Terça feira – São Carlos Lwanga e companheiros – Mártir da África
(Vermelho, pref. pascal ou dos mártires – ofício da memória)
Antífona
– Como ouro na fornalha, o Senhor provou os eleitos e aceitou-os como ofertas de holocausto; no tempo certo, Deus se relembrará deles, porque seus escolhidos receberão a graça e a paz, aleluia! (Ap 12,11).
Coleta
– Ó Deus, que fizestes do sangue dos mártires semente de novos cristãos, concedei benigno que o campo da vossa Igreja, regado pelo sangue de São Carlos Lwanga e seus companheiros, produza para vós sempre mais abundante colheita. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: At 20,17-27
– Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 17de Mileto, Paulo mandou um recado a Éfeso, convocando os anciãos da Igreja. 18Quando os anciãos chegaram, Paulo disse-lhes: “Vós bem sabeis de que modo me comportei em relação a vós, durante todo o tempo, desde o primeiro dia em que cheguei à Ásia. 19Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações que sofri por causa das ciladas dos judeus. 20Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós, nem de vos ensinar publicamente e também de casa em casa. 21Insisti, com judeus e gregos, para que se convertessem a Deus e acreditassem em Jesus nosso Senhor. 22E agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém sem saber o que aí me acontecerá. 23Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações. 24Mas, de modo nenhum, considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o serviço que recebi do Senhor Jesus, ou seja, testemunhar o Evangelho da graça de Deus. 25Agora, porém, tenho a certeza de que vós não vereis mais o meu rosto, todos vós entre os quais passei anunciando o Reino. 26Portanto, hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se algum de vós se perder, 27pois não deixei de vos anunciar todo o projeto de Deus a vosso respeito”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 68,10-11.20-21 (R: 33a)
– Reinos da terra, cantai ao Senhor.
R: Reinos da terra cantai ao Senhor.
– Derramastes lá do alto uma chuva generosa, e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; e ali vosso rebanho encontrou sua morada; com carinho preparastes essa terra para o pobre.
R: Reinos da terra cantai ao Senhor.
– Bendito seja Deus, bendito seja cada dia, o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos! Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador; o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!
R: Reinos da terra cantai ao Senhor.
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Rogarei ao meu Pai e ele há de enviar-vos um outro paráclito, que há de permanecer eternamente convosco (Jo 14,16)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 17,1-11a
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 1Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, 2e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste. 3Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. 5E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.
6Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus, e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. 7Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, 8pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram, e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste. 9Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. 11aJá não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Elevando os olhos ao céu… (Jo 17,1-11a)
Jesus se despede de seus apóstolos. Está próxima a sua Paixão. O cenário é a última Ceia. O gesto de elevar os olhos traduz um movimento em direção ao Pai, de Quem tudo vem ao Filho (cf. 17,7). É o mesmo gesto de recorrer à sua Fonte, já realizado na multiplicação dos pães e repetido quando abençoa os pães.
Jesus age como o sacerdote – na verdade, o único sacerdote – que sacrifica a si mesmo como oferenda agradável ao Pai. Como diz o monge André Scrima, “Esta oração de Jesus não é uma palavra, mas um ‘mistério’, um ato mistérico: a elevação do pão e a oferenda do sacrifício supremo que envolve o mundo inteiro em uma última prece de intercessão. Por isso ela foi chamada de oração ‘sacerdotal’, durante a qual Jesus oferece o sacrifício diante de seu Pai.”
Só mais tarde, repassando a cena, os apóstolos iriam captar o alcance daquele momento: o grande mistério de Deus, que ele decidira e concebera desde a eternidade, e que agora se revela: é assim que agora se realizam a oferenda, o holocausto e o sacrifício.
Jesus sabe que os discípulos ainda não podem entender. Para isso, vão precisar do próximo Pentecostes e do dom do Espírito Santo. Para Urs von Balthasar, nós podemos compreender esta oração sacerdotal no sentido dos dias que precedem Pentecostes, como uma prece para pedir o Espírito Santo. Por assim dizer, ela é pronunciada na passagem deste mundo para o Pai: “Eu não estou mais no mundo, eu venho a Ti” (v. 11).
Jesus revelou aos apóstolos o nome do Pai e, deste modo, a vida eterna. Para eles, diz von Balthasar, é preciso rezar, e Jesus o faz a fim de que eles compreendam realmente o que significa “ser um nele’ tal como ele é um com o Pai. Mas “esta compreensão só é possível através do envio do Espírito, e este próprio envio só se torna possível porque Jesus ‘cumpriu’ tudo e exalou o Espírito Santo em sua Igreja”.
“Seguramente – completa von Balthasar – a oração de Jesus foi pronunciada antes de sua Paixão, mas ela conserva sua eterna validade, pois em todo tempo ele é nosso advogado junto ao Pai (1Jo 2,1), justamente naquilo que se refere ao Espírito Santo, que ele prometeu enviar aos seus de junto do Pai (Jo 15,26).”
A “vida eterna”, que é o conhecimento do Pai, é inseparável do dom do Espírito Santo, como uma fonte que brota incessantemente do seio da Trindade.
Orai sem cessar: “Pai, que eles sejam um como nós somos um!” (Jo 17,11)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.