (Sl 92,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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