Uma preparação para a última passagem. Se o sacramento da Unção dos Enfermos é concedido a todos os que sofrem de doenças e enfermidades graves, com mais razão ainda cabe aos que estão às portas da morte (“in exitu vitae constituti [Conc. de Trento: DS 1698] ”). Por isso, também foi chamado “sacramentum exeuntium [Ibid.: DS 1694] ”. A Unção dos Enfermos completa nossa conformação com a Morte e Ressurreição de Cristo, como o Batismo começou a fazê-lo. É o termo das sagradas unções que acompanham toda a vida cristã: a do Batismo, que selou em nós a nova vida; a da Confirmação, que nos fortificou para o combate desta vida. Esta derradeira unção fortalece o fim de nossa vida terrestre como que de um sólido baluarte para enfrentar as últimas lutas antes da entrada na casa do Pai [Ibid.: DS 1694] .
Reflexão: "São Tomás de Aquino ensina que a unção dos enfermos é como que uma imediata preparação para a entrada na glória.
Um moribundo, abandonado unicamente às suas forças, estaria tentado ao desespero. Mas, nesse momento supremo, vem Cristo, Ele próprio; vem reconfortar seus fiéis com a onipotência redentora e com a proximidade da Sua presença. Cristo instituiu, para a hora dos últimos combate, um sacramento especial, a fim de concluir em nós a Sua obra de purificação, sustentar os seus até ao fim, arrancá-los à influência invisível do demônio e introduzi-los sem demora na casa do Pai. A Unção é o sacramento da partida. Ali está o sacerdote, em lugar de Cristo, à cabeceira do enfermo para lhe perdoar as faltas e lhe encaminhar a alma para céu.
Se tivermos a grande felicidade de poder receber o sacramento da unção dos enfermos com as disposições requeridas, quando começarmos a correr risco de morte, poderemos ter confiança de entrar na bem-aventurança do céu.
Esperamos que nossos parentes continuem rezando por nós após a nossa morte, pois nunca podemos estar certos da qualidade das nossas disposições, ao receber-mos este sacramento.
Em caso de morte iminente o sacerdote concede ao doente a indulgência plenária, que apaga todas as penas temporais devidas aos pecados.
Assim o doente está preparado para ir ao encontro de Jesus na pátria definitiva, onde 'Deus enxugará toda lagrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luta, nem grito, nem dor.' ( Ap 21,14)". (Cardeal Dom Eugênio Sales).
Amigo ouvinte, aprendamos a morrer cada dia para tudo quanto é expressão do "homem velho", para as obras da carne, para tudo aquilo que em nós é obstáculo ao amor do Pai e a caridade para com os irmãos.
A proximidade da morte não deve gerar medo e aflição, mas confiança e entrega. Sejam quais forem as circunstâncias, o Senhor Jesus, que nos precedeu, conhece a dor dos homens e se compadece de nós.
A morte é uma passagem inevitável, mas é o começo da vida eterna. Com a graça batismal, já iniciamos essa vida divina e com o sacramento da unção, concluímos a preparação.