“Em nome de toda a Igreja” não quer dizer que os sacerdotes sejam os delegados da comunidade. A oração e a oferenda da Igreja são inseparáveis da oração e da oferenda de Cristo, sua Cabeça. Trata-se sempre do culto de Cristo na e por sua Igreja. É toda a Igreja, corpo de Cristo, que ora e se oferece, “per ipsum et cum ipso et in ipso” (por Ele, com Ele e nEle), na unidade do Espírito Santo, a Deus Pai. Todo o corpo, “caput et membra” (cabeça e membros), ora e se oferece, e é por isso que aqueles que são especialmente os ministros no corpo são chamados ministros não somente de Cristo, mas também da Igreja. É por representar Cristo que o sacerdócio ministerial pode representar a Igreja.
Tanto na Ceia, como na Cruz, Jesus ofereceu-Se ao Pai Celeste, como vítima expiatória, sozinho. Ele ainda não havia fundado a sua Igreja. Antes, foi precisamente o sacrifício do Calvário, uma vez consumado, que deu origem à Igreja. A Igreja nasceu do lado Sagrado de Jesus morto na Cruz. Só então é que se formou o Corpo Místico de Cristo, a Igreja, realidade sobrenatural e sociedade visível.
Formado seu Corpo Místico, Jesus jamais o abandona. Ele é sempre a Cabeça da Igreja. De maneira que, na Missa, já não é Ele sozinho que se oferece ao Pai Celeste, mas é a Igreja toda, a Cabeça, Jesus Cristo, e o Corpo, a Sagrada Hierarquia e o povo fiel. A Missa é o Sacrifício de Jesus, como Cabeça da Igreja. É assim o sacrifício de toda a Igreja. A Igreja, direta e propriamente, não consagra. São os sacerdotes que imolam, agindo na pessoa de Cristo; mas eles oferecem também, em nome da Igreja. Neles, o Sacrifício da Cabeça e o do Corpo Místico se unem e compenetram. Os fiéis não celebram, mas eles participam a seu modo, unindo seus sentimentos aos do sacerdote que celebra e aos do próprio Jesus Cristo que é imolado.
A sagrada liturgia é, portanto, o culto público que o nosso Redentor rende ao Pai como cabeça da Igreja, e é o culto que a sociedade dos fiéis rende à sua Cabeça, e, por meio dela, ao Eterno Pai. É, em uma palavra, o culto integral do corpo místico de Jesus Cristo, ou seja, da cabeça e de seus membros.
Nosso Senhor oferece-se a Si mesmo e oferece também todo o seu corpo místico. Oferecendo-se ao Pai, o Cristo oferece todos aqueles cuja natureza tomou, que purificou com seu sangue e que incorporou a Si.