O único sacerdócio de Cristo (CIC § 1544)

Todas as prefigurações do sacerdócio da antiga aliança encontram seu cumprimento em Cristo Jesus, “único mediador entre Deus e os homens” (l Tm 2,5). Melquisedec, “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14,18), é considerado pela Tradição cristã como uma prefiguração do sacerdócio de Cristo, único “sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec” (Hb 5,10; 6,20), “santo, inocente, imaculado” (Hb 7,16), que “com uma única oferenda levou à perfeição, e para sempre, os que ele santifica” (Hb 10,14), isto é, pelo único sacrifício de sua Cruz.

No Antigo Testamento havia sacerdotes que ofereciam sacrifícios de animais ou frutos, que eram queimados ou consumidos, em sinal de louvor ou para pedir perdão pelos pecados. Esses sacerdotes eram apenas figura do único e verdadeiro Sacerdote que viria séculos mais tarde, o próprio Jesus Cristo.

Só Ele, sendo Deus e sendo homem, podia oferecer ao Pai Eterno um sacrifício eficaz e agradável, que nos libertasse do peso dos nossos pecados e fizesse de nós filhos de Deus. "Está, pois, nítida no Novo Testamento a figura de Jesus Cristo Sacerdote que se oferece ao Pai como vítima ou como hóstia em prol da humanidade." (Escola Mater Ecclesiae, Curso sobre os sacramentos por correspondência, pág. 185, Dom Estévão Bettencourt).

Aqui, o autor da Carta aos Hebreus, aprofunda o paralelismo Melquisedec - Cristo. Ele põe em plena luz os traços de Melquisedec que prefiguram o Messias.

A nota, porém, à qual o autor sagrado mais importância parece atribuir, é o fato de que Melquisedeque na Escritura aparece sem pai, sem mãe, sem genealogia; os seus dias não tem começo e sua vida carece de fim; dir-se-ia que vem da eternidade e volta à eternidade, passando rapidamente sobre a terra. O autor vê neste caráter meteórico do Melquisedeque bíblico um indício de que o sacerdócio no Novo Testamento não está baseado em descendência de estirpe nem deverá ceder a ulteriores disposições de Deus concernentes à nossa santificação. Como Melquisedec, Cristo também não teve ascendência humana sacerdotal nem descendência. Em outros termos: o sacerdócio de Cristo é perfeito, preenchendo plenamente a função de fazer ponte entre Deus e os homens.

A Tradição cristã desde cedo completou estes traços do simbolismo Melquisedeque-Cristo, atribuindo à oferta de pão e vinho realizada por ele no sentido de sacrifício, sacrifício figurativo da Última Ceia de Jesus e, por conseguinte, da S. Eucaristia.

Para refletir:

O amigo ouvinte já percebeu na Oração Eucarística I, após a consagração, como a Igreja menciona Aarão e Melquisedec dizendo: "Recebei, ó Pai, esta oferenda como recebestes a oferta de Abel, o sacrifício de Abraão e os dons de Melsedec.”?

Enquanto Israel teve numerosos Sumos-Sacerdotes, que se sucederam no curso dos séculos da sua história, o Novo Povo de Deus, a Igreja, tem um só sacerdote que é Jesus Cristo, que ressurgiu da morte e está sempre vivo intercedendo por nós ( Hb  7,25). Melquisedec  é figura de Jesus.