COLABORAÇÃO – Antônio Carlos Santini (Nova Aliança)
À primeira vista, uma colorida pulseira de plástico nos pulsos de crianças parece inocente.
Mas na realidade elas são um código para as suas experiências sexuais, onde cada cor significa um grau de intimidade, desde um abraço até ao sexo propriamente dito.
Poderia confundir-se com mais uma daquelas modas que pega, uma vez que é usado por milhares em várias escolas primárias e preparatórias no Reino Unido e custam apenas uns centavos em qualquer banca ao virar da esquina.
Mas as diferentes cores das ditas pulseiras de plástico – preto, azul, vermelho, cor-de-rosa, roxo, laranja, amarelo, verde e dourado – mostra até que ponto os jovens estão dispostos a ir, se proporcionar, desde dar um beijo até fazer sexo.
Andam uns atrás dos outros nos recreios das escolas, na tentativa de rebentar uma das pulseiras. Quem a usava terá de “oferecer” o ato físico a que corresponde à cor. É o “último grito” do comportamento promíscuo que sugere, cada vez mais, que a inocência da infância pertence a um passado distante.
Quase tão chocante como as “festas arco-íris” – encontros com muito álcool e droga à mistura, em que as meninas usam batons de cores diferentes para deixar a “marca” nos rapazes após o sexo oral -, as “pulseiras do sexo”, que custam apenas um euro (um pacote com várias), têm um custo maior que foge ao alcance de muitos pais.
Significado das cores:
»Amarela – é a melhor porque significa dar um abraço no rapaz.
»Laranja – significa uma “dentadinha do amor”.
»Roxa – já dá direito a um beijo com língua.
»Cor-de-rosa – a menina tem de lhe mostrar o peito.
»Vermelha – tem de lhe fazer uma lap dance.
»Azul – fazer sexo oral praticado pela menina.
»Verdes – são as dos chupões no pescoço.
»Preta – significa fazer sexo com o rapaz que arrebentar a pulseira.
» Dourada – fazer todos citados acima.
Símbolo de respeito
Como quase em tudo nestas idades, existe um estigma por detrás das pulseiras: quem não as usar é excluído e quem usar as cores preto e dourado é mais respeitado. “No meu grupo da escola, a líder – que serve de exemplo para todos – só usa pulseiras pretas e douradas. Todos os rapazes da minha turma usam pretas e se uma rapariga também usa, eles gostam todos dela”, conta a criança de 12 anos.
Shannel Johnson, de 32 anos, descobriu através da filha, de oito, o significado das pulseiras e admitiu ao The Sun que nunca suspeitaria do código subjacente. Quando a filha Harleigh lhe disse que se alguma rebentasse, tinha de fazer um “bebe com um rapaz”, Shannel teve uma conversa com a filha, chamando-a à realidade.
Esta mãe, preocupada, começou a pesquisar na Internet e descobriu sites onde se vendiam as pulseiras, grupos no Facebook e fóruns de menores a discutir quem usava que cores. Enquanto alguns pais já confiscaram as pulseiras, muitos continuam na ignorância do significado destes acessórios aparentemente da moda.
Preste muita atenção, estas pulseiras já chegaram ao Brasil!
A famosa brincadeira do “pêra, uva, maçã ou salada mista” ganhou uma versão diferente e mais erotizada nos colégios brasileiros. Agora, a moda entre os meninos e meninas de dez a 15 anos são pulseiras coloridas que possuem significados eróticos.
Criada na Inglaterra, a brincadeira chegou às escolas do país recentemente e tem como objetivo arrebentar a pulseira dos outros para que a pessoa faça o ato representado pela sua cor.
No entanto, as prendas estão longe de ser simples como a da antiga brincadeira. Algumas cores significam que a pessoa deve fazer sexo com a outra, que é o caso da preta. Já a azul remete ao sexo oral.
Apesar da conotação erótica, as pulseiras muitas vezes são utilizadas na inocência pelos adolescentes. "Sempre vendeu aqui, mas nunca tinha ouvido falar desse negócio de significado por cor. Muita gente usa, eu mesmo usava todas as cores, mas quando fiquei sabendo disso, parei", disse Luísa Bruschi, 16, estudante em Campo Grande.
Autora do livro “Guia Prático dos Pais”, a psicóloga Suzy Camacho, vê a polêmica pulseira como uma oportunidade para os pais orientarem melhor os seus filhos em relação aos assuntos sexuais e as pressões da vida adulta.
"Acho muito importante os pais aproveitarem essa chance para conversar com os filhos e mostrar para eles que não é porque usam a pulseira que são obrigados a fazer coisas que não querem", afirma Camacho.
Outro responsável por educar as crianças e ensinar sobre os assuntos como esse são as escolas. Em Santos, no colégio Carmo, alunos de oito anos estavam usando a pulseira, mas quando os pais descobriram o significado, eles exigiram uma medida da escola, um erro segundo a psicóloga.
"Não são as escolas que têm de mostrar o que pode ou não ser feito. Nesses casos, as escolas têm de reunir os pais e dar a segurança de que ninguém será obrigado a fazer nada, mas a orientação mesmo tem de vir dos pais", completa a psicóloga.