Quinta-feira – XIV semana comum
(verde– Ofício do dia)
Antífona
– Recebemos, Senhor, vossa misericórdia no meio do vosso templo. Como vosso nome, ó Deus, assim vosso louvor ressoa até os confins da terra; vossa destra está cheia de justiça (Sl 47,10s).
Coleta
– Ó Deus, pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído; dai-nos uma santa alegria, para que, livres da servidão do pecado, cheguemos à felicidade eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: Gn 44,18-21.23-29; 45,1-5
– Leitura do livro do Gênesis: Naqueles dias, 18Judá aproximou-se de José e, cheio de ânimo, disse: “Perdão, meu Senhor, permite a teu servo falar com toda a franqueza, sem que se acenda a tua cólera contra mim. Afinal, tu és como um faraó! 19Foi meu Senhor quem perguntou a seus servos: ‘Ainda tendes pai ou algum outro irmão?’ 20E nós respondemos ao meu senhor: ‘Temos um pai já velho e um menino nascido em sua velhice, cujo irmão morreu; é o único filho de sua mãe que resta, e seu pai o ama com muita ternura’. 21E tu disseste a teus servos: ‘Trazei-o a mim, para que eu possa vê-lo. 23bSe não vier convosco o vosso irmão mais novo, não vereis mais a minha face’. 24Quando, pois, voltamos para junto de teu servo, nosso pai, contamos tudo o que o meu senhor tinha dito. 25Mais tarde disse-nos nosso pai: ‘Voltai e comprai para nós algum trigo’. 26E nós lhe respondemos: ‘Não podemos ir, a não ser que o nosso irmão mais novo vá conosco. De outra maneira, sem ele, não nos podemos apresentar àquele homem’. 27E o teu servo, nosso pai, respondeu: ‘Bem sabeis que minha mulher me deu apenas dois filhos. 28Um deles saiu de casa e eu disse: um animal feroz o devorou! E até agora não apareceu. 29Se me levardes também este, e lhe acontecer alguma desgraça no caminho, fareis descer de desgosto meus cabelos brancos à morada dos mortos’”. 45,1Então José não pôde mais conter-se diante de todos os que o rodeavam e gritou: “Mandai sair toda a gente!” E, assim, não ficou mais ninguém com ele, quando se deu a conhecer aos irmãos. 2José rompeu num choro tão forte, que os egípcios ouviram e toda a casa do Faraó. 3E José disse a seus irmãos: “Eu sou José! Meu pai ainda vive?” Mas os irmãos não podiam responder-lhe nada, pois foram tomados de um enorme terror. 4Ele, porém, cheio de clemência, lhes disse: “Aproximai-vos de mim”. Tendo-se eles aproximado, disse: “Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. 5Entretanto, não vos aflijais, nem vos atormenteis, por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação que Deus me mandou adiante de vós, para o Egito”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 105,16-17.18-19.20-21 (R: 5a)
– Lembrai as maravilhas do Senhor!
R: Lembrai as maravilhas do Senhor!
– Mandou vir, então, a fome sobre a terra e os privou de todo pão que os sustentava; um homem enviara à sua frente, José que foi vendido como escravo.
R: Lembrai as maravilhas do Senhor!
– Apertaram os seus pés entre grilhões e amarraram seu pescoço com correntes, até que se cumprisse o que previra, e a palavra do Senhor lhe deu razão.
R: Lembrai as maravilhas do Senhor!
– Ordenou, então, o rei que o libertassem, o soberano das nações mandou soltá-lo; fez dele o senhor de sua casa, e de todos os seus bens o despenseiro.
R: Lembrai as maravilhas do Senhor!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o Reino de Deus está chegando! (Mc 1,15).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 10,7-15
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7“Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! 9Não leveis nem ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; 10nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. 11Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. 12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz. 14Se alguém não vos receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. 15Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Dai de graça… (Mt 10,7-15)
Os dons de Deus são gratuitos. Não “custam” nada. O livro dos “Atos dos Apóstolos” nos fala de um certo Simão (At 8,18ss), dedicado à magia, que ousou oferecer dinheiro aos apóstolos em troca dos poderes excepcionais que o Espírito Santo neles manifestava. Eis a resposta de Pedro: “Maldito seja o teu dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro!” Igual maldição há de merecer aquele que “usa” o Evangelho e a religião com a intenção de acumular fortuna, explorando impiedosamente a inocência ou a ignorância do povo simples. A exemplo do Mestre, seus autênticos seguidores vivem vida simples e sóbria. Mesmo quando dotados de dons extraordinários (como o dom de curar enfermos do Pe. Emiliano Tardiff), o homem de Deus jamais fará negócio com tais poderes.
Mas há muitos “dons naturais” que nos foram concedidos e que devemos partilhar com nossos irmãos. Conhecimentos, habilidades, pendores artísticos e – por que não? – força muscular, tudo pode ser orientado para o bem de nossos irmãos, para o enriquecimento da comunidade humana.
É conhecido o exemplo de George Washington Carver, filho de escravos nos EUA, que recusou um alto salário no laboratório de Thomas Edison, preferindo exercer seu humilde trabalho de professor em uma escola rural, ensinando as famílias pobres a usar melhor os recursos de suas terras. Músico e pintor de qualidade, Carver morreu pobre e solteiro, pois sabia que seria difícil encontrar uma esposa que adotasse seu estilo de vida tão despojado.
Em um mundo como o nosso, capitalista e contabilizado, onde escasseiam a dedicação e o altruísmo desinteressado, mesmo em atividades como a medicina, o magistério e o sacerdócio, Jesus nos chama a viver para nossos irmãos, multiplicando entre eles o amor que Deus nos dá de graça.
Quando morreu o saudoso Papa João Paulo II, o seu “testamento” revelou ao mundo um notável espírito de pobreza. Alguns anos atrás, Madre Teresa de Calcutá visitara São Paulo, trazendo como bagagem apenas uma muda de roupa e uma pequena bacia, dentro de uma caixa de biscoitos amarrada com um cordão de persiana. O desprendimento e a sobriedade de quem segue a Jesus dão o visível testemunho da profunda liberdade espiritual que o Espírito de Deus pode infundir em nós.
Estamos preocupados em acumular? Ou em partilhar?
Orai sem cessar: “O Senhor é meu pastor. Nada me falta.” (Sl 23,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.