Liturgia de 06 de agosto de 2024

TERÇA FEIRA – TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

(branco, glória, pref. próprio – ofício da festa)

 

Antífona

- Numa nuvem luminosa apareceu Espírito Santo e a voz do Pai se fez ouvir: Este é meu Filho amado, no qual eu coloquei todo o meu amor: escutai-o

(Mt 17,5).

 

Coleta

- Ó Deus, na gloriosa Transfiguração de vosso Filho unigênito, confirmastes os mistérios da fé pelo testemunho de Moisés e Elias, e mostrastes, de modo admirável, a plenitude da nossa adoção de filhos, concedei a nós, vossos servos e servas, que ouvindo a voz do vosso próprio Filho amado, mereçamos ter parte em sua herança. Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

1ª Leitura: Dn 7,9-10.13-14

- Leitura da profecia de Daniel: 9Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos.13Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho do homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença.14Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 97,1-2.5-6.9 (R: 1a9a)

 

- Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.
R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.


- Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na justiça e no direito.

R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.


- As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória.

R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.


- Porque vós sois o altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses.

R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Eis meu Filho muito amado, nele está meu bem-querer, escutai-o, todos vós! (Mt 17,5).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 9,2-10

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si, o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor! 

 

 

Liturgia comentada

Este é meu Filho, o Amado... (Mc 9,2-10)

Percorrendo os evangelhos sinóticos, vemos registradas duas teofanias em que o Filho é identificado diretamente pelo Pai: o episódio do batismo de Jesus (cf. Mc 1,9-11) e, no Evangelho de hoje, a transfiguração no alto da montanha que a tradição identificou como o Monte Tabor.

 

Em ambas as passagens, faz-se ouvir do alto com toda a clareza a voz do Pai: “Este é meu Filho, o Amado”. No texto grego, a expressão “o amado” [ho agapetos] é um aposto de “filho”. Mais que um simples adjetivo, pode ser tomado como um “nome” do Filho: ele é “o amado do Pai”. Isto se confirma na Carta aos Efésios (1,6), quando o apóstolo Paulo escreve que o Pai “nos agraciou em seu Amado” (en toi egapemenoi). Isto é, o Pai nos ama na pessoa de seu Filho, na medida em que nos identificamos com ele, com quem fomos configurados no batismo cristão.

 

Ora, esta “identificação” – objetivo final da vida cristã – ocorre através da Palavra do Filho, daí a exortação da mesma voz do Tabor: “Ouvi-o!” Se o Pai nos fala através de seu Filho amado, e nós acolhemos sua Palavra, então o amor do Pai flui para nós. Se, ao contrário, ficamos surdos à mesma Palavra, interrompemos o canal amoroso que estava à nossa disposição.

 

Na teofania do batismo no Jordão, um cintilante jato de luz é lançado sobre toda a primeira parte do Evangelho de Marcos, culminando com a declaração de Pedro: “Tu és o Messias!” (Mc 8,29) Agora, na teofania do Tabor, a luz divina vem iluminar a segunda parte, marcada pelos anúncios da Paixão e morte de Jesus, preparando terreno para a proclamação do “filho de Deus” feita pelo centurião romano (cf. Mc 15,39) e para a descoberta da ressurreição (cf. Mc 16,1-8).

 

Na 1ª Carta de João, a palavra habitualmente traduzida por “caríssimos”, é o mesmo termo grego [agapetoi] no sentido de “amados”. Isto permite a seguinte leitura: “Amados, agora somos as crianças [tekna / filhos] de Deus”, sugerindo que fomos adotados como filhos em razão do amor derramado sobre nós, pelo Pai, na pessoa de Jesus. Ou seja, nós somos filhos “no Filho”.

 

Graças à Eucaristia, o sacramento do amor, os católicos dispõem de mais um canal de identificação com o Filho, ao serem alimentados pelo Corpo e Sangue de Jesus, em autêntica simbiose concorpórea. Por isso mesmo, a mesa eucarística é aquele ponto de encontro entre o Amado e os amados do Pai, profundamente mergulhados no rio de amor que brota do coração do Pai.

 

Orai sem cessar: “Ouvirei o que diz o Senhor!” (Sl 85,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.