QUARTA FEIRA DA VIII SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia da IV semana do Saltério)
Antífona
- O Senhor tornou- se o meu protetor, e me conduziu para um lugar espaçoso; ele me salvou, porque me ama (Sl 17,19s).
Coleta
- Fazei, Senhor, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e vossa Igreja vos possa servir alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1 Leitura: 1 Pedro 1,18-25
- Leitura da primeira carta de são Pedro: Caríssimos, 18sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio de coisas perecíveis, como a prata ou ouro, 19mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito. 20Antes da criação do mundo, ele foi destinado para isso, e neste final dos tempos, ele apareceu, por amor de vós.
21Por ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, e assim, a vossa fé e esperança estão em Deus. 22Pela obediência à verdade, purificastes as vossas almas, para praticar um amor fraterno sem fingimento. Amai-vos, pois, uns aos outros, de coração e com ardor. 23Nascestes de novo, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a palavra de Deus, viva e permanente. 24Com efeito, “toda carne é como erva, e toda a sua glória como a flor da erva; secou-se a erva, cai a sua flor. 25Mas a palavra do Senhor permanece para sempre”. Ora, esta palavra é a que vos foi anunciada no Evangelho.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 147B,12-13.14-15.19-20 (R: 12a)
- Glorifica o Senhor, Jerusalém!
R: Glorifica o Senhor, Jerusalém!
- Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus! Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio abençoou.
R: Glorifica o Senhor, Jerusalém!
- A paz em teus limites garantiu e te dá como alimento a flor do trigo. Ele envia suas ordens para a terra, e a palavra que ele diz corre veloz.
R: Glorifica o Senhor, Jerusalém!
- Anuncia a Jacó sua palavra, seus preceitos suas leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho, a nenhum outro revelou os seus preceitos.
R: Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Veio o Filho do Homem, a fim de servir e dar sua vida em resgate por muitos (Mc 10,45)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 10,32-45
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 32os discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: 33“Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. 34Vão zombar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará”. 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre. queremos que faças por nós o que vamos pedir”. 36Ele perguntou: “Que quereis que eu vos faça?” 37Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!” 38Jesus então lhes disse: ‘Vos não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?” 39Eles responderam: “Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. 40Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”. 41Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João, 42Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. 43Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande seja vosso servo; 44e quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos. 45Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Tinham medo... (Mc 10,32-45)
Pessoalmente, sinto-me consolado ao ler no Evangelho de São Marcos, secretário do Papa Pedro, que os discípulos eram dominados pelo medo ao se aproximarem de Jerusalém, onde, segundo prenunciava o Mestre, a oposição a Jesus chegaria a seu clímax: condenação, tortura e morte!
Afinal de contas, os discípulos haviam convivido com seu Mestre por quase três anos. Presenciaram seus milagres, a tempestade serenada, o leproso purificado, o morto ressuscitado. Depois de toda essa preparação, não era de esperar que estivessem dispostos a tudo?
Ledo engano. Nossa humanidade frágil é a mesma em todo tempo e lugar. Toda vez que o seguimento de Jesus significa para nós algum tipo de risco, voltamos a nos preocupar com a própria segurança. Toda vez que os apupos inesperados substituem os aplausos tão desejados, nós reexaminamos nossa entrega inicial. Sempre que a fé aponta para o martírio, pensamos na possibilidade da apostasia. Somos amassados no mesmo barro que nosso pai Adão...
De fato, os companheiros de Jesus ainda estavam olhando para outra direção. Pensavam no Reino que o Mestre iria estabelecer e, naturalmente, nos ministérios que caberiam a cada um deles. Estavam prontos a sentar-se “à direita e à esquerda” (cf. Mc 10,37), mas nada dispostos a abraçar a cruz...
Só após Pentecostes esses homens simples e um tanto abrutalhados – fiéis fabricados a canivete! – entenderiam a afirmação de que Jesus tinha vindo para servir e dar a sua vida para nossa redenção. Antes de serem inundados pelo Espírito Santo, seus projetos e ideais permaneceriam contagiados por expectativas humanas, sonhos de grandeza, busca de compensações.
No entanto, a História registra a profunda mudança neles operada pelo fogo de Pentecostes: os que eram covardes tornam-se ousados, os preguiçosos atravessam os oceanos, os sonhadores arregaçam as mangas e dão a vida pela Boa Nova. Nenhuma distância impede agora a sua marcha. Nenhuma ameaça amordaça sua boca. Nenhum prêmio material pode afastá-los da coroa eterna. Feras do Coliseu, a espada do carrasco, as cruzes e as minas de metal, nada arrefece o seu amor.
E nós? Já fomos abrasados pelo Espírito de Pentecostes?
Orai sem cessar: “Entramos no fogo e na água, mas nos fizeste sair para um banquete.” (Sl 66,12b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.