Liturgia de 06 de julho de 2024

SABADO – XIII SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – Ofício do dia)

 

Antífona

- Povos todos do universo, batei palmas, gritai a Deus aclamações de alegria. (Sl 46,2)

 

Coleta

- Ó Deus, pela graça da adoção nos tornastes filhos da luz; concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas permanecemos sempre no esplendor da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

1ª Leitura: Am 9,11-15

- Leitura da profecia de Amós: Assim diz o Senhor: 11Naquele dia, reerguerei a tenda de Davi, em ruínas, e consertarei seus estragos, levantando-a dos escombros, e reconstruindo tudo, como nos dias de outrora; 12deste modo possuirão todos o resto de Edom e das outras nações, que são chamadas com o meu nome, diz o Senhor, que tudo isso realiza. 13Eis que dias virão, diz o Senhor, em que se seguirão de perto quem ara e quem ceifa, o que pisa as uvas e o que lança a semente; os montes destilarão vinho e as colinas parecerão liquefazer-se. 14Mudarei a sorte de Israel, meu povo, cativo; eles reconstruirão as cidades devastadas, e as habitarão, plantarão vinhas e tomarão o vinho, cultivarão pomares e comerão seus frutos. 15Eu os plantarei sobre o seu solo e eles nunca mais serão arrancados de sua terra, que eu lhes dei”, diz o Senhor teu Deus.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 85,9.11-12.13-14 (R: 9)

 

- O Senhor anunciará a paz para o seu povo.
R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.


- Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; a paz para o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração.

R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.


- A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.

R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.


- O Senhor nos dará tudo o que é bom, e nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.

R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem 

(Jo 10,27)

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 9,14-17

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão. 16Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

Odres velhos... (Mt 9,14-17)

Este Evangelho nos convida a uma serena meditação acerca dos atuais debates e polarizações que têm como eixo o choque entre novidade e tradição. Há grupos nos dois extremos: por um lado, aqueles que reclamam um retorno radical a velhas formas e fôrmas, como a missa em latim, o hábito clerical e certo rigorismo moral; por outro lado, os adeptos de uma Igreja “democrática”, com ministros eleitos a partir da “base” e maior liberalidade em questões éticas, nem sempre de acordo com a moral do Evangelho de Jesus Cristo.

 

Segundo seu costume de recorrer a realidades do dia a dia da Palestina da época, como a semeadura, a vida pastoril, os hábitos domésticos etc., desta vez o Mestre traz nosso olhar para os odres – aquela espécie de cantil para água e outros líquidos, como o vinho. Ele nos recorda que os odres sofrem a ação do tempo, se ressecam e perdem a sua elasticidade original. Quando novos, resistem à expansão dos gases de um vinho novo; quando velhos, certamente iriam romper-se.

 

Também na vida eclesial existe esta realidade, que afetas pessoas e instituições: ressecamento, petrificação de hábitos, perda de mobilidade, o que oferece evidente dificuldade para a acolhida de eventuais “novidades” do Espírito Santo, a alma da Igreja. Um exemplo pode ser identificado nas Comunidades Novas, um novo Sopro do Espírito, reconhecido pelos últimos Papas, mas nem sempre recebido de boa vontade pelas estruturas paroquiais.

 

Ora, o próprio Evangelho é uma novidade radical em relação à antiga Lei do Povo escolhido. Também as cartas paulinas deixam evidente a necessidade de renovação interior e de constante docilidade às moções do Espírito de Deus. Como observa Hébert Roux, há uma descontinuidade entre a natureza e a graça. A graça não se acomoda à natureza, e pode vir como vinho novo, capitoso, em uma fermentação que ameaça velhas estruturas.

 

Foi assim com os discípulos de João Batista, que estranharam certa “liberalidade’ - e, por que não dizer, um “excesso de alegria” – por parte de Jesus de Nazaré. É assim, entre nós, com os católicos ressentidos com o “aggiornamento” proposto pelo Concílio Vaticano II, ainda que o mesmo Concílio seja sabotado aqui e ali.

 

O Evangelho é absoluta novidade. O Espírito é inovador. A Igreja não pode ser um museu, mas pode parecer mais o recreio de uma creche, onde criancinhas leves e ligeiras, alegres e ruidosas, comemoram com os pulmões cheios de ar o sopro sempre renovado do Consolador.

 

Orai sem cessar: “Eis que faço novas todas as coisas!” (Ap 21,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.