“Esta obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal de Sua bem-aventurada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão. Por este mistério, Cristo, 'morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, recuperou nossa vida'. Pois do lado de Cristo adormecido na cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja [SC 5]”. Esta é a razão pela qual, na liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério pascal pelo qual Cristo realizou a obra da nossa salvação.
Para entender o que é a Liturgia, devemos situá-la no contexto da história da salvação.
Esta tem sua origem no plano eterno do Pai: antes da criação do mundo, Deus viu e chamou todos os homens à plenitude da vida mediante seu Filho, num ato de amor totalmente gratuito.
Este “mistério escondido desde os séculos em Deus” (Cl 1,26) foi sendo aos poucos revelado no tempo da Promessa, que é o Antigo Testamento: Deus falou aos Patriarcas e Profetas muitas vezes e de muitos modos (Hb 1,1), anunciando-lhes a definitiva Aliança a ser travada em Cristo.
O tempo da promessa desembocou na plenitude dos tempos (Gl 4,4; Ef 1,10), que é também o tempo de Cristo. “A Palavra se fez carne”, trazendo em si o Evangelho (= a Boa Nova da salvação). Jesus Cristo, oferecendo-se ao Pai como novo Adão, reconciliou os homens com Deus e selou com o seu Sangue a Aliança da criatura com o Criador; chamou assim os homens ao consórcio da vida com o Pai mediante o Filho no Espirito Santo. A salvação outrora anunciada tornou-se salvação efetuada ou realizada.
O tempo de Cristo se prolonga no tempo da Igreja, que é também o de Cristo em seu Corpo Místico. A Igreja nasce do lado de Cristo pendente na cruz, quando a lança o traspassa fazendo jorrar água e sangue; estes dois elementos são a figura dos Sacramentos (dos quais o da água, o Batismo, e o sangue, a Eucaristia, são os principais). São os sacramentos que fazem a Igreja, transmitindo a vida eterna do Pai, que se encarnou na humanidade de Jesus e se estende até nós mediante o Corpo da Igreja, na qual a água do Batismo e o sangue da Eucaristia nos comunicam a vida de Deus.
Conforme esse parágrafo do Catecismo, na Liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério Pascal pelo qual Cristo realizou a obra da nossa salvação. É o mistério central da vida de Cristo, sua Paixão, Morte e Ressurreição para nos salvar. A páscoa dos judeus, onde celebravam a saída gloriosa do Egito, foi apenas uma prefiguração da Páscoa de Cristo; a verdadeira passagem da morte para a vida.
Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança