Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente seu mistério pascal. Durante sua vida terrestre, Jesus anunciava seu Mistério pascal por Seu ensinamento e o antecipava por Seus atos. Quando chegou sua hora [Cf. Jo 13,1; 17,1] , viveu o único evento da história que não passa: Jesus morre, é sepultado, ressuscita dentre os mortos e está sentado à direita do Pai “uma vez por todas” (Rm 6,10; Hb 7,27; 9,12). É um evento real, acontecido em nossa história, mas é único: todos os outros eventos da história acontecem uma vez e depois passam, engolidos pelo passado.
O Mistério pascal de Cristo, ao contrário, não pode ficar somente no passado, já que por sua morte destruiu a morte, e tudo o que Cristo é, fez e sofreu por todos os homens participa da eternidade divina, e por isso abraça todos os tempos e nele se mantém presente. O evento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida.
A liturgia é, então, uma ação sagrada por excelência, que precede qualquer outra forma de oração, porque ela nos coloca em comunhão com o Mistério Pascal de Cristo, que é o Mistério da nossa salvação. A liturgia não é um teatro, onde lembramos a vida de Jesus e os acontecimentos salvíficos como fatos do passado. A liturgia, ao contrário, é o lugar onde, pelo poder do Espírito Santo, somos colocados de forma misteriosa na presença do evento que celebramos.
Quando a Liturgia faz memória desses mistérios, ela os torna presentes, traz para o momento atual esses acontecimentos da salvação e renova a nossa redenção; ainda nos indica o futuro: a construção do Reino de Deus.
A Igreja nos ensina que, maravilhosamente, pela Liturgia, Cristo abraça todos os tempos e neles se mantém presente. Assim, Ele pode tocar, curar, perdoar, exortar e salvar a cada homem em seu próprio tempo e lugar da história.
Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança