SÁBADO – COMEMORAÇÃO DOS FINADOS
(roxo ou preto, pref. dos mortos - ofício próprio)
Antífona
- Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno e brilhe para eles a vossa luz
(4Esd 2,34).
Coleta
- Ó Deus, glória dos fiéis e vida dos justos, que nos remistes pela morte e ressurreição do vosso Filho, concedei benigno aos nossos irmãos e irmãs defuntos que, tendo acreditado o mistério da nossa ressurreição, mereçam Alcançar as alegrias da bem-aventuraca eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: Jó 19,1.23-27a
- Leitura do livro de Jó: 1Jó tomou a palavra e disse:23”Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição 24com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! 25Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27aEu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 23,1-3.4.5.6 (R: 1)
- O Senhor é o pastor que me conduz não me falta coisa alguma.
R:O Senhor é o pastor que me conduz,não me falta coisa alguma.
- O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
R: O Senhor é o pastor que me conduz não me falta coisa alguma.
- Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha,
R: O Senhor é o pastor que me conduz não me falta coisa alguma.
- E restaura as minhas forças.Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome.
R: O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.
- Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei.Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!
R: O Senhor é o pastor que me conduz não me falta coisa alguma.
- Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo;com óleo vós ungis minha cabeça, e o meu cálice transborda.
R: O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.
- Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida;e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.
R: O Senhor é o pastor que me conduz não me falta coisa alguma.
2ª Leitura: 1Jo 3,14-16
14Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida. E sabeis que nenhuma homicida conserva tem a vida eterna permanecendo nele. 16Nisto sabemos o que é o amor: Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Benditos do Pai, apossai-vos do reino, que foi preparado bem desde o começo! (Mt 25,34)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 19,17-18.25-39
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, disse Jesus às multidões:17Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota). 18Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. 25Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27Depoisdisse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu. [A morte. “Está consumado”] 28Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede”! 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopouma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. 30Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. [O lado aberto] 31Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro.33Chegando a Jesus viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, 34mas um soldado golpeou lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. (35 Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) 36Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E um outro texto da Escritura diz: “Olharão para aquele que traspassaram”. [A sepultura] 38Depois disso, José de Arimatéia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. 39Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
Viram que estava morto... (Jo 19,17-18.25-39)
Este Evangelho – um dos textos opcionais para a celebração de Finados nos coloca diante de um mistério central da doutrina cristã, que a comunidade repete todas as vezes que rezamos o Símbolo de Niceia e Constantinopla: Jesus Cristo morreu verdadeiramente.Passus et sepultus est.
Para acelerar a morte dos supliciados na cruz, os romanos costumam quebrar-lhes as pernas, pois sem esse apoio as vítimas asfixiavam mais rápido. O detalhe registrado pelo evangelista São João – os soldados deixaram de quebrar as pernas do Crucificado, pois já estava morto (v. 33) – não deixa qualquer dúvida a respeito da morte corporal do Filho de Deus, o Verbo encarnado.
Nossa admiração comovida jamais deveria ser trocada pela rotina quando a Liturgia reconduz ao nosso olhar a cena do Calvário: o Filho de Deus morreu por nós! Foi este o grau supremo de seu despojamento, sua “kênosis”, como São Paulo observa na Carta aos Filipenses: “Encontrado em aspecto humano, [Cristo] humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz!” (Fl 2,7b-8)
Crucificado entre dois ladrões, após sofrer extremos castigos corporais, Jesus Cristo experimenta em sua carne o destino provisório de todos os humanos: a morte. E assim se manifesta sem reservas a total solidariedade do Salvador com cada homem e cada mulher. Nada de nossa humanidade – exceto o pecado – esteve ausente da experiência humana do Verbo encarnado.
Para os pagãos, a morte continua sendo um enigma inexplicável, um desfecho inaceitável para a vida humana. O cristão, ao contrário, ao contemplar a morte de Jesus e sua ressurreição ao terceiro dia é capaz de assumir com Cristo a própria morte e, confiante na ressurreição do grande Dia do Senhor, ver na mesma morte a porta que se abre para a vida eterna em Deus.
Por isso mesmo, um dos prefácios opcionais para a liturgia dos fiéis defuntos afirma de modo categórico: “Vita mutatur, non tollitur”. A vida é transformada, não é tirada. Não é uma “perda”, mas uma transformação. Outro dos prefácios professa: “quando a morte nos atinge, vosso amor de Pai nos salva”.
O Rito das Exéquias comenta: “Nos ritos fúnebres, a Igreja celebra com fé o mistério pascal, na certeza de que todos que se tornaram pelo Batismo membros do Cristo crucificado e ressuscitado, através da morte, passam com ele à vida sem fim”.
Como estamos fazendo nossa preparação para a morte? Afinal, geralmente morremos como vivemos...
Orai sem cessar: “Eram as nossas dores que ele levava às costas...” (Is 53,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.