– Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! Sede, Senhor, meu abrigo protetor! (Sl 29,11).
– Nós vos pedimos, Senhor, acompanhai com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que possamos realizar com sinceridade de coração o que corporalmente praticamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
– Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor Deus: 1“Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. 2Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de Deus: 3“Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos?” – É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. 4É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. 5Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor? 6Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? 7Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
– Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
– Tende piedade ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
– Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
– Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
Salve, Cristo Luz da vida, companheiro na partilha.
Salve, Cristo Luz da vida, companheiro na partilha.
– Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus, convosco estarás! (Am 5,14)
Salve, Cristo Luz da vida, companheiro na partilha.
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
Os discípulos de João Batista viviam uma vida ascética, a exemplo de seu Mestre. Já os discípulos de Jesus, ainda que pobres, formavam um bando bastante informal e alegre, sempre disposto a se reunir em torno de uma mesa. O próprio Jesus confessa: “Desejei ansiosamente comer esta ceia convosco!” (Lc 2,15.) Os adversários vão dar-lhe o rótulo de beberrão e comilão (cf. Lc 7,34).
Entre os hebreus, o jejum costumava ser um sinal de luto. Os contemporâneos do Rei Davi estranharam quando ele interrompeu seu jejum logo após a morte do filho que tivera com Betsabé (cf. 2Sm 12,21). Daí a resposta de Jesus quando os discípulos de João vão até ele, perguntando por que seus discípulos não jejuavam: é que o Esposo estava com eles e durante as bodas ninguém faz jejum.
A primeira lição, para nós, é que Jesus Cristo é o Esposo. A Igreja é a noiva, que ele deverá encontrar sem mancha e sem ruga (cf. Ef 5,27). A cena das Bodas de Caná tem sido interpretada pelos Padres da Igreja como uma espécie de antecipação do Banquete do Cordeiro. A fartura de vinho aponta nessa direção.
A segunda lição, menos agradável, é que o Esposo nos pode ser tirado. No caso dos discípulos, isto aconteceu quando Jesus foi crucificado e morto. As lágrimas de Pedro, de Madalena e das santas mulheres compunham o cenário. Mas a mesma experiência foi vivida pelos cristãos sob perseguição nazista ou comunista, na Alemanha ou no Camboja. Era como se lhes tivessem roubado o Esposo.
E nada garante que também nós não passaremos por isso. A crescente invasão do paganismo em todas as esferas da vida social e política, aliada ao desprezo e às agressões cometidas pela mídia capitalista contra as tradições do povo cristão – tudo sugere que os cristãos podem transformar-se em uma minoria indesejável e incômoda para os novos pagãos que se multiplicam.
De fato, nós não precisamos esperar por isso para jejuar. Podemos começar desde já o nosso jejum na intenção daqueles que já são vítimas de perseguição, como os nossos irmãos do sul do Sudão e da nova China, presa preferencial de ativistas muçulmanos e dirigentes comunistas.
Um jejum de alimentos, sim. Mas também um jejum de televisão, de programas mundanos, de lazeres que dissipam a alma. E acima de tudo, um jejum de pecado. Porque de nada adianta para a alma fazer jejum com o corpo e continuar apegada aos mesmos pecados de sempre…
Orai sem cessar: “Aquele que eu amo, não o vistes?” (Ct 3,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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