Um Lugar Para Cada Coisa

AUTORIA – Pe. Fernando Pascual
TRADUÇÃO LIVRE – Ammá Maria Ângela de Melo Nicolleti, NA
FONTE – www.es.catholic.net


As crenças religiosas dos povos deixam raízes profundas. Passam a ser um dado da própria cultura: a nível pessoal, na forma de pensar dos crentes; a nível social, no grupo religioso; a nível "físico", em templos, estátuas, ritos.

Por desgraça, ocorro que algumas raízes inicialmente boas se unem a outras não tão boas. Por exemplo: quando se mistura, com idéias que levam a depreciar as pessoas que não crêem, ou quando se chega a um culto idolátrico da imagem de um santo, da Virgem ou do mesmo Cristo, ou quando os ritos religiosos são vividos mais como atos externos, quase mágicos, do que como expressão interna das convicções pessoais.

O sincretismo religioso é uma prova clara do interior. Pensemos num povoado que recebeu a religião cristã. Constrói um templo, recebe a catequese, lê a Bíblia, reza, celebra os sacramentos. Passa o tempo e alguém começa a ver uma estátua como se fosse algo mágico. Outros pensam que a Virgem seria mais importante que Jesus. Outros acolhem ritos mágicos e supersticiosos, até chegam a adulterar gravemente a própria fé cristã. Um caso extremo desta deformação se dá na "santeria" cubana, que usa santos e símbolos cristãos de um modo totalmente destorcido.

Outras vezes, a deformação não é tão grave. Por exemplo, quando o povo tem um carinho excessivo para com uma estátua e chega à rebeldia porque os sacerdotes ou os chefes da comunidade acreditam que chegou a hora de mudá-la de lugar.

Algumas vezes, as pessoas têm razões válidas para defender "sua" imagem por motivos históricos ou emocionais, quando vêem nela o reflexo de uma tradição que evoca os pais, os avós, os bisavós... Porém, isso não é motivo para atacar as pessoas ou para criar situações de violência muito longe do autêntico espírito do Evangelho.

O homem é um ser de carne e osso. A religião vivida sadiamente também é plasmada em coisas concretas, físicas, visíveis. Porém, isso não deve levar ao fanatismo: uma imagem de Santa Bárbara não deve ser mais "mimada" e cuidada que uma criança pobre ou um adulto necessitado de comida, respeito e afeto.

No cristianismo, existe um lugar para cada coisa, e, saber distinguir entre o essencial e o acessório, evitará conflitos inúteis e permitirá testemunhar o centro da mensagem evangélica: o AMOR.